tag:blogger.com,1999:blog-360765762024-03-07T19:33:22.151+00:00construpintar02projecto de apresentação comentada de pinturas e fotografias do autor Rocha de SousaRocha de Sousahttp://www.blogger.com/profile/01147371530547244335noreply@blogger.comBlogger370125tag:blogger.com,1999:blog-36076576.post-38023067821738961302018-01-24T16:35:00.002+00:002018-01-24T16:35:44.602+00:00MEMÓRIA DO CINEMA: CENA DE BANDA DESENHADA<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpJgniok9bAeci_kHbcX90mJ46o82ozH-2jSip9uq3J8yhV21xdXkbN5Iz6Si68Xc8wS17P174YLUxBNk8Ocddua47nf0PZYth30rj3Klguaj04ggL32wjoUiZil5nq8UleA/s1600/001.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="883" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhpJgniok9bAeci_kHbcX90mJ46o82ozH-2jSip9uq3J8yhV21xdXkbN5Iz6Si68Xc8wS17P174YLUxBNk8Ocddua47nf0PZYth30rj3Klguaj04ggL32wjoUiZil5nq8UleA/s320/001.JPG" width="176" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>Após muitos anos de trabalho nas artes plásticas, nos estudos publicados em escrita de Revistas como a Colóquio ou o atrevido etc, tenho podido nos últimos anos rever filmes que rodei em pequeno formato, ler textos dedicados a temas pedagógicos e ao belo espaço da literatura, tendo conseguido redescobrir cenas de um desenho anterior aos exemplos da exposição «Convenções do Dizer", entre muitos outros, como este aqui publicado e que apareceu num trabalho jornalístico que tocava a narrativa e evocava a linguagem em desenhos em "quadradinhos" -- a banda desenhada. Embora esta simulação tenha sido publicada como parte de uma banda desenhada, num artigo sobre o cinema e a narrativa em espaços quadrados / rectangulares aqui eu próprio colocava a reflexão sobre a peculiar natureza da banda desenhada em composição algo maneirista do estar de personagens evocativos de conclaves e máfias da América. Desde a minha juventude que lia, ao entrar nas Belas Artes, revistas como "O Mundo de Aventuras" e outras publicações da Agência Portuguesa de Revistas. Visitei o Estúdio do Victor Péon e um dia encontrei essa personagem quase mítica, pouco depois do 25 de Abril, na ESBAL, perto do Conselho Científico daquela Escola Superior, hoje Faculdade da Universidade de Lisboa, ouvindo-o a <i>pedir emprego. </i>Falámos muito . Eu sentia-me constrangido porque sabia que dificilmente havia lugar, no quadro das convenções de contratação, para este homem que afinal poderia perfeitamente reger uma cadeira de Banda Desenhada, ainda que titulada de outra maneira mais actualizada e plural. Encaminhei o caso para os centos de decisão e nunca mais soube de nada. Nesse ano, na casa dos meus pais em Silves, fui a uma velha dispensa da "Casa Revisitada", desfiz montes de jornais antigos, fotografias, velhas coisas de viagens e estadias na praia. Encontrei então as revistas em que o Victor Péon trabalhava, ficando horas a rever tudo, incluindo as novelas do <i>Tomawk Tom, </i>onde aquele desenhador construía as histórias do herói e fazia das posturas dinâmicas do cavalo páginas esplendorosas,</b></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>Não farei aqui nenhum ensaio, incluindo as minhas próprias experiências, em volta delas, ou dos famosos desenhos do Eduardo Teixeira Coelho, Fernando Bento ou Garcês. Só direi que falta entre nós um museu dessa arte fabulosa, há pranchas extraordinários dos nossos <i>narradores gráficos, </i>além de evoluções relativamente a esta arte.</b></span><br />
<span style="font-family: georgia, times new roman, serif;"><b><br /></b></span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b></b></span>
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<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi12ZvlwZ2DRGw7cad_IqIJ2ArsttfvBvJOjct-OgSxBnG5WpZiR51aIjqvIsFTCbCZ41kib7sm57l1dag47M01x2TKGrkHpne9L0l3JRe_YUCM1WEb9Or1PcLqJx-ehi59GA/s1600/003.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1562" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi12ZvlwZ2DRGw7cad_IqIJ2ArsttfvBvJOjct-OgSxBnG5WpZiR51aIjqvIsFTCbCZ41kib7sm57l1dag47M01x2TKGrkHpne9L0l3JRe_YUCM1WEb9Or1PcLqJx-ehi59GA/s320/003.JPG" width="312" /></a></b></span></div>
</div>
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</div>
Rocha de Sousahttp://www.blogger.com/profile/01147371530547244335noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36076576.post-28947215996278110952016-05-03T11:13:00.002+01:002016-05-03T21:28:45.273+01:00 MORREU QUERUBIM LAPA, GRANDE CERAMISTA<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdiiIJdPiCUMlf80KixoyuvrpqFVnjh8SPUpAuj5tkCss7Ty43rdveapE0xPV4d_eOggO5Am-UP51jSqTiO7bDIxFOrzzMSXe_SYQcj7rx7-Kr6t0r2xxC3ejKH5I4-HJM6A/s1600/1047170.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdiiIJdPiCUMlf80KixoyuvrpqFVnjh8SPUpAuj5tkCss7Ty43rdveapE0xPV4d_eOggO5Am-UP51jSqTiO7bDIxFOrzzMSXe_SYQcj7rx7-Kr6t0r2xxC3ejKH5I4-HJM6A/s320/1047170.jpg" width="274" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>Querubim Lapa, grande artista da cerâmica e da pintura, faleceu agora, aos 90 anos, tendo beneficiado de uma vida criativa, esplendorosa nas criações em cerâmica, no exterior e no interior de edifícios públicos ou privados. Nasceu em Portimão, 1925, tendo falecido no dia 2 de Maio de 2016. A sua versatilidade enquanto artista plástico (pintor, desenhador, gravador e ceramista) abriu-lhe diversos espaços no país e no estrangeiro para criações emblemáticas, sobretudo em cerâmica. É curioso o seu percurso de formação, estudos que acabaram mais longe no tempo do que seria de esperar, porque a aprendizagem anterior e o grande êxito profissional o ocuparam profundamente: numa já distante data quando era figura principal, frequentou, com a humildade dos grandes espíritos, a Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, Curso Especial de Escultura (terminando em 1978 o Curso de Pintura).</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>Conhecido, na altura, como importante representante da cerâmica artística portuguesa, Querubim desenvolveu excelentes séries de pintura, em parte expressionistas, em torno de temáticas dos conflitos então em expansão no Médio Oriente. Foram «reportagens» na hora, tempo de Arafat, de atentados, de entrevistas de grupos terroristas: têm, neste tempo igualmente conturbado, um notável efeito histórico e memorialista.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>Nos últimos tempos, Querubim comprara uma casa em Silves, nossa cidade de grande recorte histórico: para ali se dirigia o artista no tempo quente, e nós mesmos ali o encontrámos, sempre votando novas pausas e mais conversas. Acabou ontem, o amigo de sempre, que tive a oportunidade de filmar, através da obra, para a RTP, um interessante documentário que foi apresentado em Itália.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b><br /></b></span></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1xDT8e4ju5gCB7upno-uQS08b2rmP13N7gNA-5OVwBtj2nvQjBfGSgdKZ22-eMMLKqbJFhfiNXB2mah-BN9fGNcUCHtop-bChAO9VQE47BHO97bpLCuUC4ypSI1GvbME-sQ/s1600/images.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1xDT8e4ju5gCB7upno-uQS08b2rmP13N7gNA-5OVwBtj2nvQjBfGSgdKZ22-eMMLKqbJFhfiNXB2mah-BN9fGNcUCHtop-bChAO9VQE47BHO97bpLCuUC4ypSI1GvbME-sQ/s320/images.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>MEXICANA - Praça de Londres, Lisboa</b></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b><br /></b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgimufQlpHdkxrfdLm6CxcPHxkzg3YhjrMMD8Mv4dR2SmkBn8SYP2_Xn0BObvVq7I2rzCk94VLah2rC2lPnPjhfCaicQwEUL8XBZfoW6StsmJOZtGuXWjPgXoTRG9RFHSBwzw/s1600/Querubim_Lapa_Casa_da_Sorte_Lisboa_02378.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgimufQlpHdkxrfdLm6CxcPHxkzg3YhjrMMD8Mv4dR2SmkBn8SYP2_Xn0BObvVq7I2rzCk94VLah2rC2lPnPjhfCaicQwEUL8XBZfoW6StsmJOZtGuXWjPgXoTRG9RFHSBwzw/s320/Querubim_Lapa_Casa_da_Sorte_Lisboa_02378.jpg" width="216" /></a></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"> CASA DA SORTE, Lisboa</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br /></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicHmsySh5l_i79Cq6DQxI1W1jRG91Nw4roMuOkxcBJp2V9QgtsrpQi7EZc1VnOHpZY0TQfyRkdI0KJ3g0ooJesdKEcM3LbmIXEV3Iz2D8PEcTDHegJHpwFe8ACR2ZQuU1MHw/s1600/Querubim_Lapa_Costureiras_1949.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="238" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicHmsySh5l_i79Cq6DQxI1W1jRG91Nw4roMuOkxcBJp2V9QgtsrpQi7EZc1VnOHpZY0TQfyRkdI0KJ3g0ooJesdKEcM3LbmIXEV3Iz2D8PEcTDHegJHpwFe8ACR2ZQuU1MHw/s320/Querubim_Lapa_Costureiras_1949.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b> Pintura AS COSTUREIRAS</b></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b><br /></b></span></div>
Rocha de Sousahttp://www.blogger.com/profile/01147371530547244335noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36076576.post-78031157897406691602016-04-22T13:55:00.001+01:002016-04-22T17:10:21.369+01:00FRAGMENTAÇÃO DO REAL<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPSOfJ83YozAFyRsiiSBxJiEzeeVwE5Eu_qClvphpQvSK-sJWdFJiRkkgrt3h8gO0f64PPt2Jb7hyphenhyphenG-yKX94-BJ3hYBup0KFaHxidL7hjIdjb6I9kmfbCfQUPf5uWsKi67kg/s1600/IMG_9312.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPSOfJ83YozAFyRsiiSBxJiEzeeVwE5Eu_qClvphpQvSK-sJWdFJiRkkgrt3h8gO0f64PPt2Jb7hyphenhyphenG-yKX94-BJ3hYBup0KFaHxidL7hjIdjb6I9kmfbCfQUPf5uWsKi67kg/s320/IMG_9312.JPG" /></a></div>
Rocha de Sousahttp://www.blogger.com/profile/01147371530547244335noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36076576.post-163507993575706822016-03-19T19:09:00.000+00:002016-04-04T20:18:25.923+01:00 PENSANDO OS DESASTRES PRINCIPAIS<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">O mundo que nos cerca cada vez mais, por absurdo que pareça dada a esfericidade do planeta, é feito por si, do nada e do longe, e nele brotou uma gente que se espalhou por toda a parte e vive hoje um estertor tóxico e preso à miséria e à finança.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Neste texto escrevi 10.000 caracteres e o computador, por corte da internet que pago a peso de ouro, desligou (no ar...) e cortou o momento em que dava forma pública e publicada às tais dez mil letrinhas.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Depois da história do Homem e da Arte, do realismo e da "soma das destruições", havia escrito algo sobre estes quadros expostos na galeria São Mamede e que se intitulam, na generalidade, "Desastres Principais". Não sendo um ligamento ao minimalismo e à conceptualidade, este testemunho procura falar da actual condição humana, dos destroços que nos envolvem, dos aterradores sinais dos tempos, sob atmosferas que a Humanidade poluiu e as fendas que mostram corpos chacinados ou lixos incontáveis. Alguns títulos podem abrir espaços de leitura e a reinvenção do medo e da espera. A vida só tem sentido através da morte, mas a morte apaga num décimo de segundo 10.000 anos de risos e palavras, gritos ou ruídos absurdos.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Não é fácil perceber a vida e a sua estranheza singularmente através do olhar. O olho recolhe sensações, conta estímulos, move-se pelas incessantes armadilhas do visível. Partimos aqui do princípio que certas aprendizagens já se ligaram aceitavelmente no espaço relacionado da razão e da consciência. Então os encontros e misturas de sequências diante de nós podem ser atadas a padrões e nomeadas e reconhecidas em mobilidade ou paradas. Com meios tradicionais ou recentes, a nossa gestualidade <i>interior, </i>aliás ajudada pelo imaginário, procura apropriar-se de certas aparências, coisas, <i>paisagens</i>, rostos. Copiar rostos <i>é impossível</i> mas a nossa persistência é enorme. E assim se fez história com desenhos e pinturas através dos tempos. A Civilização cresceu, refiro-me à actual e que se encontra no ponto máximo do excesso, da conflitualidade e do desmoronamento. A percepção já nos avisou dos desastres principais, como aconteceu no fim da segunda guerra mundial e como se vê, entretanto, entre apoplexias do ódio e das degolações.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Nesta exposição não se copia nada: anota-se a morte dos lixos e os montes de destroços ou de restos de uma tecnologia veloz mas desinteressada da alma. Há restos de sentimentos por toda a parte, sinais ou marcas em bocados de membros, ou nada disso e antes certas alucinações que nos acometem depois do medo ou de uma <i>amputação</i>. Isso também se acolhe à beleza e é por isso que os artistas hoje podem misturar noivos antecipadamente mortos e noivas que nunca os viram. Ou cintilações do quotidiano, objectos abstractos de uma ida à praia, picos à superfície dos oceanos anunciando naufrágios, escritas de acaso, perdas sem nome. Em vez dos minimalismos e conceptualidades, esta linguagem retoma a vida entre a morte e os destroços. Entre a espera e os fumos que se concentram para matar todas as espécies de vida, o próprio planeta, deixando que uma pétala de esperança apareça em Andrómeda. Essa sim, é a verdadeira Ressurreição, embora Edmund Cooper a tenha renegado, fechando sempre o círculo da grande viagem sobre si mesmo, perante os mesmos desastres.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiopf60mriEMtOJ1cVnHa-V92r69Ymd-woc_OhpNzhu_JcNvg1lz_EAj3CRMvgMHsvsErgm1ouYkU6Z9I5rbhVZJunKCimZv2DUmMC-zmy9OE5Ou7l8kt_92NRYyMf8iAOHMA/s1600/DSCF1186.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="318" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiopf60mriEMtOJ1cVnHa-V92r69Ymd-woc_OhpNzhu_JcNvg1lz_EAj3CRMvgMHsvsErgm1ouYkU6Z9I5rbhVZJunKCimZv2DUmMC-zmy9OE5Ou7l8kt_92NRYyMf8iAOHMA/s320/DSCF1186.JPG" width="320" /></a></div>
<br />
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<b>DESASTRES PRINCIPAIS OU RESTOS DE PALAVRAS</b><br />
<b><br /></b>
<b><br /></b>
<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivL1urtHBROtbBcTby4Dra4p-psI6fN-dlZVbFdUgIg-_W4C1i3eFK8lmxylohx8NCk6YSp7awS9ipoJkAq8On_TXbYA-Jte27b1IzjQMDOYe9KKVSDtwn6RwTZoOmKSktDg/s1600/DSCF1707.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="312" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivL1urtHBROtbBcTby4Dra4p-psI6fN-dlZVbFdUgIg-_W4C1i3eFK8lmxylohx8NCk6YSp7awS9ipoJkAq8On_TXbYA-Jte27b1IzjQMDOYe9KKVSDtwn6RwTZoOmKSktDg/s320/DSCF1707.JPG" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b>A MORTE DO NOIVO E O PROTOPLASMA DA NOIVA</b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b><br /></b></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlKgtMrIZ44NFoWLOu_bZec7sLHuAgHAKRK48Kd95fcMIxYVFFUf8FVAd_d5qOXwfTsbBr7SEctDDnJpNGHHrB_FVwpZyCAUduBdsHy-rCWlt6Ibz5SSZ3_FACDUSxYLXVCg/s1600/DSCF1709+%25285%2529.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="317" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlKgtMrIZ44NFoWLOu_bZec7sLHuAgHAKRK48Kd95fcMIxYVFFUf8FVAd_d5qOXwfTsbBr7SEctDDnJpNGHHrB_FVwpZyCAUduBdsHy-rCWlt6Ibz5SSZ3_FACDUSxYLXVCg/s320/DSCF1709+%25285%2529.JPG" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b> MUTILAÇÕES CIVILIZACIONAIS</b></div>
<b><br /></b>Rocha de Sousahttp://www.blogger.com/profile/01147371530547244335noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36076576.post-34933346626354536192015-09-21T16:44:00.000+01:002015-09-22T12:26:43.601+01:00 EDITOR EM EXTINÇÃO, LETRA, PAPEL & ETC | HOJE, 21 DE SETEMBRO, TOMO CONHECIMENTO DA SUA MORTE<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhS8odNx8d4_T05l8qzd14gwpnzUHKPH3dAk5FU2_D8FRLWDtmThb8i4ux_grki7VWV1kuAICEsvgy1xC9ti5A5CuMuZnVFhpZ4e5-TE0HfcKb88tQDd5-Q0Ca7UvEk0MGr9vNS/s1600/IMG_4122.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhS8odNx8d4_T05l8qzd14gwpnzUHKPH3dAk5FU2_D8FRLWDtmThb8i4ux_grki7VWV1kuAICEsvgy1xC9ti5A5CuMuZnVFhpZ4e5-TE0HfcKb88tQDd5-Q0Ca7UvEk0MGr9vNS/s320/IMG_4122.JPG" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<b>VITOR SILVA TAVARES | <span style="color: red;">VER NO FIM</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><br /></b></span>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>Encontrei este homem, então director editorial da Ulisseia, no Café Monte Carlo. Eu tinha chegado recentemente de Angola e trazia um recado para ele, um livro também, enviados pelo desaparecido Aníbal Fernandes, angolano de gema, filho de Sá da Bandeira. Havia uma «senha» para este encontro, porque eu não conhecia, na altura, o homem da Ulisseia: ele tinha certo livro sobre a mesa e eu transportava na mão outro livro do mesmo autor. Abraçámo-nos e rimos. </b></span><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>O gajo era porreiro, embora tocado por uma subtil e sorridente teimosia. Estivera em Benguela, fora director do jornal O INTRANSIGENTE. Sabia de Cinema e de Literatura, era formado nas cadeiras da Brasileira e senhor mais ou menos <i>lasso</i>, como diria Camus, dos bairros como a Mouraria, onde creio que nascera, entre as preciosidades que começavam a desaparecer ao ritmo dos anos 60, com emigração, comunistas clandestinos, gente fina da esquerda <i>inteligente, </i>populares do Bairro Alto e da Lisboa<i> underground</i>, bem à moda do que Paris ainda debitava, e os Almadas, os modernistas, os surrealistas, os primeiros retornados da arte abstracta, "Obra Aberta", o novo cinema, Godard, Truffaut, Resnais, além dos da América, Kazan, Lumet, entre grandes ícones, Brando, James Dean. Mas isto era para gente comum. O editor da revista <span style="background-color: black;">"&etc"</span>, com formação em notário e tudo, grafitava escritas novas, gente que se esgueirava por fora do institucional. O França não cabia ali, mas era respeitado, andara com os ventos do surrealismo e as <i>gares </i>do Almada, fizera a Sorbonn</b></span><b style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">e, em Paris, tinha um hí</b><b style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">fen no nome, ainda é vivo quando escrevo.</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>Aquele homem ali em cima chama-se Vitor Silva Tavares e sempre trabalhou de <i>esguelha</i>, no modo mais raro, do lado dos <i>malditos, </i>encolhido na sua cave e conhecedor da malta do cinema novo português, dos "Pachecos", "Comunidade" sempre citada como o monumento da nossa Literatura <i>ao contrário, </i>nada de neo-realismo, nem de visionários premiáveis, as "Lídias", as "fofas", as ouvidoras da prática nocturna, <i>avatar</i>, o Vitor cinéfilo, falando lasso, quem dera o Truffaut o ouvisse. Estava-se quase no 25 de Abril, a cave do "&etc" enchia-se de jovens génios a <i>zunir escada acima, escada abaixo</i>. O nosso amigo, que <i>ressuscitou</i> tipografias do início do século XX, vivia a promoção de um futuro indefinido, sob as imagens tutelares de Marx e Lenine, os equívocos da direita ocidental e da esquerda totalitária, sendo a cultura maior nas esquinas das <i>luzes. </i>Mas a empresa <i>Engrenagem &amp; etc</i> nunca reunira uma assembleia geral, na melhor das democracias. Vendi a minha quota por 1 escudo, sem papel nem nada, e disse ao Vitor que um dia trabalharia para a renovação de tal dinheiro, o mundo não ia acabar <i>só moderno</i>, como dissera Gillo Dorfles: ponto final situado na arte abstracta. Burgueses é que não, mas todos, estudantes de algibeiras leves, não fazíamos outra coisa do que ler Existencialistas e <i>fazer os trabalhos de casa</i>, burgueses afinal de uma pobre classe média com pais longe, em casas velhas, provincianos da orla do comércio e do comércio da cortiça em vias de exportação na condição de prancha, matando assim, para travar os comunistas e outros, a grande indústria transformadora desse material verdadeiramente singular, a pele do sobreiro. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>Agora estou velho e raramente vejo o Vitor Silva Tavares, o homem que me encomendou os meus primeiros trabalhos nas artes gráficas, para a Ulisseia. O Público publicou hoje aspectos da vida desse esperto editor: gostei de ler, gostei de o ver posar, já o ouvira <i>botando falas</i> memorialistas na televisão, a propósito do Luís Pacheco, eterno e bem resistente escritor de pequena obra, apesar de coroada pelos velhos amigos das vielas e dos Cafés, «Comunidade» em papel manteiga e livrinho, Contraponto (a exemplarmente austera editora), «A Libertina passeia por Braga», ou quase, um soldado de mão nas virilhas, maldita condição humana. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>Aqui está, Vitor, nunca condecorado, nem sequer a reconhecer-se editor, o homem de uma certa cultura, dos bairros populares, resistente à emigração e às licenciaturas. É bom haver casos destes entre nós, feitos de uma exemplar capacidade do contraditório, sabendo os nomes, os filmes, os novos poetas, inventores do "português suave", vinho tinto verdadeiro, sardinhas, os gajos da memória fundamental, lusitana sem nacionalismo, as margens do Tejo, a luz fria da noite no quente da tertúlia que <i>baralhava as cartas da política caseira</i>, Salazar e a <i>cadeira preguiçosa</i>, lá no forte solitário, em pedra, as tropas indo e vindo para nada.</b></span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>Pois agora, meus amigos, o Vitor escreveu. Escondido, com coisas soltas, dizia que isso não contava, era preciso refazer as coisas. Toma. Sai um livro de poesia, acho que caído aos pedaços para uma caixinha que alguém guardava, e as palavras viveram. Ricardo Álvaro, poeta, andou de volta e pediu um poema ao homem da Engrenagem. «Sei lá», disse ele. «Estão por aí. Púsias em qualquer buraco. Púsias, aí está, e todo o envolvimento de quem não quer saber o que os jornais tratam de gerar, incluindo a Cruz de Santiago. Porta fora da aula da poesia, é o que é.» Esta é a história de um livro de poesia que é um sobressalto em algum ramerrame da paisagem editorial portuguesa e do editor que o escreveu. Vitor Silva Tavares. É também a história de quem não queria falar do seu livro. Não por isto, nem por aquilo, mas porque não. O editor não queria despir a pele. Não teve de o fazer.</b></span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>Há uma certa verdade em tudo isto que reinventa as sombrias vidas dos talentos em perda e das indústrias pusilâmines da chamada cultura de ponta. Sem ponta, afinal. A fingir de rica e de luminosa. Vão ver: <i>Púsias ali.</i></b></span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><i><br /></i></b></span>
<span style="color: #d9d2e9;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><i>Morreu de facto, enfim, esse grande amigo. Como lhe prestara esta sentida homenagem </i></b></span><b style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><i>decidi não escrever outra legenda (agora a confirmar a extinção). Foi notíciada a morte de Vitor Silva Tavares, o criador de &amp;etc, entre outras coisas. Só sei também, como alguém escreveu entretanto, que ninguém voltará a fazer livros como Vitor Silva Tavares os fazia. E sei também que já não vou ter oportunidade de ler o seu único livro, Púsias.</i></b></span><br />
<b style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><i><span style="color: #d9d2e9;"><br /></span></i></b>
<span style="color: #d9d2e9; font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><i>Rocha de Sousa</i></span></div>
Rocha de Sousahttp://www.blogger.com/profile/01147371530547244335noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-36076576.post-20882987717052707412015-09-20T14:51:00.002+01:002015-09-22T08:28:38.958+01:00O HOMEM FAZ DA CULTURA O SEU RETRATO E PERDE-SE DE TUDO EM POUCOS MILÉNIOS<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4XABx2eXr5XifUrb-EZGktiODgJlPsKWtKVp9B8SJvtard2fMPxAkN0gq2LHbcJlVCgj2YkUL75l97PUTaTETslDMALnE68CwEhpsl6cNTDzvYJ8m7ETLoYTeE3Cz5fip3A/s1600/964+%25281%2529.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4XABx2eXr5XifUrb-EZGktiODgJlPsKWtKVp9B8SJvtard2fMPxAkN0gq2LHbcJlVCgj2YkUL75l97PUTaTETslDMALnE68CwEhpsl6cNTDzvYJ8m7ETLoYTeE3Cz5fip3A/s320/964+%25281%2529.JPG" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjp-51YHsJOO5PRqOr_QWGSjrG-QSKj_n6FfQkOJ3bDFfx-WbgLV92pyxXYHpghoK2w2BW5YfNpiviKMj43YOATGgmwBHFGqnG3yu5Z8lQt74ZVOTftf9asYODKRMgKmu1jdg/s1600/016.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="137" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjp-51YHsJOO5PRqOr_QWGSjrG-QSKj_n6FfQkOJ3bDFfx-WbgLV92pyxXYHpghoK2w2BW5YfNpiviKMj43YOATGgmwBHFGqnG3yu5Z8lQt74ZVOTftf9asYODKRMgKmu1jdg/s320/016.JPG" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4p88YpSraQih4mnKrceXCUT2cFq9xOJ94ij_pbZFenPvM-2hNVe42iHG6nFFWVxREXHwmuLyxP-Lg8GxVMmbtfwuq8ObqUvxlZz8NkBpCGi7LIVKPHbP7R-0g6zn44y4A4w/s1600/IMG_4314.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4p88YpSraQih4mnKrceXCUT2cFq9xOJ94ij_pbZFenPvM-2hNVe42iHG6nFFWVxREXHwmuLyxP-Lg8GxVMmbtfwuq8ObqUvxlZz8NkBpCGi7LIVKPHbP7R-0g6zn44y4A4w/s320/IMG_4314.JPG" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpW1cT9ktj9meslcQKUyYupTl5BpYbhcEmRjZ346lqBfz1OmPAVGt9Kur8aoHrb0AhYfUhlQzM_6hq6u4-9gT2lxHWqaZ7KrGW93yXTsb4JF8AjnpIbmiECxJ-Ej4mqutrLg/s1600/564.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="211" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpW1cT9ktj9meslcQKUyYupTl5BpYbhcEmRjZ346lqBfz1OmPAVGt9Kur8aoHrb0AhYfUhlQzM_6hq6u4-9gT2lxHWqaZ7KrGW93yXTsb4JF8AjnpIbmiECxJ-Ej4mqutrLg/s320/564.JPG" width="320" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>Foram muitas as formas que o Homem tomou, a par de outros animais, até alcançar as configurações de várias raças. Na marcha da humanidade, esse ponto de chegada cobria partes significativas da geografia do mundo em grandes continentes. Os povos seguiam longos trajectos na busca da vida e dos modos de progredir dia-a-dia, faziam-se em persistente nomadização, pausas ponderadas, ritualizadas, com manejo de certas escolhas na manutenção dos meios de conservação dos atavios e das peças da comida arrancada à Natureza.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>Milhares e milhares de séculos mais tarde, a evolução da espécie ganhava núcleos bem caracterizados como grandes grupos a cuidar de mais tarefas, comunitariamente, numa fase sedentária, inovadora, capaz de produzir lugares de trabalho ou de raiz urbana. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>Mas a grandeza e as manifestações incompreensíveis que alcançavam o espaço em volta começaram a assombrar os humanos, tendo eles de misturar esse medo com o trabalho de sobrevivência sempre presente, por vezes em revelação de urgência. Os ventos, as tempestades, as catástrofes devastadoras, tudo isso obrigava a fugas para as montanhas, havendo que refazer nas encostas e nos vales outras culturas de bens, os primeiros esboços de lugares urbanos. </b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>Outros povos encontravam esta azáfama, imitavam-na, tentando apropriar-se das ideias e mesmo dos materiais trabalhados. Das escaramuças assim acendidas se passava a brutais confrontos de <i>povos nação, </i>fios de luta e conquista, maus sonhos que afligiam as populações, forças guerreiras cada vez mais dominadas pelo fabrico de armas, em pedra primeiro, em metais depois, pelos milénios fora, sempre até aos mais sofisticados meios e combate, em terra e no ar ou no mar, de mistura com a concorrência entre exércitos, na conquista e saque de muitos bens, pessoas e ricos ornatos, consoante a era desse crescimento feito de misérias e riquezas, de compromissos e acusações religiosas.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>Assim se fizeram e desfizeram civilizações. A cultura dava-lhes um rosto e uma densidade de espiritualidade e sabedoria. Artes e Ciências. Liturgias e deuses anelados no tempo, todos parecidos em duas ou três salvações eternas, entre preceitos dogmáticos.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>Em cima, ao alto, um nicho sem nome, aconchega figuras brancas, angelicais, eventual símbolo das religiões mais mansas -- e daí olham um horizonte indeterminado de despojos, destroços, corpos exangues, ferros, restos de máquinas que foram explodindo ao longo do tempo e dos conflitos e talvez da derradeira guerra global, templos e cidades perdidos em ruínas e depois perdidas as próprias ruínas pelo ódio à sua memória. Um corpo grita em silêncio. Um corpo jaz num resto cúbico, fino dourado coberto pela luz solar enviesada. E aquele homem de há meses, dois ou três anos apenas, simétrico na dor, os meninos mortos e apresentados em ângulo, bandeja de braços sofrendo o sentido daquele número que a pele da vítima ostenta.</b></span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><br /></b></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnLU1jC0DL-bElNsy9_abpZKok0X79nZub1b_L6pH46Yi6Mga5XHZN8krAQsrqBBOpFsFFZe8sQe8B758MJUmWhJNvD5RLFCWGH1Uffk6Col3Tak_KCK74ITbBtCdZj9pFVw/s1600/sem+nome.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnLU1jC0DL-bElNsy9_abpZKok0X79nZub1b_L6pH46Yi6Mga5XHZN8krAQsrqBBOpFsFFZe8sQe8B758MJUmWhJNvD5RLFCWGH1Uffk6Col3Tak_KCK74ITbBtCdZj9pFVw/s1600/sem+nome.png" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-weight: bold; text-align: center;">
<b style="text-align: justify;"></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-weight: bold; text-align: center;">
<br /></div>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfdJJLCfYoFSRvU-pu7ttqYGib6LbSSOr1idGpuFsYjs3c6wdeyOj6ydIc41KTfh6ndf4PRS4EEPzJl-dxwtSh6gVV1NnnbXdKAAybPUSLnKoWo0RniS02f4CZ0MsCT-6cuA/s1600/th+%25281%2529.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="177" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfdJJLCfYoFSRvU-pu7ttqYGib6LbSSOr1idGpuFsYjs3c6wdeyOj6ydIc41KTfh6ndf4PRS4EEPzJl-dxwtSh6gVV1NnnbXdKAAybPUSLnKoWo0RniS02f4CZ0MsCT-6cuA/s320/th+%25281%2529.jpg" width="320" /></a><br />
<div class="separator" style="clear: both; font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-weight: bold; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-weight: bold; text-align: justify;">
O mundo construído foi produtor de saber e de cultura, dados nos quais a civilização não terá nome -- e, verdadeiramente, perderá a própria existência. Perder a civilização e as suas culturas para destruir os seus próprio restos, entre mortes, águas nocturnas, e assim pedindo aos outros, as mãos estendidas, novas terras, novos deuses, tudo ao vento de nada, a mente opaca, a memória vazia, isso confere à humanidade um rápido estado de extinção.</div>
<div class="separator" style="clear: both; font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-weight: bold; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-weight: bold; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwnyFFm892KsU1GVMmcoLZN9ekoGcHElbL8eZJTNDUdFNavmHdfgz14Hkpt2yRqge1m-a4OTBhwsVj8wNRdyk-pXlTD3pwOTWfcu4-txCrl_NqgVFcgPtS2ljtLLVmSaKcWg/s1600/is.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="191" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwnyFFm892KsU1GVMmcoLZN9ekoGcHElbL8eZJTNDUdFNavmHdfgz14Hkpt2yRqge1m-a4OTBhwsVj8wNRdyk-pXlTD3pwOTWfcu4-txCrl_NqgVFcgPtS2ljtLLVmSaKcWg/s320/is.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-weight: bold; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="color: red; font-family: Courier New, Courier, monospace;"><b>os refugiados na actualidade, tentando salvar-se</b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="color: red; font-family: Courier New, Courier, monospace;"><b>da guerra na Síria e do horror espalhado pelo Estado Islâmico</b></span></div>
</div>
Rocha de Sousahttp://www.blogger.com/profile/01147371530547244335noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36076576.post-55430332077554688972015-08-24T11:04:00.003+01:002015-08-24T11:25:14.116+01:00FALECEU O PINTOR JUSTINO ALVES - AUSTERO E SÓLIDO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNWeOTH-vCPXDS81pK8sO2-aE6ji7y2CxDHoYpPiIc6Ia7bLPAIU3YrMZdBGDmubwoHjg4rMcj6q7J4x5KaSlVWK7PQQ-SL4b1zXeD49l70TZeFC9doUZEhXI6cEaPOLVMRQ/s1600/52%255B1%255D.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNWeOTH-vCPXDS81pK8sO2-aE6ji7y2CxDHoYpPiIc6Ia7bLPAIU3YrMZdBGDmubwoHjg4rMcj6q7J4x5KaSlVWK7PQQ-SL4b1zXeD49l70TZeFC9doUZEhXI6cEaPOLVMRQ/s320/52%255B1%255D.jpg" width="212" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<b>Justino Alves</b></div>
<div style="text-align: center;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Morreu o pintor Justino Alves, membro "honoris Causa" da Academia Europeia de Belas Artes. Faleceu aos 74 anos. Este sóbrio pintor, com obra pública e privada, representado em muitas galerias colecções públicas e entre colegas, museus nacionais e estrangeiros, manteve-se sempre fiel a um tipo de construção abstracta, geométrica, por vezes evocativa da Natureza e do seu mundo vegetal. Ora entre a textura em formas blocadas, ora traçando lisas superfícies de lisas plantas encantatórias, Justino não se entregava à especulação sobre o mundo imaginário, o sonho, as dimensões oníricas. Contudo, a sua pintura primava por uma ordem legível ou intuída em oferta ao contemplador.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhajA8iWhZ9Gtb1w8FKtWL5-mt5THWdWjYNfT-pj9162iTX-ESkBKz2lkRbb7-cISHTmZQ2CMX25K1IQ4POA4n8iVpgQPAnxVfUGEgg-oI_aIMVIYLGliNlqDd932jHxKmLVg/s1600/ng4570149.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhajA8iWhZ9Gtb1w8FKtWL5-mt5THWdWjYNfT-pj9162iTX-ESkBKz2lkRbb7-cISHTmZQ2CMX25K1IQ4POA4n8iVpgQPAnxVfUGEgg-oI_aIMVIYLGliNlqDd932jHxKmLVg/s1600/ng4570149.jpg" /></a></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Com gente, plantas, espaço, relação trenária cromática, Justino viveu a arte sobretudo nesta medida. Morre agora, como que descansado de uma obra de hoje, sintética equilibrada.</span></div>
</div>
Rocha de Sousahttp://www.blogger.com/profile/01147371530547244335noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36076576.post-64521694383533247972015-08-05T15:56:00.001+01:002015-08-05T21:44:46.063+01:00MORREU ANA HATHERLY, POETISA QUE DESENHAVA PELA PALAVRA<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGoKAQQc46qnQ4ndbqC9BglTpjC6wTbMl0tJ4OwGHqkke6PMvtF4Pc_fdTa6eFN20y4U17CK9sZIk1_O_sa7JiwhZCMUBaFH1LzQRnRsyy41ifGpKCj_5pE9ejGHh1_G3Mzw/s1600/ana-hatherly_770x433_acf_cropped.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="222" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGoKAQQc46qnQ4ndbqC9BglTpjC6wTbMl0tJ4OwGHqkke6PMvtF4Pc_fdTa6eFN20y4U17CK9sZIk1_O_sa7JiwhZCMUBaFH1LzQRnRsyy41ifGpKCj_5pE9ejGHh1_G3Mzw/s400/ana-hatherly_770x433_acf_cropped.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b>ANA HATHERLY</b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b><br /></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>Sempre gostei da experiência poética, científica e vivencial, de Ana Hatherly. Não vou fazer a sua história e antecipar tanta saudade. Conversávamos muitas vezes, entre encontros de acaso no bairro onde habitávamos, Campo de Ourique. Ela oferecia-me os seus últimos livros. E, não há muito tempo, eu próprio fazia o mesmo, com obras minhas. Foi uma das poucas pessoas que me leu com surpresa e respeito. Era tentadora a experiência visual da sua poesia concreta, o modo de juntar o visível com a escrita, coisificação inusitada.</b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>Mas, já lá vão muitos anos, Ana fez na galeria Quadrum uma <i>performance </i>que nada ficou a dever à da Gina Pane. Com os cabelos soltos e um traje colado ao corpo, Ana Hatherly enfrentou doze grandes painéis, erguidos em papel de cenário, começando gestualmente a rasgar as superfícies, entre ritmos apaixonados, lentos e de revolta, talvez na marcha de uma vida vencendo as barreiras ou abrindo a visão em profundidade. No outro dia, olhando os rasgões do túnel assim aberto, apetecia atravessar esse espaço, como ela fizera, entre as <i>paredes desvendadas, </i>reiterando a impressão de tudo, no maior dos silêncios, ou abrindo o imaginário aos símbolos e mitos da vida, pelo sulco dos <i>"desastres principais",</i></b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><i><br /></i></b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><i><br /></i></b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 13pt;"><b style="background-color: black;">guerrilha entre parênteses</b></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
</div>
<div style="font-family: Georgia, serif; font-size: 13pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 13pt;"><b>ergue-se da constante chacina</b></span></div>
<div style="font-family: Georgia, serif; font-size: 13pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 13pt;"><b>procurando outra coisa</b></span></div>
<div style="font-family: Georgia, serif; font-size: 13pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 13pt;"><b>outra causa</b></span></div>
<div style="font-family: Georgia, serif; font-size: 13pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 13pt;"><b>o outro lado do ver.</b></span></div>
<span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 13pt;"><o:p></o:p></span></span><br />
<div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: center;">
<b style="background-color: black;"><em><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 13pt;">Ana
Hatherly, O Pavão Negro (2003)</span></em><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 13pt;"><o:p></o:p></span></b></div>
<div style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 20.4pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 13pt;"><b style="background-color: black;">“Eros frenético” (1968),
“Anagramas” (1969), </b><span style="background-color: white; color: #1a1a1a;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
Rocha de Sousahttp://www.blogger.com/profile/01147371530547244335noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36076576.post-91606931302801909752015-07-06T14:37:00.000+01:002017-07-07T09:40:35.502+01:00VIAGEM ENTRE A SOMBRA E A LUZ<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGQqd2SNnyhyphenhyphenet04KG5e8zIfUE_HuCpljNd2mAVrvgWjEBC81jYuVx8lGskwo9MJmOmxOnCBrm9GqApIKqTC8Bn9Y6mgQVhc21yPgivVP-Fk3YYqpwFS8S0Zl_Tqw6k-pVCA/s1600/IMG_4324.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="236" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGQqd2SNnyhyphenhyphenet04KG5e8zIfUE_HuCpljNd2mAVrvgWjEBC81jYuVx8lGskwo9MJmOmxOnCBrm9GqApIKqTC8Bn9Y6mgQVhc21yPgivVP-Fk3YYqpwFS8S0Zl_Tqw6k-pVCA/s320/IMG_4324.JPG" width="320" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>Vivemos uma hora difícil, de miseráveis conflitos e recessão cultural, em praticamente todos os domínios da civilização planetária, talvez da globalização </b></span><b style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">amalgamante dos nódulos que sinalizam o pensamento e a memória. E assim, dia a dia, dentro de espaços cada vez mais fechados na densidade urbana, habituamo-nos a cerrar os cortinados, mesmo os mais leves, para nos defendermos do 14º andar do prédio vizinho, frontal, obstrutor do espaço da nossa janela. O que nos acontece de opressão, neste caso, acontece a milhões e milhões de pessoas por todo mundo. Os meninos defendem-se a brincar com os seus aparelhos eletrónicos, visitando por vezes o mundo inteiro, com as suas guerras e naufrágios sem conta, ou jogando partidas encantatórias de futebol ou de lutas jurássicas. Quando viajam dedilham os ecrãs, enfiando os olhos na passagem de luxos asiáticos ou meninas opulentas, em bikini. Ler é cada vez mais difícil, apesar das escritas se banalizarem por convocação de </b><b style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">bonecos disparatados. </b><br />
<b style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">A miséria é mais difícil de explicar, decorre abaixo da própria rua, ou atrás dela, ou escondida nos vãos entre os contentores do lixo e as altas paredes das torres a que chamam arranha-céus.</b><br />
<b style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br /></b>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvSrx4MbgOb2LGyYIh3LQgnMeWyHW3eyKiSIL5B0gWCN7GW7KBQNZnhvIbgw-wYfgx3lsjrzzD85R9DgzRG6nGlJNXoecneOStdTsNlSkSBvCKqM7jz56kqP3QxhIZPYHJrA/s1600/IMG_4316.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvSrx4MbgOb2LGyYIh3LQgnMeWyHW3eyKiSIL5B0gWCN7GW7KBQNZnhvIbgw-wYfgx3lsjrzzD85R9DgzRG6nGlJNXoecneOStdTsNlSkSBvCKqM7jz56kqP3QxhIZPYHJrA/s320/IMG_4316.JPG" width="320" /></a></div>
<b style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br /></b>
<b style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Dantes, quando os pintores procuravam representar aparências da realidade, os efeitos de relação entre a luz e a sombra podiam lograr instantes ilusonistas </b><b style="font-family: georgia, "times new roman", serif;">como o desta singela fotografia. As fases da </b><i style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-weight: bold;">paralisação </i><b style="font-family: georgia, "times new roman", serif;">do visível, passavam intensamente, sobretudo na Renascença, por fabulosas </b><i style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-weight: bold;">imitações </i><b style="font-family: georgia, "times new roman", serif;">da prática perceptiva, embora cada autor se aproximasse cada vez mais de um certo modo de formar, de um estilo, de processos, temas e assuntos desde logo assinados através das características da expressividade </b><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>— </b></span><b style="font-family: georgia, "times new roman", serif;">um quadro de Leonardo seria sempre identificável pelo seu modo de ser e de aparecer e nunca pelo tema trabalhado. Há muitas pinturas representando a Última Ceia de Cristo (imagem mitológica que se enquadra na vida daquela figura messiânica); há de facto muitas peças dessas, de autores diversos, acabando por se tornarem do mesmo modo reconhecíveis. Outros. Alinhando pelo mito e pelas muitas fábulas concertadamente enquadradas, diferentes entre si, semelhantes entre si.</b><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b><br /></b></span><b style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"></b>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizSgIukD8iL7spUntDwcqRV7sEICVtMbHoLT9p7e_7CI-DOyXQ28Jlq0Y8P1UCz1nf_FyXTs1C6cbUZ3nRQ2UQRkq4bdWqsYdhAOw80BhFuysaMbustuDCuBMHC3-COHfPGQ/s1600/IMG_4314.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizSgIukD8iL7spUntDwcqRV7sEICVtMbHoLT9p7e_7CI-DOyXQ28Jlq0Y8P1UCz1nf_FyXTs1C6cbUZ3nRQ2UQRkq4bdWqsYdhAOw80BhFuysaMbustuDCuBMHC3-COHfPGQ/s320/IMG_4314.JPG" width="320" /></a></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>Os nossos olhos são aqui desafiados, perante uma certa desordem, a descobrir a verdade (ou essência) das duas linhas claras à esquerda, já que poucas dúvidas terão na roupagem amarelada à direita, em claro-escuro, acerca do <i>assunto, da luz diurna e da qualidade fotográfica.</i></b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKLEc7MCucS2jAMJnX-CEyoq08C9zCChDy7mkb8IDIKswMigm-pp9arktc9NSm6s9Xf6QqLcuAB45hortESXkY238uqk5WyC3mOv1Fz8xBUqX657_G-WRNJLvwDNwuON-RVw/s1600/IMG_4320.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="232" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKLEc7MCucS2jAMJnX-CEyoq08C9zCChDy7mkb8IDIKswMigm-pp9arktc9NSm6s9Xf6QqLcuAB45hortESXkY238uqk5WyC3mOv1Fz8xBUqX657_G-WRNJLvwDNwuON-RVw/s320/IMG_4320.JPG" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>Será óbvia a aparência pictórica desta imagem? O olhar chegará depressa a essa conclusão perceptiva? No âmbito da mobilidade visual, esta reprodução fotográfica pode parecer de um quadro, mas a tecitura das manchas deslocam do ilusório tal percepção. Um rapazito de imaginário fecundo, ainda disse que a paisagem mostrava um monte rochoso, do fundo do qual jorrava uma talha de água. Destruída essa leitura pela explicação em pormenor do que ali se passa, tecidos diferentes ondulando dobras doces, e um outro pano brotando deles e mostrando-se num envolvimento em curva, como água plana ao precipitar-se, compacta, no vazio, num jeito que lembra a dobra da queda de água de certo leito pedregoso.</b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><b>Mas não deixa de ser verdade que o rapazito reinventou bem o real, porque esta imagem, neste mesmo enquadramento, poderia ser transformada numa pintura de média dimensão e ainda muito mais aproximada do assunto indicado, mesmo respeitando a ordem compositiva.</b></span></div>
</div>
Rocha de Sousahttp://www.blogger.com/profile/01147371530547244335noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-36076576.post-14113289842010485742015-06-10T18:37:00.001+01:002015-06-15T12:03:49.774+01:00A LUZ DESACONTECE NAS CABEÇAS HUMANAS<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiic_iWIOb-A-ZSgb8z9MagHbTp7w8rv6Tz2FUeywiucw8e6BpoSqjizCDsIPitYP648yJ3Uq8CBo3dQZ0Uo1vBCEZXjEykamVq301q6fZ4kAXqxbVmzLNL7JwQl4boQHBJ5g/s1600/IMG_4248.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiic_iWIOb-A-ZSgb8z9MagHbTp7w8rv6Tz2FUeywiucw8e6BpoSqjizCDsIPitYP648yJ3Uq8CBo3dQZ0Uo1vBCEZXjEykamVq301q6fZ4kAXqxbVmzLNL7JwQl4boQHBJ5g/s320/IMG_4248.JPG" width="320" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #f4cccc; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>Já nem é preciso falar de Portugal: a velha e sonsa Europa, sobretudo a do Norte, não sabe de História, nem de geografia, nem do sítio onde tem o <i>rosto</i>, aqui mesmo, no nosso país, os olhos fixando o grande oceano que outrora atravessou em vários sentidos. Arranjaram quem nos apertasse nesta União com tratados empedernidos, poderes enviesados, uma austeridade que não é espartana, nada disso, é sobretudo vampírica, egoista, todos de costas voltadas na mentira dos dias e dos anos, a finança a mandar nos deuses e Sísifo condenado ao transporte da grande pedra -- um destino, a alucinação e o <i>non sense de </i>um futuro manietado para nada, a parede amanhã, ou seja, os espaços sem fim que nunca poderemos percorrer.</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #f4cccc; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>Há dias, consciente do meu corpo envelhecido, quase inerte, deixei-me apanhar pela televisão. Pensei: <i>vou ver</i>. Olhei mas quase não vi nada. Estavam a dar publicidade, em vertigem da imagem e do som, coisas curtas, salvações, benefícios obviamente falsos, produtos gananciosos, e carros, muitos carros, vícios consumistas, conduzidos por belas mulheres ou<i> medusas encantatórias</i>, <i>os cabelos feitos de serpentes coleantes</i>, cegando tudo em volta. Revoltei-me, senti medo e nojo, mudei de canal: também havia um carro parecido com as naves de Flash Gordon. Uma mulher <i>incandescente</i> deslocava-se pendurada dessa máquina, tudo suspenso no espaço"interstelar". O «carro-nave», assim anunciado, rugia acima da capacidade humana; e eu achei, mais uma vez, que a pornografia também se pode imaginar assim, pelo que resolvi procurar outro canal:<i> </i>o ecrã estava negro e logo apareceu um ponto vermelho ao centro, aumentando de escala, acompanhado por um som estridente insuportável, alcançando uma forma azul circular, sobre a qual, então à escala de toda a janela do televisor, se iniciou a propaganda para incidentes de incapacidade eréctil. Olhei para o comando e pressionei um vulgar canal de serviço público (como lhe chamam): lá estava uma rapariga contorcionista, em cores de Alice no País das Maravilhas, a depelar electricamente certos excessos como pó de Talco, enquanto a câmara circulava do pé à coxa e um homem susurrava... <i>não se esqueça, apenas uma hora antes do acto sexual.</i><i> </i>Desta vez não decidi nada: deixei o olhar pendurado no ecrã, pensando vagamente que daí a pouco esta proibitiva cartelização dos anúncios em todos os canais, coincidência arrogante e humilhante da mesma acção e até com critérios semelhantes no tempo ou na forma. Não sabia o que vinha a seguir, mas sempre imaginei que poderia ser o noticiário ou a primeira novela da noite. Mas não era assim. Este intervalo publicitário em todo o espaço televisivo português (teriam as populações do norte europeu razão?)</b></span><br />
<span style="color: #f4cccc; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><br /></b></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="color: #f4cccc; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgf_g14gc-frNB2pfCZQu0hPY_PCyByMzVMf7K_7TZn0ifGaXNuJCQBb1pLRNdmdt84wq4Cm9pkw1vWy4BuRCCKTdqVtQ3ywyoQ8LQH16tuVKhW8WvQj4EG1WtwG97BDXM6bQ/s1600/IMG_4249.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgf_g14gc-frNB2pfCZQu0hPY_PCyByMzVMf7K_7TZn0ifGaXNuJCQBb1pLRNdmdt84wq4Cm9pkw1vWy4BuRCCKTdqVtQ3ywyoQ8LQH16tuVKhW8WvQj4EG1WtwG97BDXM6bQ/s320/IMG_4249.JPG" width="320" /></a></b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="color: #f4cccc; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><br /></b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #f4cccc; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>Se as pessoas aguentavam este massacre ao longo da noite, esperando eventualmente o início de um novo programa (e sem protestar por telefone ou por tribunal, evocando possíveis leis aplicadas à comunicação social), então toda a gente desacendia a sua luz dos olhos ou da própria consciência.</b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #f4cccc; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>Apesar de tudo, fiquei à espera. No canal em que estava sintonizado, a publicidade continuava com toda a sua agitação num tempo irreal, exactamente a par dos outros canais e até subcanais. E de súbito apareceu o título de uma novela. Não começou logo: foi preciso anunciar primeiro os negócios ou produtos que davam apoio «À PRODUÇÃO». Fui atacado de ansiedade, parti um copo antes de conseguir beber água e deixei-me ser atacado pelo genérico (péssimo) da tal novela, qualquer coisa no género de «ÁGUA SALGADA». Encostei-me. Semi-cerrei os olhos. Os actores funcionavam razoavelmente, a fotografia parecia-me bem, mas a banda sonora encarniçava-se contra mim, tornando-se notada em todas as sequências, e até cenas, mas esteticamente (pela natureza das músicas usadas) canções esganiçadas, a contar a história da história visível, comendo o ruído <i>local, </i>matando os esperados silêncios num olhar demorado em espanto, por exemplo. Lembro-me desta mistela feita pelos brasileiros. Mas nós temos uma cultura e uma aprendizagem próprias.</b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #f4cccc; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>Fui à cozinha buscar outro copo. Comi, de passagem, uma fruta e voltei para a sala. Peguei no jornal. Li "o caso da pulseira do Sócrates". Espiolhei a tragédia da Grécia, com aqueles homens rígidos negando tudo, apertando, ameaçando em surdina (imaginei) que os gajos estavam a pedir uma saída da zona euro. Por causa da palavra lembrei-me do filme "Stalker" e da famosa «Zona» de eventuais mistérios da tirania dos homens e de Deus.</b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #f4cccc; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>Na televisão continuava a novela. A família não se entendia. Uma rapariga viera do Dubai saber da filha roubada à nascença. Encontrava, não econtrava. Impingiram-lhe uma a fingir. Depois foi o horror de tal pecado... não sei bem, porque talbém havia um filho roubado, morto havia já dezasseis anos, talvez não, uma troca de meninos, o filho da moça ainda estaria vivo, era preciso procurar. E procurar com gente vil, com quem ela já separara as águas, e assim por diante, os maus, os bons, uma salsada de argumento, a passar diante do nosso pasmo, perto de uma hora -- e sem cortes de publicidade!!!!</b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #f4cccc; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>Mas a lógica não tem aqui cabimento, talvez uma ponta cínica de estratégia. Depois de mais vinte minutos de propagandas e dietas e carros, outra novela. Fui à procura de notícias: Só havia mesas cheias de marretas a discutir futebol. Futebol que concorre com a publicidade. Nunca houve tanto futebol e suas intrigas como o que acontece agora nos canais televisivos portugueses, desacendendo a luz da cabeça e do bom senso. </b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #f4cccc; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>Mais tarde, o canal que me puxara pela adrenalina apareceu com uma novela brasileira, a terceira da noite. Era um exercício curioso, com um argumento meio sério, meio comédia, a lembrar a literatura fantástica sul-americana. Um pouco a medo, segui o episódio em curso, atendi a certos estímulos, mas, após cinco minutos depois do começo, um corte de publicidade. Berrei. Dez minutos depois, a ficção brasileira voltou. Não era erro de edição. Era a inteligência e a ganância da equipa sei lá de quem. Peguei outra vez na belíssima interpretação da personagem principal. Estava a seguir, com curiosidade, como ele agia e como eles moviam os meios. Corte. Publicidade outra vez. Fui à casa de banho molhar os olhos. Voltei: todos os canais estavam enleados na publicidade. Levantei-me, a caminho do quarto. à saída da sala, os brasileiros entraram em campo. Se calhar (pensei) isto agora tem a temporalidade capaz de respeitar os blocos sequenciais e os racords até aos pontos inamovíveis.</b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #f4cccc; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>Pois enganei-me. Durou tudo muito pouco e a publicidade passou a fazer-se em ordem a cenas das várias novelas e dos próximos episódios.</b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #f4cccc; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>Eu acho que é preciso legislar sobre estas coisas. Meter um director de programas em prisão preventiva, por exemplo.</b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #f4cccc; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><br /></b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="color: #f4cccc; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlXZt75HAGWB9Rr8pN5YFAmjKtSiG8AITwhXRApjpyK-COWpiCw2zHOlaPxhVQXl4dgr-EkyE9Ov66CD3Cs4mpcMI0miRBBb5S_OV3KvCFVcpgHPGIAvB6V2HbMOVJMBUXaA/s1600/IMG_4243.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlXZt75HAGWB9Rr8pN5YFAmjKtSiG8AITwhXRApjpyK-COWpiCw2zHOlaPxhVQXl4dgr-EkyE9Ov66CD3Cs4mpcMI0miRBBb5S_OV3KvCFVcpgHPGIAvB6V2HbMOVJMBUXaA/s200/IMG_4243.JPG" width="200" /></a></b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #f4cccc; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b> Desacendem a luz em todos os planos da realidade nacional, é preciso chamar a polícia e elevar à condição do século XXI as coisas da arte e do saber.</b></span></div>
</div>
Rocha de Sousahttp://www.blogger.com/profile/01147371530547244335noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-36076576.post-62341616463116633842015-05-29T18:33:00.000+01:002015-06-04T11:35:25.581+01:00CIVILIZAÇÃO MORRENDO ÀS SUAS PRÓPRIAS MÃOS<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhf7kfoolE_-SqMBTRqv2HuPPydRk-0NvR98i0sia9Y9CL0LY8ecba723487qBgql1kqvfEtNgcLe_ID7RvDZSGWtSqwlueTuyzRvVgunbOfLVAc9lAWuXZ0J_KMjCP1RNLlw/s1600/images.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhf7kfoolE_-SqMBTRqv2HuPPydRk-0NvR98i0sia9Y9CL0LY8ecba723487qBgql1kqvfEtNgcLe_ID7RvDZSGWtSqwlueTuyzRvVgunbOfLVAc9lAWuXZ0J_KMjCP1RNLlw/s400/images.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b><span style="color: #a2c4c9;">parte de uma aldeia portuguesa onde morreu há pouco tempo</span></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b><span style="color: #a2c4c9;">o seu último habitante</span></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b><br /></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b><br /></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<b>Belíssima e patética imagem, a deste trecho no limite de uma velha aldeia portuguesa, no norte, onde já houve crianças e vida comunitariamente bem resolvida, numa vida feita de essencialidades e de trabalho organizado e partilhado por todos. Foi ficando desabitada, como o próprio país, agarrado fanaticamente ao litoral e às praias em desaparecimento; nesta ilha por fim de pouca gente, restando então um só habitante, que sobrevivia da terra e haveres comprados de quando em quando; um homem de quase 90 anos morreu há cerca de dois meses, segundo julgo saber. Melhor seria que fosse ele o único a ir para o Panteão.</b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<b>Um amigo meu, dos dias longos, perguntou-me: «O que te leva a matutar tanto nessas coisas, a terra sem gente, a população deslocada, as aldeias mortas?»</b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<b><i>Faz tudo parte da mesma coisa: o mundo inteiro, sob o impacto da globalização e das lutas absurdas a par das que matam grandes instituições que fazem consumir inutilidades e amarram os homens à restrição, pelo consumo, dos meios de compra.</i></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<b>«Mas isso não será natural? Muitas civilizações morrerem por si ou acabarem com elas?»</b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<b><i>Isso mesmo. Mas não era necessário que tivesse sido assim. O mundo poderia, por uma lógica dos bens e dos consumos, ter-se transformado num oásis de todos. Algumas descobertas foram, desde logo, postas ao serviço da diferença pelo poder, pela divisão entre os povos, logo viradas contra si mesmas. O fogo, o uso da água, o carvão e o petróleo, as invenções produtoras de comodidades alucinatórias e desde logo poluidoras da atmosfera e das espécies vivas -- já em crise, no limite, quando se perceber como os automóveis têm de parar, o sol tem que ser usado, o vento, os mares, na busca (em vias do apocalipse) de travar a morte da vida, toda a vida, quase ao ritmo dos filmes catástrofe que os artistas souberam anunciar, ainda que para gastar mais dinheiro sem pedagogia e alimentar os favores da raiva e das mortandades, cheiro das mortes que avassalam territórios imensos.</i></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<b>«Acho isso tudo um pouco pessimista.»</b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<b><i>Não julgues. Pensa. Como combates a transformação arrasadora do clima, um pouco por toda a parte? Ou se te inquietares quando proibirem o uso de carros a gasolina, à escassez da água, à perda de milhões de vidas, entre velhos e por alianças, numa derrocada esquisita do chamado equilíbrio demográfico.</i></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<b>«Isso nem me parece defensável na pior literatura de ficção científica.»</b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<b><i>Olha lá: gostas de futebol?Fazem o mesmo ao mesmo tempo.</i></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<b>«Claro que sim.»</b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<b><i>E achas justo que todas as televisões do mundo gastem mais de 30% de tempo de emissão para cobrir violentas partidas de futebol, com 70.000 a 100.000 espectadores? Porquê e para quê esse excesso industrial e as corrupções envolvidas?</i></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<b>«Estás a exagerar.»</b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<b><i>Quem exagera é o Médio Oriente, Israelitas, Palestinos a quem é negado o seu próprio Estado. E por ali, um novo Estado autoproclamado, o Islâmico, que retorna à antiguidade, pratica os mais brutais assassinatos colectivos, covas ao longo de estradas, inimigos raptados e degolados, levados em vídeo a todo o mundo?</i></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<b>«Os americanos provocaram muitas assimetrias com as guerras no Iraque.»</b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<b><i>Pois sim. Ninguém estará impune. Mas os cristãos, há mil anos, empurraram para o sul a civilização árabe, e foram longe, omde eles se acolheram, mouros em massa, para os matar e saquear na onda de fanatismo das Cruzadas. </i> <i>A vingança do Estado Islâmico, mil anos depois, não tem sentido. Nem o modo como se imaginou a Europa de hoje, utopia da solidariedade, e vê o que fazem, o poder e a arrogância dos povos do norte, a tendência, já antiga, do mando germânico, o pecado do dinheiro, a recepção dos emigrantes de África -- aquela que os habitantes nativos diziam: África é dos africanos. Agora fogem dela. Nativos eram todos os nascidos lá duradouramente.<span id="goog_654832024"></span></i></b></div>
<b>«Não percebo nada do que estás a dizer. O que te leva a dizer essas coisas?»</b><br />
<div style="text-align: justify;">
<b><i>A situação por que passa o planeta, o cheiro da morte. Pouca gente sente porque quase toda a gente se deixa seduzir pelo consumo, pelos jogos de "vanitas", pela cultura de massas, tudo o que vai afundando o que foi, até há décadas, a grandeza do espírito humano.</i></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>«Andas a ver muitas histórias.»</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<i style="font-weight: bold;">Não vejo histórias, nem quase nada, porque a comunicação visual está conspurcada. Telemóveis, encerrados como armazéns tablets, computadores, colossais cadeias de televisão. Televisão que suspende um conteúdo de vinte minutos para emitir durante </i><b>trinta chispas </b><i style="font-weight: bold;">de publicidade ruidosa, intolerável, proibida -- e o pior é que todos os canais das várias emissoras fazem exactamente o mesmo, ao segundo. Esta cartelização, durante 24 horas, é crime reconhecido e ninguém faz nada: chega a haver mais tempo de publicidade do que tempo de conteúdos, os quais, por sua vez, deixam muito a desejar. Chama-se a isto delapidar a consciência, a razão, e a capacidade criativa dos sentidos. E é o que acontece um pouco por toda a parte: as cidades são mais lixo, luxúria de inutilidades modistas, má arquitectura e maus espaços colectivos, hipermercados que caiem com um sopro de vento, desmantelados pelo interior da origem dos seus produtos e jogos de dinheiro. Tudo se perde assim, entre </i><b>barbas de séculos anteriores</b><i style="font-weight: bold;"> e </i><b>ganga</b><i style="font-weight: bold;">, </i><b>muita ganga</b><i style="font-weight: bold;">, calções, pernas das primaveras a fingir, sem transportes, sem equilíbrio dos ruídos, sem cinema; ou com cinema de caixa, onde meninas de calções e sapatilhas comiam pipocas sem parar, imunes ao barulho imenso com que os projeccionistas bombardeavam belos filmes. Os Cinemas de centros comerciais e coisas assim deviam ser destruídos ou fechados. Se se respeitam as igrejas e outros templos, porque razão a sociedade banaliza e conspurca os locais onde se contempla a arte, todas as artes, vendo, ouvindo, conversando. E já é tempo de se combater o "Desacordo" ortográfico com que se está a destruir a língua portuguesa, tão falada pelo mundo. </i></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><i><br /></i></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: center;">
<b><span style="color: #a2c4c9;">Quem é que se salva deste tsunami humano, gritante, moribundo, fugindo ao seu próprio excesso</span></b></div>
<b><i></i></b><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b><i><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyP_wUwFlTx_GdLi-io2L7MNIfe4EeePEzrEKzojNI2JRXVDtGxIvFcJhLNbQWe9PS6SCQtoOknI5zLXfyaPOFTAR1BnVtLs4Tbrx7dtz90v4XN3sA7gWulTGSsnTgUrdf-w/s1600/IMG_4278.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="201" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyP_wUwFlTx_GdLi-io2L7MNIfe4EeePEzrEKzojNI2JRXVDtGxIvFcJhLNbQWe9PS6SCQtoOknI5zLXfyaPOFTAR1BnVtLs4Tbrx7dtz90v4XN3sA7gWulTGSsnTgUrdf-w/s320/IMG_4278.JPG" width="320" /></a></i></b></div>
<b><i>
</i></b></div>
Rocha de Sousahttp://www.blogger.com/profile/01147371530547244335noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36076576.post-59502201317670217292015-01-13T18:56:00.000+00:002015-01-18T14:29:39.654+00:00DEUSES LAMINARES DEGOLAM MUNDO GLOBAL<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKbZpNTdQkcCPPC6GNP7C2OxMDLGQ-ijW-17RuCI3LLbm4I9eL2NXuozeqlMwP_8jodXpy0AfDO-To2EaTr7nm0kPf-gUtWDHgwpBD6vMk7qe8SyWXTmZ7OysF6FbT1XA0Xw/s1600/th.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKbZpNTdQkcCPPC6GNP7C2OxMDLGQ-ijW-17RuCI3LLbm4I9eL2NXuozeqlMwP_8jodXpy0AfDO-To2EaTr7nm0kPf-gUtWDHgwpBD6vMk7qe8SyWXTmZ7OysF6FbT1XA0Xw/s1600/th.jpg" height="192" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijGQNdLRCYrrckQXIT2GZ-rZm-m5jQ3K2TpwXqqin7uelhOUJWzS8wIKqMJnZF_LNmNJkEVhho4GePISzR813UMLiS2wykTmnhdNIP1bl9GFO1Nsd9_PaCmr-AePuH0RkflA/s1600/images+(1).jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijGQNdLRCYrrckQXIT2GZ-rZm-m5jQ3K2TpwXqqin7uelhOUJWzS8wIKqMJnZF_LNmNJkEVhho4GePISzR813UMLiS2wykTmnhdNIP1bl9GFO1Nsd9_PaCmr-AePuH0RkflA/s1600/images+(1).jpg" height="199" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 1cm;">os mortos, depois de mortos, </b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 1cm;">nem sequer ficam sós</b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 7.0pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 7.0pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 1cm;">Ninguém
sabe se Deus existe e de que morte padece o homem, o crente do nada. As
fantasias que tecemos à volta das nossas percepções, a qualquer hora do dia,
são apenas um enquadramento do visível a tornar-se real. Tudo é tanto que
precisamos baixar a guarda, deixando mergulhar as mãos, a sua prece, a sua
espera. Mas as coisas em geral são reanimadas, um jornal aparece na mesa, os
dedos enfim tocando na notícia, inquietos, ou daí a pouco voltando essa primeira
página, fazendo aparecer a seguinte, quase sempre o olhar a deixar-se seduzir
pelo rosto à direita, vendo os bocados da composição.</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 7.0pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Hoje
podemos fitar longamente aquela fotografia: quatrocentos e cinquenta mil curdos
em fuga, atravessando a fronteira da Turquia, deixando atrás de si um rasto de
corpos decapitados e crianças esmagadas, cemitério ao sol e sob o brilho das
adagas dos islamitas radicais — um Estado absurdo, religiosamente alucinado em
pleno século XXI, contra velhas fronteiras, outras etnias, o Ocidente inteiro.
As novas tecnologias abriram para todo mundo a realidade em tempo real, as
explosões e as ruínas, as guerras em efeito dominó, metade do Iraque em estilhaços,
a Síria destruída, o Irão vigilante, a Ucrânia violada por ímpias invasões de
rebeldes de carnaval, Putin sorrindo entre as enormes portas douradas que se
abrem à sua passagem. A Rússia anexou a Crimeia, acompanhou mais dois roubos de
território a leste. Combate-se por lá,
de forma estúpida e logística encerrada em camiões <i>humanitários mandados por Moscovo, </i>filas deles, todos forrados com
lona branca. Sem letras. Sem números. Sem nota de origem nem títulos de guarda.
<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 7.0pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Esta
grave crise internacional, ricochete das várias <i>bolas de neve </i>que simbolizam as diversas promiscuidades da
globalização, internacionalidades sem fronteiras, transportes de todos os tipos
atravancando o espaço das vias, vem rodando a roda dos negócios ou negociatas,
roendo o perfil dos princípios e ajudando a sepultar valores, vidas,
indústrias, culturas. Tudo o que povoara o mundo nos anos 60, a Europa
sobretudo, gente como Sartre, Camus, Huxley, Bergman, Tarkovsky, Antonioni,
entre muitos outros, os poetas, os músicos, um solene respeito pelo grande
património gerado nas épocas mais longínquas, tudo isso começou a desfazer-se
em vagas silhuetas, obras descartáveis, novas tecnologias resvaláveis e
sobretudo um abaixamento dos níveis avançados, em excelência, durante quase
todo o século XX, desastres rasgando os
caminhos reais do futuro. E agora, à entrada desse futuro, as crises anunciam,
cada vez com maior despudor, o insucesso dos grandes projectos e o valor de
sustentação vindo das metas superadas pela ciência ou pelas artes. Podemos
agora imaginar Picasso substituído através de aleatórios desenhos soprados em
tinta pelas <i>bocas </i>de pequenos <i>robots, </i>de forma ocasional ou em
telecomando. Tais alternativas, a par dos <i>minimalismos
</i>obsessivamente radicais e outros inusitados <i>modos de formar</i>,<i> </i>abrem à
criação plástica um verdadeiro universo imensamente tolerante para com o gesto
e a mancha, instalações perecíveis, novos mitos, outros génios sem conta, tudo
cada vez mais descartável ou preso a grandes cadeias produtivas focadas na
indústria das artes, como conservas de raízes, marcas, sinais, coisas
intercoláveis, capazes de tornar a variação do espaço habitado uma paisagem
infinitamente massificada pelas escolhas do efémero.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: -28.4pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: -28.4pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWhYdTtsIPB2ht7LQ_s4oDpZBpxWGcexQ2zZI2IeRWVBrYQd2Vyaa9SvHY3hWQfP3rI1Nr0MUxsiUFD5hh9C7SL-QQym-_4jVgR0MDUfhpeBMKi5GMFovk6itjVHJU27ECRA/s1600/images.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWhYdTtsIPB2ht7LQ_s4oDpZBpxWGcexQ2zZI2IeRWVBrYQd2Vyaa9SvHY3hWQfP3rI1Nr0MUxsiUFD5hh9C7SL-QQym-_4jVgR0MDUfhpeBMKi5GMFovk6itjVHJU27ECRA/s1600/images.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 7pt 0.0001pt 0cm; text-align: center; text-indent: 1cm;">
<b style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 1cm;"><br /></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 7pt 0.0001pt 0cm; text-align: left; text-indent: 1cm;">
<b style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 1cm;"> poder e ser sem ver? o futuro o dirá</b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 7.0pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 7.0pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 1cm;">Nenhuma
civilização, desde que a História se tornou ciência, e no momento do seu ponto
mais significativo, resistiu ao descontrolo daquelas relações, depois de ser e ter, ver e fazer; todas elas, em tais
circunstâncias, após cumes de iluminação, entraram em falência, começando a
desistir de grande parte dos seus objectivos, deixando-se seduzir por
maneirismos prosaicos e preguiçosos, pensando cada vez menos na conservação das
obras ou dos pensamentos fundamentais da sua génese. Foi sempre assim,
genericamente, fragmentando-se ou não, desinteressando-se das regras, do sonho
e dos seus próprios contextos técnico-artísticos.</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 7.0pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Essa
terrível <i>sinopse, </i>além de apontar
para longas análises e buscas sobre as mais importantes civilizações que nos
precederam, corresponde afinal a uma grande parte dos <i>desastres principais</i> acontecidos na idade contemporânea. Desde as
guerras mais remotas às duas grandes guerras mundiais do século XX, o
desrespeito da entidade humana e dos seus direitos (hoje consagrados mas sem
resposta), ultrapassou a medida, mesmo genérica, da vida em comunidade, abrindo
processos de retrocesso um pouco por todo o planeta, entre latitudes muito
diferentes, com dinheiros assimétricos, quase um século depois de terem sido
destruídas em breves segundos, com apenas duas bombas atómicas, duas significativas
cidades no Japão, país na altura ainda em guerra com as forças Aliadas,
fundamentalmente os Estados Unidos da América.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 7.0pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Mas
toda a cultura que se formara e condensara por volta do século XV, no benefício
da expansão territorial e oceânica, salpicada das memórias antigas, conjugando
tais imagens, tais ideias, tais benefícios do ver e da representação com outros
planos de pesquisa e descoberta, atingiria o século XIX num plano de abertura
ao planeta, aos utensílios e obras de arte, ou numa espécie de esboço para o
que podemos chamar de primeira globalização. Isso fez-se na trajectória da
ocupação de mais terras pelos novos impérios, contendas quanto aos direitos de
chegada e usufruto, povos locais manietados à crença de um trabalho que lhes
era retirado das mãos, rotas comerciais sinalizadas por fortalezas, interesses
cruzados ou trocas que provocavam depois importantes circuitos por essa Europa
fora, migrações de trabalho ou crença. As catedrais românicas foram passando ao
gótico, entre configurações em altura, como se tais <i>agulhas</i> significassem a
ligação a Deus e muitos soubessem que a fé católica, dominando as nações,
precisava cada vez de maior presença, de maior fascínio, feita da raridade dos
efeitos, talvez milagres — enquanto a submissão das massas de camponeses, a par
dos artesãos, dos pedreiros, dos afeiçoadores da madeira, da pedra, do ferro,
dominava a própria luz solar através de hábeis tratos de refracção pelos vidros
de cor justapostos ao jeito das grelhas de chumbo, porventura na ambição de
evocar os milagres dos santos representados ou estrelas, rosáceas, o movimento
nos olhos de quem se imobilizava em contemplação.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Com o
advento das comunicações à distância, por meios virtuais ou perto disso, essa
época florescia de complexidade e de forças de tensão entre nações, entre os
próprios continentes. </span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Os génios voltaram então a ter nomes ligados à
raridade do seu pensar e do seu fazer, pulsando imaginários acima dos generais
que se recordassem das legiões de outrora, dos ocupantes e dos escravos que
lhes preparavam sulcos de segurança pela terra fora. Agora, vencidas as
distâncias marítimas e terrestres, aperfeiçoados os meios de comunicação à
distância, tudo se estende em rede; tudo o que nasceu com a revolução
industrial, cujo doloroso <i>parto </i>perante muita da sua rusticidade nos meios mecânicos foi bem dolorosa, apesar
da sua rápida abertura aos automatismos, às cadeias de montagem, à invenção de
outras necessidades, umas após outras em ordem aos comércios, às trocas em
massa. Falava-se em evolução tecnológica, depois de novas correlações,
construção urbana, vias férreas e estradas asfaltadas, domínio dos ares, ainda
maior que todos os outros quanto à velocidade, as máquinas futuristas, as armas
propriamente ditas rondando fronteiras e grandes espaços onde se adensara a
população, as classes sociais, a luta de interesses numa vasta competição em
que os sonhos da expansão globalizante pareciam ranger políticas de ruptura,
sistemas políticos paralelamente </span><i style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">diferentes
</i><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">e </span><i style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">semelhantes. </i><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Os génios
modernos, no pensamento das variadas disciplinas do fazer, questionavam também
a vida humana, a condição humana, vigiados de perto pelos </span><i style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">falcões </i><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">ávidos de máquinas
militares, incluindo navios de
guerra, meios aéreos de velocidade
supersónica e mísseis </span><i style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">inteligentes. </i><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Uma enorme força surda, do
alargamento do poder, como durante os dois grandes conflitos mundiais, com
dezenas de milhões de mortos, parecendo placas téctónicas em vias de choque.
Tudo suspenso como nos instantes que
deverão preceder o apocalipse. Tudo assim, apesar da violência do clima na
Terra, o Homem como que subordinado ao efeito de inferno que alienara no
espaço, pelos céus, oceanos e recursos de sobrevivência, a esquecer os recursos
naturais limpos, não os fósseis e outros de química bem perversa.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Se as tecnologias permitiram cuidar
da saúde humana, os lixos que produziam eram veneno, alastrando do ponto de
abandono às plantas e aos rios freáticos. Como tal, outros <i>fornos de
aquecimento</i>, a obstrução da vida pelas metrópoles cada vez menos modernas pela
multiplicação anárquica das obstruções mortais, produzindo nas pessoas em geral
dependências recessivas: a arte morria entre décadas, os eventos massificantes,
alucinatórios, ocupavam em grandeza e quantidade baldios onde já se habitara a
céu aberto, como nas praças e colunatas do século XX. A multidão, representando-se
por milhões de desempregados e a depender de sistemas financeiros sofisticados
em termos de corrupção, o dinheiro a circular entre esconderijos e brotando nos
jardins dos </span><span style="font-family: Georgia, serif; line-height: 18.3999996185303px;">multimilionários</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> que a indústria produzia, ano após ano,
respostas a necessidades fúteis, imaginárias, sobretudo como método insensato
de levar à decadência (profunda) a todos os excluídos do processo que
caracterizava esta outra Idade Média. Não havia castelos feudais mas havia uma
nova espécie de feudos. E cidades inteiras meio abandonadas, com milhares de
prédios rasgados em altura, por fim vazios ou explorados por alguns vagabundos:
assim foi Detroit, entre outras, depois de abrir falência, procurando reagir às
ruinas da grandeza através de estranhos créditos a par de pequenos negócios,
vendedores passivos, dois dólares por dia, trocas tristes, olhares baços. Nesse
lugar, como noutros, a magia cultural descia ao nível do vandalismo, paredes
pejadas de </span><i style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">graffiti</i><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> a iludir
degradações, vãos abandonados, como se a técnica </span><i style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">spray, </i><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">amplificada, pop ou realista, pudesse apagar todas as
grandes memórias, os grandes edifícios, a Renascença e os artistas da sua
pintura amplamente consagrada aos valores da religião e aos mitos do espirito.
Artesãos e artistas já velhos ou
solitários perdiam-se na miniatura da sua produção, apesar do fascínio da ideia
milenar que pareciam convocar.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghcGSo_MaU8ZmIahIXL_GW8728dUJP8JiAfBMYUMOBa2Df7Pwxet0P5vNfhYsrEdF-pJ4wn5XoPDFDqRR0iHt6tXV7yYszhF-65D02bC49SHbvhKyk9kK7493u0DgUl9FX-A/s1600/transferir.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghcGSo_MaU8ZmIahIXL_GW8728dUJP8JiAfBMYUMOBa2Df7Pwxet0P5vNfhYsrEdF-pJ4wn5XoPDFDqRR0iHt6tXV7yYszhF-65D02bC49SHbvhKyk9kK7493u0DgUl9FX-A/s1600/transferir.jpg" /></a></div>
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjI3Ts7wcsSnFzbZ9VIPi-ATxUPL3kRM8Ug_EQh_XNYc-41S7jLVtvs17Bwz5Mn-NSS9087RNd3Kz3IcaDTyQbGCtjEeSrXwm6yRy8HgjGqH_GFS-d45TE8cSjlHgI_gXKkKw/s1600/images+(2).jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjI3Ts7wcsSnFzbZ9VIPi-ATxUPL3kRM8Ug_EQh_XNYc-41S7jLVtvs17Bwz5Mn-NSS9087RNd3Kz3IcaDTyQbGCtjEeSrXwm6yRy8HgjGqH_GFS-d45TE8cSjlHgI_gXKkKw/s1600/images+(2).jpg" /></a></div>
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span>
</div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 7.0pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
</div>
<div class="" style="clear: both; text-align: center;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-align: justify;">O Médio Oriente incendeia-se numa
espécie de </span><i style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-align: justify;">Primavera do amanhã</i><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-align: justify;">,
rapidamente confundida por fracturas entre a irmandade muçulmana, os árabes das
fortunas do petróleo, os talibãs que matam para que o seu império seja um
espaço sem cor, sem artes, cego e surdo, sem nada, mulheres tapadas. Al Quaeda polariza-se em mortes de alguém. Os islamitas radicais querem terra,
contradizem Alá e degolam os inimigos vencidos, enquanto a novidade de 2015 já
nos conta que crianças de dez anos, cobertas de explosivos que se detonam à
distância, desaparecem no horror entre multidões encharcadas de morte e sangue.
Falta só clamar pelos novos profetas e crucificar um Cristo virtual.</span></div>
</div>
Rocha de Sousahttp://www.blogger.com/profile/01147371530547244335noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-36076576.post-21575472335141429972014-12-25T19:50:00.002+00:002014-12-26T13:57:42.626+00:00O PAPA ENTREVISTADO: PALAVRAS SIMPLES<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-84STdd1EPDdkZz4QQO3xHkAFxeR-aHiiIMKV5BaJCwoNFMgzkpsNX5omnILluNsoq4o0goSfkOS3afI0TXTImeHZKBSit29ezGjMSYmuyMmos4fi5xN_I8TrrXaUnCQQgQ/s1600/images%5B2%5D.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-84STdd1EPDdkZz4QQO3xHkAFxeR-aHiiIMKV5BaJCwoNFMgzkpsNX5omnILluNsoq4o0goSfkOS3afI0TXTImeHZKBSit29ezGjMSYmuyMmos4fi5xN_I8TrrXaUnCQQgQ/s1600/images%5B2%5D.jpg" height="174" width="320" /></a></div>
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: xx-small; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><b>As palavras do Papa, palavras simples e que lavam.</b></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: orange; font-size: large;"><b>para memória futura, em construpintar02 e Desenhamento</b></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">O papa
Francisco concedeu uma entrevista na segunda-feira, 9 de Junho de 2014, ao
jornalista português Henrique Cymerman, e foi transmitida na SIC no dia 13 de
Junho. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Apresentamos excertos desta entrevista, em que o papa
diz ao jornalista português que a ele se deve «boa parte» da realização da
oração pela paz que no domingo reuniu no Vaticano o papa Francisco, os
presidentes de Israel e da Palestina e o patriarca ecuménico Bartolomeu.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">A perseguição aos cristãos, os fundamentalismos, a
segurança pessoal, a pobreza e humildade, o dinheiro e a guerra, o judaísmo, a
relação com as Igrejas ortodoxas, a relação entre fé, ciência e ateísmo, o
pontificado de Pio XII e uma eventual renúncia são alguns dos temas da
entrevista. Eis alguns excertos:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Cristãos perseguidos<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">«Os cristãos
perseguidos são uma preocupação que me toca de perto como pastor. Sei muitas
coisas sobre estas perseguições que não me parece prudente contar aqui, para
não ofender ninguém. Mas há lugares nos quais é proibido ter uma Bíblia ou
ensinar o catecismo ou andar com uma cruz. O que quero tornar mais claro é
isto: estou convencido de que a perseguição contra os cristãos é hoje mais
forte do que nos primeiros séculos da Igreja. Hoje há mais cristãos mártires do
que naquele tempo. E não é fantasia, fantasia, os números o dizem-» O
fundamentalismo «[A violência em nome de Deus] é uma contradição. Não
corresponde ao nosso tempo, é algo de antigo. À luz da perspetiva histórica
devemos dizer que nós, cristãos, por vezes, praticámo-la. Quando penso na Guerra
dos Trinta Anos, era violência em nome de Deus. Hoje é inimaginável, certo? Por
vezes chegamos, através da religião, a contradições muito sérias e muito
graves. O fundamentalismo, por exemplo. Nas três religiões [monoteístas] temos
os nossos grupos fundamentalistas, pequenos em relação a todo o resto. Um grupo
fundamentalista, mesmo se não mata ninguém, mesmo se não atinge ninguém, é
violento. A estrutura mental do fundamentalismo é violência em nome de Deus.»<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><br /></span></b>
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Revolução</span></b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><br />
Para mim, a grande revolução é ir às raízes, reconhecê-las e ver o que elas têm
a dizer ao dia de hoje. Não há contradição entre ser revolucionário e voltar às
raízes. Mais ainda, creio que o modo de fazer verdadeiras mudanças é partir da
identidade. Nunca se pode dar um passo na vida se não a partir do que o
precede, sem saber de onde venho, que nome tenho, que nome cultural ou
religioso tenho.»<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><br /></span></b>
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Segurança
</span></b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"> </span><br />
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Sei
que me pode acontecer alguma coisa, mas está tudo nas mãos de Deus. Recordo que
no Brasil me prepararam um papamóvel fechado, com vidro, mas eu não posso
saudar um povo e dizer-lhe que o amo dentro de uma lata de sardinhas, mesmo que
seja de vidro. Para mim isso é um muro. É verdade que me pode acontecer alguma
coisa, mas sejamos realistas: na minha idade não tenho muito a perder.»<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><br /></span></b>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzJGdKfeMQE1QoAWUwUX4M4ZdwVzqUJviW1nevN7s8zeT_omA_t-KKc0nu9G8mkcGFYESGHovZjY4OhdxmXu5QBZhZVbztudm53AkktIEmDoUan49N9cyWVJzjP7AcKlu9VA/s1600/images2WXS43FW.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzJGdKfeMQE1QoAWUwUX4M4ZdwVzqUJviW1nevN7s8zeT_omA_t-KKc0nu9G8mkcGFYESGHovZjY4OhdxmXu5QBZhZVbztudm53AkktIEmDoUan49N9cyWVJzjP7AcKlu9VA/s1600/images2WXS43FW.jpg" height="140" width="320" /></a></div>
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><br /></span></b>
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Igreja pobre
e humilde</span></b><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">
«A pobreza e a humildade estão no centro do Evangelho, e digo-o no sentido teológico,
não sociológico. Não se pode entender o Evangelho sem a pobreza, que no entanto é diferente do pauperismo. Acredito
que Jesus queira que os bispos não sejam príncipes, mas servidores.»<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><br /></span></b>
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Idolatria do
dinheiro<span style="color: white; mso-themecolor: background1;"> ---------------------------------------</span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">«Está provado que com a comida que sobra poderíamos
dar de comer a quem têm fome. Quando vê a fotografia de crianças desnutridas em
diversas partes do mundo, mete as mãos entre a cabeça, não se percebe. Creio
que vivemos num sistema mundial que não é bom, No centro de todo o sistema
económico deve estar o homem, o homem e a mulher, e tudo o mais deve estar ao
serviço do homem. Mas nós pusemos o dinheiro no centro, o deus dinheiro. Caímos
num pecado de idolatria, a idolatria do dinheiro.<br />
A economia move-se pelo afã de ter mais e, paradoxalmente, alimenta-se uma
cultura do descartável. Descartam-se os jovens quando se limita a natalidade.
Descartam-se também os idosos porque deixaram de servir, não produzem, são uma
classe passiva... E descartando os jovens e os idosos, descarta-se o futuro de
um povo porque os jovens impulsionam fortemente para a frente e porque os
idosos nos dão a sabedoria, têm
a memória desse povo e devem transmiti-la aos jovens. E agora também está na
moda descartar os jovens com o desemprego. Preocupa-me muito o índice de
desemprego dos jovens, que em alguns países ultrapassa os 50 por cento. Alguém
me disse que 75 milhões de jovens europeus com menos de 25 anos estão sem
trabalho. É uma barbárie. Nós descartamos toda uma geração para manter um
sistema económico que já não se aguenta, um sistema que para sobreviver deve
fazer a guerra, como sempre fizeram os grandes impérios. Mas como não se pode
fazer a terceira guerra mundial, fazem-se guerras regionais. O que é que
significa isto? Significa que se fabricam e vendem armas, e assim as contas das
economias idólatras, as grandes economias mundiais que sacrificam o homem aos
pés do ídolo do dinheiro, obviamente que se recuperam.. Este pensamento
único tira-nos a riqueza da diversidade de pensamento e, portanto, de um
diálogo entre as pessoas. A globalização bem entendida é uma riqueza. Uma
globalização mal entendida é aquela que anula as diferenças. É como uma esfera,
com todos os pontos equidistantes do centro. Uma globalização que enriquece é
como um poliedro, todos unidos para cada um conserva a sua particularidade, a
sua riqueza, a sua identidade. E isto não acontece.»<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Divisões entre Catalunha e Espanha<span style="color: white; mso-themecolor: background1;">-----------------------</span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">«Todas as divisões me preocupam. Há a independência por emancipação e há a independência por secessão.
As independências por emancipação, por exemplo, são as americanas, que
se emanciparam dos estados europeus.<br />
As independências dos povos por secessão são um desmembramento por vezes muito
óbvio. Pensemos na antiga Jugoslávia. Obviamente, há povos com culturas tão
díspares que nem com cola se podem unir. O caso jugoslavo é muito claro, mas eu
pergunto-me se é assim tão claro para outros casos, para outros povos que até
agora têm estado unidos. É preciso estudar caso a caso. A Escócia, a Jordânia, a
Catalunha. Haverá casos em que serão justas, outras em que não serão. Mas é
preciso que a secessão de uma nação sem que tenha havido um antecedente de
união forçada seja considerada com pinças e analisada caso a caso.»<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">A oração pela paz______________________________<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"> </span></b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">«Sabe que não foi fácil, porque
tinha as mãos na massa e a si se deve grande parte do êxito. Sentia que era
algo que nos escapava a todos. Aqui, no Vaticano, 99 por cento das pessoas
dizia que não se iria concretizar, e depois aquele 1 por centro foi crescendo.
Sentia que estávamos a ser impelidos para uma coisa que não nos tinha ocorrido
e que, aos poucos, foi tomando corpo. Não era, de todo, um ato político - e
isso eu percebi-o desde logo -, mas um ato religioso: abrir uma janela e dizer:
"A oração também é um ato político com maiúscula".»<b> .</b>«Decidi
ir porque o presidente Peres [de Israel] me convidou. Eu sabia que o seu
mandato terminava esta primavera, e assim vi-me, de alguma forma, obrigado a ir
antes. O seu convite precipitou a viagem, não tinha pensado fazê-la.»<b><o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Judeus e cristãos_____________________________ <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">«Não se pode viver o seu cristianismo, não se pode ser
um verdadeiro cristão se não se reconhece a sua raiz judaica. Não falo de
judaísmo no sentido semita de raça, mas em sentido religioso. Creio que o
diálogo inter-religioso deve aprofundar isto, as raízes judaicas do
cristianismo e o florescer cristão do judaísmo. Percebo que é um desafio, uma
batata quente, mas pode fazer-se como irmãos. Eu rezo todos os dias o Ofício
Divino [Liturgia das Horas] com os salmos de David. A minha oração é judaica, e
depois tenho a Eucaristia, que é cristã.»<b><o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Antissemitismo______________________________</span></b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><br />
«Não saberei explicar porque acontece, mas creio que está muito unido, em
geral, e sem que haja uma regra fixa, à direita. O antissemitismo aninha-se
solidamente melhor nas correntes políticas de direita do que de esquerda, não
é? E ainda continua. Inclusive, temos quem negue o Holocausto, uma loucura.»<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><br /></span></b>
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Arquivos do Vaticano e Pio XII<span style="color: white; mso-themecolor: background1;">------------------------</span></span></b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><br />
«[A abertura dos arquivos] trará muita luz. Sobre este assunto o que me
preocupa é a figura do papa Pio XII, o papa que liderou a Igreja durante a
Segunda Guerra Mundial. Há que recordar que antes ele era visto como o grande
defensor dos judeus. Escondeu muitos nos conventos de Roma e de outras cidades
italianas, e também na residência de verão de Castel Gandolfo. Aí, no quarto do
papa, na sua própria cama, nasceram 42 bebés, filhos de judeus e de outros
perseguidos lá refugiados.<br />
Não quero dizer que Pio XII não tenha cometido erros - também eu cometo muitos
-, mas o seu papel deve ser lido no contexto daquele tempo. Teria sido melhor,
por exemplo, que não falasse, para que não fossem mortos mais judeus, ou que o
fizesse?<br />
Quero também dizer que por vezes fico com alguma urticária existencial quando
vejo que todos atacam a Igreja e Pio XII, esquecendo-se as grandes potências.
Sabe que conheciam perfeitamente a rede ferroviária dos nazis para transportar
os judeus aos campos de concentração? Tinham as fotografias. Mas não
bombardearam estas linhas ferroviárias. Porquê? Seria bom falar de tudo um
pouco.»<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Pároco ou chefe da Igreja?<span style="color: white; mso-themecolor: background1;">--------------------------------</span></span></b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><br />
«A dimensão do pároco é a que mais mostra a minha vocação. Servir as pessoas
sai-me de dentro. Apago as luzes para não gastar demasiado dinheiro, por
exemplo. São coisas de pároco. Mas sinto-me também papa. Ajuda-me a fazer as
coisas com seriedade. Os meus colaboradores são muito sérios e profissionais.
Tenho as ajudas necessárias para cumprir o meu dever. Não se deve jogar ao papa
pároco; seria imaturo. Quando chega um chefe de Estado, tenho de recebê-lo com
a dignidade e o protocolo que merece. É verdade que tenho os meus problemas com
o protocolo, mas é preciso respeitá-lo.»<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Mudanças e projectos<span style="color: white; mso-themecolor: background1;">--------------------------------------</span></span></b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><br />
«Não sou nenhum iluminado. Não tenho nenhum projeto pessoal, simplesmente
porque nunca pensei que ficaria aqui, no Vaticano. Todos o sabem. Cheguei com
uma pequena mala para voltar logo para Buenos Aires. O que estou a fazer é
cumprir o que os cardeais reflectiram nas congregações gerais, isto é, nas
reuniões que antes do conclave tínhamos todos os dias para discutir os
problemas da Igreja. De lá saem reflexões e recomendações.<br />
Uma muito concreta foi de que o futuro papa deveria poder contar com um
conselho externo, ou seja, um grupo de conselheiros que não vivesse no
Vaticano. O conselho dos oito cardeais é composto por membros de todos os
continentes e tem um coordenador. Reúne-se aqui a cada três meses. Agora, a 1
de Julho, teremos quatro dias de reuniões, e vamos fazendo as mudanças que os
próprios cardeais nos pediram. Não é obrigatório que o façamos, mas seria pouco
prudente não escutar aqueles que conhecem as situações.»<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><br />
«A ida a Jerusalém do meu irmão Bartolomeu I foi para comemorar o encontro de
há 50 anos entre Paulo VI e Atenágoras. Foi um encontro após mil anos de
separação. A partir do Concílio Vaticano II a Igreja católica fez esforços para
se aproximar, e o mesmo da parte da Igreja ortodoxa. Com algumas Igrejas
ortodoxas há mais proximidade do que com outras. Desejei que Bartolomeu
estivesse comigo em Jerusalém, e lá nasceu o projeto para que estivesse
presente também na oração no Vaticano. Para ele foi um passo arriscado, porque
lho podiam atirar à cara, mas havia que abraçar este gesto de humildade, e para
nós é necessário porque é inconcebível que estejamos divididos como cristãos, é
um pecado histórico que temos de reparar.»<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Fé, ciência e ateísmo___________________________<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">«Houve um aumento no ateísmo no período mais existencial,
talvez por influência de Sartre. Mas depois deu-se um passo à frente, em
direção à procura espiritual, o encontro com Deus de mil maneiras diferentes, e
não necessariamente ligadas às formas religiosas tradicionais.<br />
O confronto entre ciência e fé atingiu o auge no Iluminismo, mas hoje não está
tão na moda, graças a Deus, porque todos nos demos conta da proximidade que
existe entre uma coisa e outra. O papa Bento XVI tem um bom magistério sobre a
relação entre ciência e fé. Em geral, a maior parte dos cientistas são muitos
respeitosos da fé e o cientista agnóstico ou ateu diz: "Não ouso entrar
nesse campo".»<b><o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">«Vêm muitos chefes de estado e é interessante a
variedade. Cada um tem a sua personalidade. Chamou a minha atenção um elemento
transversal entre os políticos jovens, sejam do centro, de esquerda ou de
direita. Talvez falem dos mesmos problemas, mas com uma nova música, e
agrada-me, dá-me esperança porque a política é uma das mais altas formas de
amor, de caridade. Porquê? Porque conduz ao bem comum, e uma pessoa que,
podendo fazê-lo, não entra na política para servir o bem comum, é egoísmo. Quem
usa a política para o bem próprio, é corrupção. Há cerca de 15 anos os bispos
franceses escrevera, uma carta pastoral, uma reflexão com o título "Réhabiliter
la politique" ("Reabilitar a política"). É um belo texto, faz
compreender todas estas coisas.»<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">«O papa Bento realizou um gesto muito grande. Abriu
uma porta, criou uma instituição, a dos eventuais papas eméritos. Há 70 anos
não havia bispos eméritos. Hoje, quantos há? Bom, como vivemos mais tempo,
chegamos a uma idade em que não podemos andar para a frente com as coisas. Eu
farei o mesmo que ele, pedirei ao Senhor que me ilumine quando chegar o momento
e me diga o que devo fazer. Ele certamente mo dirá.»<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Retiro-para-repouso<span style="color: white; mso-themecolor: background1;">---------------------------------</span></span></b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><br />O Papa tem um espaço reservado numa casa de retiros em Buenos Aires (diz o jornalista)]. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">«Eu teria deixado o arcebispado no fim do ano passado e havia já
apresentado a renúncia ao papa Bento XVI quando atingi os 75 anos. Escolhi um
quarto e disse: quero vir viver aqui. Trabalharei como padre,
ajudando nas paróquias. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Como gostaria de ser recordado<span style="color: white; mso-themecolor: background1;">-------------------</span></span></b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><br />
«Não pensei nisso, mas agrada-me quando alguém recorda outra pessoa e diz:
"Era um bom homem, fez o que podia, não foi assim tão mau". Com isso
me conformo.»<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGFrThNNk9f9MawIgFix7bOkwrSxd96l5VlhtfOWrgplWdj3RMN7SQ5Na8p8rSC0jlH1VUBgFAC5HrdJVbS0x3xFRbIc3K7tcoNycJIL4xQzcZNI_XYUjbZhJGe4ggPSg54Q/s1600/imagesBRWHGVMN.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGFrThNNk9f9MawIgFix7bOkwrSxd96l5VlhtfOWrgplWdj3RMN7SQ5Na8p8rSC0jlH1VUBgFAC5HrdJVbS0x3xFRbIc3K7tcoNycJIL4xQzcZNI_XYUjbZhJGe4ggPSg54Q/s1600/imagesBRWHGVMN.jpg" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><br />
</span><a href="http://www.agencia.ecclesia.pt/" target="_blank"><span style="color: blue; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><br />
</span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><br />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></div>
Rocha de Sousahttp://www.blogger.com/profile/01147371530547244335noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36076576.post-39600400334857621452014-12-19T15:03:00.002+00:002014-12-19T15:03:52.226+00:00BELAS ARTES E OS SEGREDOS CONVENTUAIS<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJN16mg6qpvNpKNwUIoAZiYQ35V9HEwiiEXWHmyyek4rM-ZuA_EEVS1o3akaiFGuUjBz0Io1sKd70ADykDOT59QoKYR-VCkvUiiEoou_VFaqdS7x0SCDa_AZuM-pgfbgoJUQ/s1600/IMG_0252.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJN16mg6qpvNpKNwUIoAZiYQ35V9HEwiiEXWHmyyek4rM-ZuA_EEVS1o3akaiFGuUjBz0Io1sKd70ADykDOT59QoKYR-VCkvUiiEoou_VFaqdS7x0SCDa_AZuM-pgfbgoJUQ/s1600/IMG_0252.JPG" height="124" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="-webkit-text-stroke-width: 0px; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: medium; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; margin-right: 35.35pt; orphans: auto; text-align: justify; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: auto; word-spacing: 0px;">
<div style="font-style: normal; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="font-style: normal; text-align: justify;">
<span style="color: #4f81bd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;"><span style="color: #4f81bd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;"><br /></span></span></div>
<div style="font-style: normal; text-align: justify;">
<span style="color: #4f81bd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;"><span style="color: #4f81bd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;"><br /></span></span></div>
<div style="font-style: normal; text-align: justify;">
<span style="color: #4f81bd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;"><span style="color: #4f81bd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;"><br /></span></span></div>
<div style="font-style: normal; text-align: justify;">
<span style="color: #4f81bd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;"><span style="color: #4f81bd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;"><br /></span></span></div>
<div style="font-style: normal; text-align: justify;">
<span style="color: #4f81bd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;"><span style="color: #4f81bd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;"><br /></span></span></div>
<div style="font-style: normal; text-align: justify;">
<span style="color: #4f81bd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;"><span style="color: #4f81bd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;"><br /></span></span></div>
<div style="font-style: normal; text-align: justify;">
<span style="color: #4f81bd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;"><span style="color: #4f81bd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;"><br /></span></span></div>
<div style="font-style: normal; text-align: justify;">
<span style="color: #4f81bd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;"><span style="color: #4f81bd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #4f81bd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;"><span style="color: #4f81bd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; font-style: normal;">As Escolas de Arte, desde as últimas décadas do século anterior, foram sobretudo aliciadas pela invenção e desenvolvimento das chamadas tecnologias de ponta, máquinas que pareciam anunciar um distante mundo do futuro, aparelhos e </span><span style="color: #4f81bd; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; mso-themecolor: accent1;">próteses </span><span style="color: #4f81bd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; font-style: normal;">cujas funções permitiam, com efeito, abrir múltiplos espaços à criatividade. As teses que desbravaram tais domínios, estudando as virtudes tradicionais da pintura, por exemplo, em jeito de simbiose com os modernos instrumentos, transferiram para as velhas oficinas dos velhos mestres vários patamares apropriados aos novos modos de formar. Em bom dizer, no entanto, esses entrosamentos de tecnologias híbridas, e outras, não passaram, durante muito tempo, de meras somas de </span><span style="color: #4f81bd; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; mso-themecolor: accent1;">crescimento. </span><span style="color: #4f81bd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">O desenvolvimento das aptidões humanas, ou da sociedade na sua amplitude maior, realiza-se noutro <i>comprimento de onda</i> (digamos) e apesar das </span><span style="color: #4f81bd; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; mso-themecolor: accent1;">interferências. </span><span style="color: #4f81bd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; font-style: normal;">Terá de ser sempre enquadrado numa perspectiva filosófica, no âmbito de um espírito produtivo e vocacionado para a descoberta de sucessivas verdades. No século XX, por exemplo, o advento da fotografia alterou a problemática da relação entre diferentes tipos de imagens e novas funcionalidades. Mas a máquina fotográfica, sofisticando-se a breve prazo, estava sujeita, a despeito dos usos, ao mundo das somas e das «regras» de mercado. Perante as apontadas tecnologias tradicionais da representação, a fotografia conquistou rapidamente território — por dispor, com menos esforço e </span><span style="color: #4f81bd; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; mso-themecolor: accent1;">outra </span><span style="color: #4f81bd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; font-style: normal;">agilidade de processos inconfundíveis ao registar, num apreciável rigor, pessoas ou objectos. Para lá dos seus aspectos lúdicos (ou seduções de consumo), a câmara fotográfica, entre muitos outros meios de maior complexidade, veio contribuir, com efeito, para clarificar a mobilidade das percepções, o próprio alargamento da consciência numa certa concepção do saber superior do Homem. É esta, porventura, a perspectiva que importa à criação artística. Seja como for, o encontro dos nossos talentos com a diversidade dos meios instrumentais, embora já anuncie uma frutuosa viagem em direcção ao futuro, dificilmente pode suportar a demora das esperas por cada especialização. E a terrível pressa em gastar, no provável direito de </span><span style="color: #4f81bd; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; mso-themecolor: accent1;">possuir</span><span style="color: #4f81bd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; font-style: normal;">, bem como no de achar o novo mas sem nunca esperar pelas terapêuticas revolucionárias, acaba por contribuir e para a regular massificação das ofertas, desbaratando o gosto, o apelo das ideias sobre o mundo, a própria ficção do amanhã. Esta crise cada vez mais descontrolada tornou redutor o projecto, misturou fugas em frente ocorridas pelo medo encoberto dos limites e da morte. Um sonho de utopia, na linha da </span><span style="color: #4f81bd; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; mso-themecolor: accent1;">cibernética </span><span style="color: #4f81bd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; font-style: normal;">em que o tempo dos </span><span style="color: #4f81bd; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; mso-themecolor: accent1;">replicantes </span><span style="color: #4f81bd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; font-style: normal;">já se encontra programado, como acontece na trágica beleza do filme «Blade Runner». Essa obra alerta-nos para um antigo temor: cada </span><span style="color: #4f81bd; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; mso-themecolor: accent1;">replicante </span><span style="color: #4f81bd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; font-style: normal;">do modelo mais avançado, quase clone do Homem, seu inventor, carregando capacidades em certo sentido bem mais concertantes do que as humanas, está </span><span style="color: #4f81bd; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; mso-themecolor: accent1;">destinado</span><span style="color: #4f81bd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; font-style: normal;">, talvez como segurança contra o florescer de afectos ou dotes individuais, a uma vida de apenas quatro anos, lembrando as borboletas que sobrevivem quatro horas. Metáfora aterradora, sem dúvida, pela qual nem se vislumbram significativas melhorias bio-tecnológicas capazes de dilatar o </span><span style="color: #4f81bd; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; mso-themecolor: accent1;">destino </span><span style="color: #4f81bd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; font-style: normal;">do Homem contra a absurda proximidade da morte.</span></span></div>
<div style="font-style: normal;">
</div>
</div>
Rocha de Sousahttp://www.blogger.com/profile/01147371530547244335noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36076576.post-54047349288775643642014-12-15T17:24:00.001+00:002014-12-15T22:08:29.146+00:00CARTA PARA TI ESQUECIDA AO FUNDO DA CAMA<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: -21.35pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: -21.35pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAWLF_4xD8BTJwpMllxXhx0U-b1aYQP30iuPz1h4qaMX-5FPdDnQwXinZrnEZktAXZLzo9Wl2FcV2MERW8x2GsA88wY7wLXUNEPmrJP-eSn394q2yjtSsMDJLhp19WfWQ2Mw/s1600/IMG_3689.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAWLF_4xD8BTJwpMllxXhx0U-b1aYQP30iuPz1h4qaMX-5FPdDnQwXinZrnEZktAXZLzo9Wl2FcV2MERW8x2GsA88wY7wLXUNEPmrJP-eSn394q2yjtSsMDJLhp19WfWQ2Mw/s1600/IMG_3689.JPG" height="400" width="305" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 42.45pt 0.0001pt 0cm; text-indent: 1cm;">
<b style="text-indent: 1cm;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #9fc5e8;"><br /></span></span></b>
<b style="text-indent: 1cm;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #9fc5e8;">Foi muito difícil ver-te partir. A tua cabeça afastava-se para o elevador
e eu tinha a sensação de que já não voltavas a fim de te ajudar, revoltado com
Deus, obreiro da tua doença e daquelas cansativas noites em que o teu corpo se
imobilizava. Ralhavas. Querias mover o que já mal se movia e eu chorava a olhar
para a tua cabeça cansada. E à noite, o Miguel e a Daniela partiam,
todos os dias a começar o que nós já quase acabámos. </span></span></b><b style="text-indent: 1cm;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #9fc5e8;">Nestes momentos é que tudo
se torna claro: eu olhava para a televisão, para aquele terrível Eixo do Mal,
mas a minha cabeça voltava-se para o teu maple, onde já não estavas. Nunca
soubeste verdadeiramente como gosto de ti e sobretudo como me fazes falta,
mesmo tocando aqui e ali para ajudares as tuas pernas em perda. E de repente
tudo me fazia falta: os jantarinhos à noite, o fecho da Casa dos Segredos, o
sono puxado a letras de romance. Agora escrevo-te sem pretensão nenhuma, apenas
para te dizer que faremos todos os possíveis para estares ao pé de mim, a olhar
para o canal 14 e para a Duquesa de Alba. As tuas botas ali alinhadas
lembram-me tudo e o tempo dos teus passos ainda bem direitos a caminho do
Cataplana.</span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-right: 42.45pt; text-indent: 1cm;">
<b><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #9fc5e8;">Ali atrás estão as tuas coisas, não quero imaginar o que
sofreste ao ser analisada, mas essa era a esperança possível que nos restava
explorar. Reza por mim e por ti, eu acredito nessas rezas, porque são da nossa
vida e não de Deus nem dos anjos. Num mundo tão conturbado perto do nosso fim,
todos os instantes que restarem, copiados daqueles em que as pernas nos levavam
a sítios diversos, devem ser aproveitados, com ou sem lágrimas.<o:p></o:p></span></span></b><br />
<b><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #9fc5e8;"><br /></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-right: -21.35pt; text-indent: 1.0cm;">
<b><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #9fc5e8;">Beijo<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-right: -21.35pt; text-indent: 1.0cm;">
<b><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="color: #9fc5e8;">João</span></span></b></div>
</div>
</div>
Rocha de Sousahttp://www.blogger.com/profile/01147371530547244335noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36076576.post-51391520413907096002014-11-24T14:21:00.001+00:002014-11-26T21:40:34.657+00:00CONSIDERAÇÕES SOBRE INTERSTELLAR<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIVvjuJSxdU7GhJ8cL6eU1XB1J0fiNy7jPSCG_lWwFZpH6ykOrT3-yt_fglfBmiBay1j3IZmOY6XBX0REYLk0UUGq2cHRZxzYfHCfNpP210fP7ySyvp8540DIRxN7mciq-6Q/s1600/ut_interstellarOpener_f.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIVvjuJSxdU7GhJ8cL6eU1XB1J0fiNy7jPSCG_lWwFZpH6ykOrT3-yt_fglfBmiBay1j3IZmOY6XBX0REYLk0UUGq2cHRZxzYfHCfNpP210fP7ySyvp8540DIRxN7mciq-6Q/s1600/ut_interstellarOpener_f.png" height="266" width="400" /></a></div>
<br />
<br />
<span style="color: #92cddc; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: accent5; mso-themetint: 153;">As razões da crítica de cinema, relativamente à qualidade deste filme, são dúbias; onde me foi possível investigar encontrei o seguinte balanço através dos símbolos das estrelas: Jorge Mourinha </span><span style="color: #ff3300; font-family: "Impact","sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 18.3999996185303px; text-align: justify;">●●●● </span><span style="color: #92cddc; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: accent5; mso-themetint: 153;">Luis Oliveira </span><span style="color: #ff3300; font-family: "Impact","sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 18.3999996185303px; text-align: justify;">●●</span><span style="color: #92cddc; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: accent5; mso-themetint: 153;"> Vasco Câmara </span><span style="color: #ff3300; font-family: "Impact","sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 18.3999996185303px; text-align: justify;">●● </span>Todos os outros intervenientes desta área dividiram os pontos nesta mesma proporção. E isso significa, pelo menos, que o filme não atinge nunca os cinco pontos e desce igual e frequentemente até às duas sinalizações. Nada que se pareça com o efeito desencadeado, a todos os níveis, pelo idêntico trabalho de Kubrick com o inesquecível «2001, Odisseia no Espaço».<br />
<span style="color: #92cddc; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: accent5; mso-themetint: 153;"><br /></span>
A sinopse do filme pode resumir-se à seguinte situação: o planeta terra começa a perder as suas características vitais de sustentação da vida, isolando as pessoas em culturas do âmbito agrícola, devido aos problemas originados pelo vento, o pó e a fraqueza solar. Secretamente a Nasa estuda a alternativa de lançar para uma próxima galáxia, contornando a <i>relatividade </i>de Einstein, expedições em busca da planetas capazes de permitirem a emigração para lá da Humanidade, em fases de abertura a dados de se integrar nesses espaços e prolongar a sua persistência contra o desaparecimento.<br />
<br />
Jorge Mourinha (crítico do “Público”) aponta desde o início que a <i>qualidade de relojoeiro </i>marca desde logo a natureza da obra, porque tudo tem que ser feito depressa mas a tempo e <i>com </i>tempo, no domínio da própria <i>vertente do tempo, da mobilidade acima do controverso limite da velocidade da luz e da realidade do próprio espaço. </i>A ideia de atravessar o espaço usando as potencialidades de um "buraco negro" permitirá encurtar o tempo e aproximar o espaço, emergindo numa galáxia onde, com risco, será possível estudar três planetas para lograr o transplante dos humanos para um novo habitat. Esta controversa viagem baseia-se na dinâmica propulsiva e na relação entre a matemática gravitacional e a física quântica, permitindo arriscadíssimos retornos, mesmo enfrentando a diferença dos <i>tempos (das idades) </i>entre quem retornasse e quem ainda pudesse estar vivo na Terra, numa diferença de cerca de 80 anos.<br />
<br />
Todas as cenas iniciais do filme têm um acertado clima das planícies americanas, casas rasteiras em madeira castanha, pó e vento envolvendo enormes plantações de milho. Está bem climatizado, um fazendeiro que já andara pela NASA parece afrontado pela filha na ideia de participar na primeira viagem ao cosmos. Mas estas sequências, com tempestades de areia, pecam por falta de uma <i>segunda dimensão </i>das coisas em risco e por uma óbvia banalidade narrativa. Mas não deixa de esboçar alguma inquietude porque se pressente que o mundo vai ser, daqui para a frente, sempre assim, perdendo inclusive a capacidade de produzir os meios de subsistência.<br />
<br />
<span style="color: #92cddc; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: accent5; mso-themetint: 153;">É então, já não sei bem como, que o fazendeiro americano, lembrando um cowboy, descobre sinais de uma instalação vedada (o suspense é breve) e acabará por ser metido numas instalações secretas da NASA, onde afinal alguém o conhecia e se calhar o esperava. O cenário parece pertencer a um <i>Thriller</i> cujo orçamento obrigou a filmagens num armazém pardacento.</span><span style="color: #ff3300; font-family: "Impact","sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 18.3999996185303px; text-indent: -21.3pt;">●●</span><span style="color: #ff3300; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12pt; line-height: 18.3999996185303px; text-indent: -21.3pt;"> </span><span style="color: #92cddc; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: accent5; mso-themetint: 153;">Não há elementos de fascínio. Claro que, atrás de um portão que se abre se pode ver um foguetão Saturno, à escala, sem se ver a fuselagem superior, <i>espirrando </i> os fogozitos de ralenti. O fazendeiro troca impressões com o grande cientista que dirige aquilo (estereótipo de sábio velho e quem sabe se maníaco quanto à sua tese), que desvenda as novas formas de trabalhar com a gravidade, numa relação de tempo e espaço. O movimento de propulsão organiza-se em função da gravidade e das travessias pelo "buracos negros". As reuniões em torno do segredo da viagem e da sua tecnologia são a cópia de qualquer conselho do FBI na iminência de um ataque à URSS. </span><br />
<span style="color: #92cddc; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: accent5; mso-themetint: 153;"><br /></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2foA7aGN1U_iZGJy2V5LNMqN9gogcVudKitmU60ZmPjn60cyrkp6c4wf-21cb49g-SbuAmOVSskTULgqjSIJ-2Rll-Xz7s93S5aqIFd8ZQTzJKZixcQnuu6jJQ75Bi1foxg/s1600/imgres.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2foA7aGN1U_iZGJy2V5LNMqN9gogcVudKitmU60ZmPjn60cyrkp6c4wf-21cb49g-SbuAmOVSskTULgqjSIJ-2Rll-Xz7s93S5aqIFd8ZQTzJKZixcQnuu6jJQ75Bi1foxg/s1600/imgres.jpg" height="200" width="400" /></a></div>
<span style="color: #92cddc; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: accent5; mso-themetint: 153;"><br /></span>
<span style="color: #92cddc; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: accent5; mso-themetint: 153;"><br /></span>
<span style="color: #92cddc; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: accent5; mso-themetint: 153;"><br /></span>
<span style="color: #92cddc; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: accent5; mso-themetint: 153;"><br /></span>
<span style="color: #92cddc; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: accent5; mso-themetint: 153;"><br /></span>
<span style="color: #92cddc; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: accent5; mso-themetint: 153;"><br /></span>
<span style="color: #92cddc; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: accent5; mso-themetint: 153;"><br /></span>
<span style="color: #92cddc; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: accent5; mso-themetint: 153;"><br /></span>
<span style="color: #92cddc; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: accent5; mso-themetint: 153;"><br /></span>
<span style="color: #92cddc; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: accent5; mso-themetint: 153;"><br /></span>
<span style="color: #92cddc; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: accent5; mso-themetint: 153;"><br /></span>
<span style="color: #92cddc; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: accent5; mso-themetint: 153;"><br /></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjf2esNrsP-p0B4nGiCZE5cyEH7dARNo1CYEa5z4nSF86qnkQxa_0V82a8faH2mMsVmGxwzSDWjkk-nQkIZUHf8Nb322e5YWEY-8IXssxhI6guSMlfDEEoQBxFa2pycoSqhZw/s1600/images+(3).jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjf2esNrsP-p0B4nGiCZE5cyEH7dARNo1CYEa5z4nSF86qnkQxa_0V82a8faH2mMsVmGxwzSDWjkk-nQkIZUHf8Nb322e5YWEY-8IXssxhI6guSMlfDEEoQBxFa2pycoSqhZw/s1600/images+(3).jpg" height="224" width="400" /></a></div>
<span style="color: #92cddc; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: accent5; mso-themetint: 153;"><br /></span>
<span style="color: #92cddc; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 18.3999996185303px;">Só depois desta mediania se começa a ver a azáfama de carros de aeroporto, coisas de astrofísica, entrevistas. </span><span style="color: #92cddc; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 18.3999996185303px;">O fazendeiro acaba, a princípio com relutância (pela sua inteligente filha, pela sua inquieta mulher), de aceitar entrar na aventura. Volta a casa (como se vê, a instalação secreta da NASA estava ali à mão se semear) e defende a sua intervenção — drama sentimental e paternal, a impossível promessa à filha de que voltará.</span><span style="color: #ff3300; font-family: Impact, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 18.3999996185303px;">●</span><br />
<span style="color: #92cddc; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: accent5; mso-themetint: 153;"><br /></span>
<span style="color: #92cddc; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: accent5; mso-themetint: 153;">Daqui para a frente é o levantamento real do foguetão e da separação dos seus fragmentos, além da ejecção do módulo para a viagem. É pouco crível, e forma imagística, a súbita existência deste módulo, dentro do qual os astronautas se preparam para viajar durante dois anos até perto de Saturno, Júpiter. O arranque faz-nos passar de um silêncio espacial para o troar dos motores: o ruído é tanto que nos obriga a proteger os tímpanos. Não há proporcionalidades entre o que terá acontecido e a representação disso para uma escala mil vezes menor (espectadores).É um erro da incultura actual</span><span style="color: #6fa8dc; font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; line-height: 18.3999996185303px;">.</span><span style="color: #ff3300; font-family: Impact, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 18.3999996185303px;">●●</span><br />
<span style="color: #6fa8dc; font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: accent5; mso-themetint: 153;">Para esta primeira fase os astronautas, incluindo uma mulher que nos distrai da leitura dos materiais alumínicos, espaços surdos, tubos, quase nenhum <i>tablier ligado,</i> os personagens metem-se nuns tanques de líquido (amniótico?) e lá ficam no <i>nirvana</i>, separados da vida e do tempo. Quando acordam (dois anos depois) erguem o tronco de súbito, atordoados, fingindo exactamente aquilo que acontece a quem quase se afoga no mar e tosse para expelir a água dos pulmões.</span><span style="color: #ff3300; font-family: "Impact","sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 18.3999996185303px;">●●</span><span style="color: #92cddc; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: accent5; mso-themetint: 153;"> São pormenores. Mas tais pormenores desdizem centenas de coisas em volta. Os cenários interiores das naves (parece que estamos sempre na mesma) são realistas, a imitar de forma mais pobre a balbúrdia do que acontece, por exemplo, nos salões cilíndricos da actual estação espacial. O ponto de vista para o exterior é-nos dado n vezes de um só ângulo, com o focinho da nave (o <i>capot</i>) apontado à frente, só por vezes assim mas a andar de lado perante uma turbulência de nuvens ou superfície planetária.</span><span style="color: #92cddc; font-family: "Impact","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: accent5; mso-themetint: 153;">●</span><span style="color: #92cddc; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: accent5; mso-themetint: 153;"> E quando estes desgraçados se aproximam do «seu» planeta a explorar, com alguma peripécias visuais mas sempre dentro de uma montagem cinematográfica em planos curtos, planos que não justificam (na soma final) as três horas do filme. Este planeta, que aparece após a travessia das nuvens, é todo um oceano. É um falhanço. «Perdemos», diz alguém. Amaravam: e nesse caso surge a primeira verdadeira imagem em que o realizador percebe que à escala do <i>além </i>tudo parece maior. A nave é um ponto no grande oceano; e, em homenagem aos actuais surfistas, uma grande onda, à frente de outras, pressupõe-se, obriga os homens a sair dali. A onda parece parada e, segundo as escalas, teria certamente mais de 200 metros de altura. </span><span style="color: #ff3300; font-family: "Impact","sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 18.3999996185303px;">●●●</span><br />
<br />
A legendagem portuguesa é quase ilegível para quem vê o filme da última fila, único lugar adequado para ver uma imagem com aquela escala (arquitectónica, não fílmica). Mas lá ficamos a saber que era urgente contactar com os outros módulos da missão Lázaro. Os planetas visados são o Miller, Edmunds e Mann.<br />
<span style="color: #92cddc; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: accent5; mso-themetint: 153;">Nós seguimos na nave Endurance, seguindo o sinal deixado pela missão Miller. Só que, por essa via, procura-se um planeta muito próximo do "buraco negro" Gargantua, em rotação. Essa rotação, por causa da força gravitacional, torna o tempo do planeta de destino mais lento que o da Terra. Miller, um só oceano, e incidentes, a perda de um companheiro, o encontro do que fora primeiro (Romilly). Os dados dizem que na Terra o tempo decorrido já atingira os 23 anos. Pobre Einstein. Na Terra a menina Murphy é entretanto adulta e trabalha na NASA, procurando resolver a equação do professor Brand. O homem trabalhara nisso toda a vida. Segundo se pode ler nos arquivos da Internet, ele achava que resolveria o problema de como os humanos poderiam manipular a gravidade. Ao morrer, percebeu que se enganara, que faltava um dado para achar uma <i>singularidade gravitacional. </i>A humanidade estava perdida. A ideia de um plano B consistia em integrar embriões humanos num outro planeta propício. Só uma bola e preta.</span><span style="font-family: Impact, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 18.3999996185303px;">●</span><br />
<span style="color: #92cddc; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: accent5; mso-themetint: 153;">Na Endurance, dado a excessiva demora da missão, a <i>malta </i>escolhe ir a Mann ou Edmunds. Amélia (grande plano) </span><span style="color: #ff3300; font-family: "Impact","sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 18.3999996185303px;">●●●</span><span style="color: #ff3300; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12pt; line-height: 18.3999996185303px;"> </span><span style="color: #92cddc; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: accent5; mso-themetint: 153;">prefere ir a Edmunds porque está apaixonada pelo astronauta. Discute com Cooper, o fazendeiro, dizendo que ele só quer voltar à terra. (Pode?</span><span style="color: #92cddc; font-family: "Impact","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: accent5; mso-themetint: 153;">●)</span><span style="color: #92cddc; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: accent5; mso-themetint: 153;"> Cooper vence e vão para Mann. Mas os dados emitidos por Mann eram manipulados: o astronauta lá chegado procurava assim um resgate por parte dos outros. Belas imagens gélidas deste planeta, com o nome do astronauta lá chegado (Mann). Este desgraçado tenta acoplar a nave de Cooper. Embora estas imagens superem a habitual monotonia dos interiores não digitalizados, ganhando palpitação e engenho, sendo interessante o móvel de acoplagem, não passam, pela falta de uma melhor «encenação», de algo já visto. Aliás o «mau» que forçara o resgate, comprometendo muita coisa, explode. Os outros percebem tudo, sobretudo o facto daquele planeta ser mais virtual do que real. Na fuga, e para superar o efeito de Gargantua, Cooper pensa em aliviar-se de lastro e, como bom fazendeiro, descola a fase lateral onde viajava Amelia, deixando-a no maldito Mann de montanhas que flutuam sobre algo como um oceano não estável. Nesta altura, os espectadores na sala tapam os ouvidos porque o ruído da Endurance deve atingir 120 decibéis.</span><span style="color: red; font-family: Impact, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 18.3999996185303px;">●</span><span style="color: red; font-family: "Impact","sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 18.3999996185303px;">●●</span><br />
<span style="color: #92cddc; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: accent5; mso-themetint: 153;"><br /></span>
<span style="color: #92cddc; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-themecolor: accent5; mso-themetint: 153;">Não vale a pena ir muito mais longe. Uma entidade extraterrestre, de cinco dimensões, ajuda Cooper a aparecer em casa de espaço aburdo. Se ali há uma quinta dimensão, porque carga de água tudo aparece, com largueza, em termos ortogonais? Cooper tenta comunicar com a filha mas flutua entre esse tempo e o tempo da sua morte. Consegue chegar à cama da figura, ambos conversam e ela manda-o embora, quando antes de partir, 80 anos atrás, lhe pedira para <i>ficar. </i> A cama é uma grotesca citação do filme de Kubrick, mas rodeada de uma enorme família, o que nos deixa perplexos porque estava prevista o cadenciado apagamento da humanidade. Cooper percebe que o dado faltoso na equação de Brand era o amor. O espectador pergunta-se em que termos um sentimento sem determinação quantitativa pode fechar as quantidades relacionáveis de movimento, gravidade, espaço e tempo?</span><span style="color: #ff3300; font-family: "Impact","sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 18.3999996185303px;">●●</span></div>
Rocha de Sousahttp://www.blogger.com/profile/01147371530547244335noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36076576.post-64068493444068735142014-11-21T19:03:00.003+00:002014-11-25T14:10:05.701+00:00SEM CABEÇA, SÉCULO XXI, EM NOME DE NADA<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEir80F5IJG6hFjPlUwUe6c9Rqg03dnGAj8krWDktDu2FgylUtGeVCvQSkcbn4gQXbsjPFMKaEgmyz5bzPYJti-dM39qM3sXp4mgpiykGtxVo1btElaRClTbTt02pNrEscNvPA/s1600/555555.PNG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEir80F5IJG6hFjPlUwUe6c9Rqg03dnGAj8krWDktDu2FgylUtGeVCvQSkcbn4gQXbsjPFMKaEgmyz5bzPYJti-dM39qM3sXp4mgpiykGtxVo1btElaRClTbTt02pNrEscNvPA/s1600/555555.PNG" height="122" width="320" /></a></div>
<br />
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<span style="color: #ffd966;">as horas do lamento pela memória dos desastres iniciais</span></div>
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<span style="color: #ffd966;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><br /></b></span></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5Ep9fhudvgKSpUVwLyNo0aHOYzKjRrebFfA6WPRZxkkrfA-1pHjrqwHjwkvGWV1NzGYLHuP-ANSZjhElo43d0UBYcMvSaslMX4cTzIovqLuarnjWn9jnU7urRR3HUmqfIXQ/s1600/DEGOLADO1.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5Ep9fhudvgKSpUVwLyNo0aHOYzKjRrebFfA6WPRZxkkrfA-1pHjrqwHjwkvGWV1NzGYLHuP-ANSZjhElo43d0UBYcMvSaslMX4cTzIovqLuarnjWn9jnU7urRR3HUmqfIXQ/s1600/DEGOLADO1.png" height="121" width="320" /></a></div>
<div class="" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="color: #ffd966;">as horas da criança a lembrar-se como os outros</span></div>
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<span style="color: #ffd966;"> </span>Rocha de Sousahttp://www.blogger.com/profile/01147371530547244335noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36076576.post-88873728752490466882014-11-06T16:38:00.003+00:002014-11-12T21:08:40.692+00:00DESERTO, SOLIDÃO, VELHICE EM POBREZA<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirKWSMPkOhFT6lkD-0kE15fIVJ9RGLKd5M7H7L1c9I6oubTP_v2t-LliOxfwWVwQfjnAEPLN_N6rjQOCKvikbJ-Jxu2q081Vl400hrs7s5D7uh-ppEGcM8bCMHfFza521kxw/s1600/images.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirKWSMPkOhFT6lkD-0kE15fIVJ9RGLKd5M7H7L1c9I6oubTP_v2t-LliOxfwWVwQfjnAEPLN_N6rjQOCKvikbJ-Jxu2q081Vl400hrs7s5D7uh-ppEGcM8bCMHfFza521kxw/s1600/images.jpg" height="304" width="320" /></a></div>
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<br /></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtMoLIDmjE0hJotpMJjWwEVJSgjUG-b1k2jgk1bjcY9KFf-ondHTI9Zuvi6miWiv7zNx6wFYp80JfteMkdL4uHkwccIVB2UguagycLO6ODXwVJYvILf05uDzkf0VhS4VvcpQ/s1600/aldeia-abandonada-1-01dez12.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtMoLIDmjE0hJotpMJjWwEVJSgjUG-b1k2jgk1bjcY9KFf-ondHTI9Zuvi6miWiv7zNx6wFYp80JfteMkdL4uHkwccIVB2UguagycLO6ODXwVJYvILf05uDzkf0VhS4VvcpQ/s1600/aldeia-abandonada-1-01dez12.jpg" height="213" width="320" /></a></div>
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<br /></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjevRrebk4DRrvvu2mLQYqyYV_deMxu1nsCohHnQgOtpadBftyKDIoNl4HY2L7mNLp5FhSA_pDHllQbBBeWIZqK3EM9kRtLrGYuOqTmEmrImT0tV5AudavHsDVhOGPu6AqrLw/s1600/IMG_8364.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjevRrebk4DRrvvu2mLQYqyYV_deMxu1nsCohHnQgOtpadBftyKDIoNl4HY2L7mNLp5FhSA_pDHllQbBBeWIZqK3EM9kRtLrGYuOqTmEmrImT0tV5AudavHsDVhOGPu6AqrLw/s1600/IMG_8364.JPG" height="240" width="320" /></a></div>
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<br /></div>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsnjJZOVqOBkOJoVqnYEJgRWczzGN-mN7LJTXqWywDfq5-8p4oI_cBW3E0N6c8MPqWHSxbEzPicdqFlOK9xwlMOfbCAE1PQ4ZIevsH3NBU8dA_VeYPdOw1-35QxgPo3gFKng/s1600/imgres.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsnjJZOVqOBkOJoVqnYEJgRWczzGN-mN7LJTXqWywDfq5-8p4oI_cBW3E0N6c8MPqWHSxbEzPicdqFlOK9xwlMOfbCAE1PQ4ZIevsH3NBU8dA_VeYPdOw1-35QxgPo3gFKng/s1600/imgres.jpg" height="264" width="320" /></a><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #cfe2f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>Estive a ver um documentário sobre o interior de Portugal, passando por estradas modernas e antigas, povoações breves, electrificadas, e cada vez mais, de sul a norte, quase avistando a fronteira de Espanha, terras e terras abandonadas, despidas de fauna, de floresta e cuidado. Tudo se tornava mais surdo e pedregoso para norte, entre vales imensos, serras brutais, salpicadas de árvores meio tombadas pelo constante sopro do vento. </b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #cfe2f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>E então comecei a descortinar casas de adobe, em ruinas, outras de granito bem talhado, sem telhado, com dentes de pedra apontados ao céu. Não há gente nestas covas, nestas antigas culturas dedicadas à agricultura. Depois sim, aparecem casas perto umas das outras, ainda cobertas de telhas, fechadas, tudo fechado, ruas secas e sem o menor sinal de qualquer uso pedestre ou de carros de tracção animal. Animais também não havia, as cabras, as ovelhas, nem um sinal decisivo, ainda que breve, de vida humana. A câmara desliza pelo estranho silêncio, rasando paredes cinzentas ou apertando as fendas de algumas paredes, flores secas, restos de copas de árvores já mortas, tornando bela a sua sepultura, no próprio lugar em que haviam nascido, hastes em cruz, cruzadas, subindo ao alto, batidas pelo vento, pela luz, ou silenciosamente apagadas pelo avanço da noite.</b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #cfe2f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><br /></b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #cfe2f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><i>Mas acabei por ver gente: um homem metido em casa, ouvindo músicas através de velhos aparelhos sobrepostos numa espécie de bancada. «Não faço mais nada, não tenho forças físicas e psíquicas para me chegar à rua. Agradeço à Junta ter-me fornecido esta baixada para a electricidade.» Perguntaram-lhe pela família mas ele abanou primeiro a cabeça para dizer depois que já não tinha ninguém; ou, se tinha, há muito que não diziam nada lá do fundo da Austrália para onde tinham emigrado.</i></b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #cfe2f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><i>Uns quilómetros acima, após uma deriva por ruinas belas e comoventes, dentro das quais ainda se vislumbravam restos de mesas, baldes, velhos engenhos para tratar a terra e as plantas rasteiras, lá estava a terceira povoação, alcandorada numa colina florestada, aliás também ferida de tons abertos de impossíveis flores que só sobrevivem com o trato de alguém. Um homem vestido de escuro, magro, sem dentes e um chapéu acabado de ter sido enterrado na cabeça, saíu da porta e parou, ao ver-me, nos dois degraus que ligavam o piso à terra e às pedras da vereda serpenteante. Era o único habitante da aldeia, empenhava-se com as flores e a conservação exterior de algumas casas ainda em bom estado, das quais, aliás, conhecia os donos, também fora do país.</i></b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<i><span style="color: #cfe2f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>Num outro lugar só povoado de mulheres, duas delas com mais de cem anos, foi possível ouvir histórias do tempo em que ali se festejavam várias datas e havia crianças e uma escola por perto. E Agora? «Agora somos apenas nós. Só ali a Ermelinda ainda recebe no verão a visita de um filho que foi há muitos anos para França». Perguntei: «E Não lhes pesa esta solidão, a subsistência?» Uma sorriu com amargura, outra gargalhou em três sopros, as outras pareciam de pedra. «A gente cá se arranja e ainda tratamos dos nossos mortos. Estamos aqui porque é o nosso lugar, é onde nos criámos, casámos e tivemos os nossos filhos. Para quê ir para as grandes cidades, onde já não somos ninguém, se calhar nem pessoas.» Rápido: «Não, não diga isso». Ela: «Não é por mal. É o que tem de ser. Até as terras de África se afogaram. Lá ficaram dois filhos meus, </b></span><span style="color: #cfe2f3; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b>na guerra. Que Deus os tenha em paz porque os de cá nem os restos nos resgataram.</b></span></i><b style="color: #cfe2f3;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><i> Mas não deixa de ser esquisito que ninguém se chegue aqui, a estes montes tão lindos. Aqui a minha amiga Floripes não se conforma. Não é por ter ficado e nem cartas receber. É porque, como ela diz, estas regiões abandonadas e tristes podiam produzir grande riqueza. Muita gente podia viver aqui com desafogo e paz.» A Floripes, esganiçada, acusou: «Eles querem escritórios e coisas ricas, o mar, as praias que a gente nunca viu. O estado já rachou todo o país em dois, de norte a sul, mais ou menos a meio, um risco azul desumano e já desbotado. Ainda na semana passada, ali em baixo, no Pé de Galo, morreu a mulher do pobre Sebastião. E ele ainda não acabou de chorar. Então não acha tudo isto uma selvajaria? A Linda perdeu os dentes e uma perna, faz tudo sozinha, vestida de negro, com uma touca até ao fim das orelhas. Em certas alturas do ano, com sol, andam por aí uns moços e moças de Inglaterra. Tiram retratos a tudo e dizem, quando arranham o português, que nada como isto há na Terra inteira. Pode haver gente pobre e em pouca quantidade mas nunca numa metade inteira de um país, longe uns dos outros, morrendo devagar, todos e poucos perdidos das vozes amigas, o avô António, a Maria em pequena, o Zé, o cão maricas, tão meigo: de cada vez que alguém morria, de cada vez ele lá ía parar, como qualquer de nós. O cansaço e a fome, isso que ninguém sabe o que é, atenuamos nós cavando a terra e plantando tudo o que é fresco e serve para sopa, saladas, tapar buracos da noitinha. Tá vendo? A gente ficou a viver num país vazio, ao lado da última grande estrada que fizeram à pala dos capitães. Vieram de África, fugindo, e empurraram só as pessoas para essa coisa das cidades, rasgando o que puderam e chamando aos seus irmãos de cá «tuga», «tuga», que era o que os outros diziam de nós a eles, lá, na mata. Aqui o mais difícil não é o trabalho nem as dores do lumbago ou dos pés: o mais difícil é saber ler os sinais da morte.»</i></span></b></div>
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<br /></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><br /></b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><b><br /></b></span><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvNLKiXubrl58s_8HWGJPEyTd23D7rUTMAcDXrDBi4mHfdQokZ8lSi9rCquBTgoAhKaVAYDGHw_rdvM4g32zSk1o2WctiAQ4eLyiz4Fnke4XNVpIHy65DzuWQ-xpy_BMt0jg/s1600/ares+velhinha.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvNLKiXubrl58s_8HWGJPEyTd23D7rUTMAcDXrDBi4mHfdQokZ8lSi9rCquBTgoAhKaVAYDGHw_rdvM4g32zSk1o2WctiAQ4eLyiz4Fnke4XNVpIHy65DzuWQ-xpy_BMt0jg/s1600/ares+velhinha.JPG" height="400" width="308" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<span id="goog_401946871"></span><span id="goog_401946872"></span><span id="goog_2115165630"></span><span id="goog_2115165631"></span><br />Rocha de Sousahttp://www.blogger.com/profile/01147371530547244335noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36076576.post-80571929063040961332014-08-21T14:58:00.000+01:002014-09-02T12:51:56.059+01:00ESTAÇÕES PORTUGUESAS DE TELEVISÃO C-LIXO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSIgZdo1-xUoHt43OTr_yt0a7kCIFyI38F7t3NH-SBRz-f6MkKvWW5lHaS9wyp4oJkLfPiToWVbROByNAm86K7j3PQEarlJ6HlndPHOZhz8SmQbNMMq6JNuT8tDwaY8VyA4g/s1600/DSCF1713.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSIgZdo1-xUoHt43OTr_yt0a7kCIFyI38F7t3NH-SBRz-f6MkKvWW5lHaS9wyp4oJkLfPiToWVbROByNAm86K7j3PQEarlJ6HlndPHOZhz8SmQbNMMq6JNuT8tDwaY8VyA4g/s1600/DSCF1713.JPG" height="50" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b><span style="color: #f1c232;">PÚBLICAS BANALIDADES E HORAS DE LIXO PUBLICITÁRIO</span></b></div>
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<b><span style="color: #f1c232;"><br /></span></b></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicthesQ2ZMujd5yTuIRKoY1G1mCnNcl5sL3HEF1WWljGUcR0bFJD4tLTwx1G1Kz3C9byG7MwtqdHjvf51j9-7nVDnc4oTgDY3g0SN47YtcnsPO8jlYg2MchHQVaKYxjdWfog/s1600/DSCF1878.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: right;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicthesQ2ZMujd5yTuIRKoY1G1mCnNcl5sL3HEF1WWljGUcR0bFJD4tLTwx1G1Kz3C9byG7MwtqdHjvf51j9-7nVDnc4oTgDY3g0SN47YtcnsPO8jlYg2MchHQVaKYxjdWfog/s1600/DSCF1878.JPG" height="120" width="200" /></a></div>
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<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoDIlhgAw34vfeMB6BEKrFe3XoWYfAN4fmiLrEOX1S32HHMleTEh-utENY6IsCr4cF69dfe73aiVqd4bB5WnhlZw6rwrFBh7MbOTzFIQ8hoff1hvUQRI36xpCXXkz13n-Uiw/s1600/DSCF1881.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgoDIlhgAw34vfeMB6BEKrFe3XoWYfAN4fmiLrEOX1S32HHMleTEh-utENY6IsCr4cF69dfe73aiVqd4bB5WnhlZw6rwrFBh7MbOTzFIQ8hoff1hvUQRI36xpCXXkz13n-Uiw/s1600/DSCF1881.JPG" height="128" width="200" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="color: #ffd966; font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; text-align: justify;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="color: #ffd966; font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; text-align: justify;">Coloquei-me em frente do televisor, onde tantas horas já perdi de tédio e revolta, liguei a máquina de fotografar. Depois de uma fita de registos, apontei a objectiva ao ecrã e decidi esperar o tempo que fosse preciso. Num programa de balelas pela tarde fora, por esse país longe e deprimido, a televisão em directo, com apresentadoras, garotas fingindo que dançam e cantores de grau C, dizem a Portugal o que é Portugal -- e muita gente das redondezas ali fica ao sol, de pé, embasbacada e capaz de sorrir, ou rir, ou gritar, ou concorrer a um prémio de mil euros. Aqui vem uma senhora com o menino (de pequenino é que se torce o pepino, não é, ó Goucha?), toda contente, enquanto os frames seguintes, pirosos até mais, feitos à mão (popularmente) anunciam outra rodada e onde e a que horas.</span></div>
<div class="" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; text-align: justify;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8cySyzqBOaXmjGeIx3O6OPzQZg6GS4xUzJ_KhyqFyEtnLULppnI3vdrN7Gr4tOY_QSXp5aesSXeYm9oiISkQJaJB7Uq6kjcQgVv4DGXCRwDRIKH2Nv_-q_c68oCSOwzdg5g/s1600/DSCF1885.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8cySyzqBOaXmjGeIx3O6OPzQZg6GS4xUzJ_KhyqFyEtnLULppnI3vdrN7Gr4tOY_QSXp5aesSXeYm9oiISkQJaJB7Uq6kjcQgVv4DGXCRwDRIKH2Nv_-q_c68oCSOwzdg5g/s1600/DSCF1885.JPG" height="152" width="200" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOmiUkPu3pFEUpox_roDXH8oJCvGs2NltAO75q1eN1M5iyjTFQBicgHIpFx3Fd5WlM8ZCVJttII33HLxTJO2jUExMjf1cT_4uh8hU1ar9ErS4hGOjPeXSdKIPV89S-k2zNOw/s1600/DSCF1895.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOmiUkPu3pFEUpox_roDXH8oJCvGs2NltAO75q1eN1M5iyjTFQBicgHIpFx3Fd5WlM8ZCVJttII33HLxTJO2jUExMjf1cT_4uh8hU1ar9ErS4hGOjPeXSdKIPV89S-k2zNOw/s1600/DSCF1895.JPG" height="146" width="200" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_948yiV-HZ4tF70QD8szyyB8S5Q5odslAU1wdANf_dBDg1AUVpq-Z8rULy-W-gAqi5zecAt_-lOj3T9Z8v27W5k0QbHZSMVfjlhy_NwF6ZduSbWA3viw0Ws6CBYbUlFdCxQ/s1600/DSCF1894.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_948yiV-HZ4tF70QD8szyyB8S5Q5odslAU1wdANf_dBDg1AUVpq-Z8rULy-W-gAqi5zecAt_-lOj3T9Z8v27W5k0QbHZSMVfjlhy_NwF6ZduSbWA3viw0Ws6CBYbUlFdCxQ/s1600/DSCF1894.JPG" height="160" width="200" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="color: yellow;">senhora da CASA SUJA</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="color: yellow;"><br /></span></div>
<div class="" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #ffd966; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Fui fotografando o que me agitava desde logo a alma: podem reparar no bom gosto desta composição anunciando o elenco dos artistas e dos técnicos. Claro que muita gente acha isto piroso, mas que raio, as coisas são como são: não há ali muita gente que cola assim as fotografias nos álbuns de família, embora se limitem a apontar, numa escrita manual, os nomes dos elementos da Casa, o Joaquim corta e cola, a Maria acha mal porque a senhora professora de Educação Visual indicou maneiras mais giras e sérias de conferir equlíbrio à composição das imagens e dos textos numa folha A4. Coitada da miúda, então não queriam ver que ela se achava mais apta do que os senhores da televisão?</span></div>
<div class="" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbh2DTFnMxDdWebEE4tJ2xTdwWO_mVhPKYkYs0YQ65U2oMZ6neLh4OSQn6Z5fljWRrx_G8OYsTyk1_quE1XzoAo9tum3igqgCCmBtSpBnTeQu9gNWKgd7SQ7pcaZG_O5aOeg/s1600/DSCF1888.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbh2DTFnMxDdWebEE4tJ2xTdwWO_mVhPKYkYs0YQ65U2oMZ6neLh4OSQn6Z5fljWRrx_G8OYsTyk1_quE1XzoAo9tum3igqgCCmBtSpBnTeQu9gNWKgd7SQ7pcaZG_O5aOeg/s1600/DSCF1888.JPG" height="122" width="200" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQev-YnWwths9XS6eXub5L9TNPgBoC3g_H0xLh1nSqjbgkSx9jIyb5O-7HBiA_rKQZLLe8qO5oiVQbOqBb4t8exf_2S7Sy0VQuLGlGtERcCuiY5V4XVxBiayeGmtkut5IISg/s1600/DSCF1907.JPG" imageanchor="1" style="display: inline !important; margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQev-YnWwths9XS6eXub5L9TNPgBoC3g_H0xLh1nSqjbgkSx9jIyb5O-7HBiA_rKQZLLe8qO5oiVQbOqBb4t8exf_2S7Sy0VQuLGlGtERcCuiY5V4XVxBiayeGmtkut5IISg/s1600/DSCF1907.JPG" height="115" width="200" /></a></div>
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<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtomWU-F5myI1IVBK_Y3BpX1NIZ9TfH60KBRpJf5Jy9EFXuCcAY0phxVjnScgBivQL3y-cgQbrnQKOaoTnKjWUjU0fY7GYTCnilyNcNHBVA9YFZmrgb6uHK0MJLg_NMo5rVQ/s1600/DSCF1886.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtomWU-F5myI1IVBK_Y3BpX1NIZ9TfH60KBRpJf5Jy9EFXuCcAY0phxVjnScgBivQL3y-cgQbrnQKOaoTnKjWUjU0fY7GYTCnilyNcNHBVA9YFZmrgb6uHK0MJLg_NMo5rVQ/s1600/DSCF1886.JPG" height="145" width="200" /></a></div>
<div class="" style="clear: both; text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<span style="color: yellow; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">as séries de nível C-lixo</span><br />
<span style="color: #ffd966; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
</div>
<div class="" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #ffd966; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">As novas teconologias já nos metem nas mãos ecrãs pequenos, A4 (porque não), com tudo lá dentro: a publicidade antes do mais, as séries de acção (ali está o rapaz tocado por Deus para não disparar a pistola), coisas assim SYFY, MGM, internet, mensagens a cada minuto, entre o Terreiro do Paço já cosmopolita e um lugarejo da Ucrânia, massacrada pelos russos e ajudada diplomaticamente pela sonsa Europa e os caças americanos. Mas não julguem que a televisão assombra as pessoas com coisas dessas. As piores guerras são nos canais de notícias, horas seguidas, com uns marretas a falar de futebol, sempre de cátedra, com médicos e tudo, homens que medem o tempo, economicistas, políticos. Tudo pára, até as eleições, porque começou o Chelsea com o Benfica e em Espanha o Ronaldo <i>fez </i>um golo, que é preciso repetir três vezes e em ângulos diferentes. Esta <i>mobilidade visual </i>já foi estudada na Universidade, em teses de doutoramento. O futebol é uma das religiões mundo. A virilidade dá para enormes cenas de pancadaria cínica, no corpo a corpo, coisa que nunca se vê em coisas como <i>Jardins Proibidos, </i>novela que vem somar-se a mais cinco e repetições que os canais passam à noite, de manhã e de tarde, claramente <i>acima das nossas possibilidades de percepção, </i>sobretudo depois do debate político de ontem: já apareceram ténues sinais de desenvolvimento e o BES vai ser lavado da hemorragia que teve na sua própria sede. O INEM chegou outra vez tarde. Portugal não sabe onde estão os verdadeiros torcionários e já nem pode garantir a quem o BESI (Angola) emprestou cinco ou seis milhões de euros. Uns quanzas é que deviam calhar. Mudem de canal, mudem depressa, vai falar o professor Marcelo Rebelo de Sousa. Gravem, amanhã decifra-se a embrulhada.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="" style="clear: both; text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwHgi2p2jFxksg6LIoFX4Nkyz1hYBEWWMxDrKYlLka7XVyeCjPd6mo2Q1jS_-XviDSrmGHuWVN7jB0Pc7biO23-Q57flGFeZVfepz_euOZDkcN25-psqVZVQHpoa8V74e0Ag/s1600/DSCF1901.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwHgi2p2jFxksg6LIoFX4Nkyz1hYBEWWMxDrKYlLka7XVyeCjPd6mo2Q1jS_-XviDSrmGHuWVN7jB0Pc7biO23-Q57flGFeZVfepz_euOZDkcN25-psqVZVQHpoa8V74e0Ag/s1600/DSCF1901.JPG" height="156" width="200" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: yellow;">como livrar as universidades do C-lixo</span><br />
<span style="color: #ffd966;"><br /></span></div>
<span style="color: #ffd966; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">É preciso abreviar isto porque os minutos, na televisão portuguesa, são contados aos minutos, excepto quando se trata do futebol: dois canais, cinquenta minutos cada, com prolongamento, e jogos eternos, a oitenta milhões por contrato de jogador, o que não os impede de puxarem pelas camisolas, rasteirarem o parceiro, partirem maléolos e coisas assim. As fases em câmara lenta, repetidas com o seu ênfase próprio, mostram algo de semelhante a uma carnificina a cores -- e que nos lembra os escassos minutos das guerras em curso no Médio Oriente.</span><br />
<span style="color: #ffd966; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Este plano tratava, sucintamente dos cortes nos orçamentos de ESTADO para as Universidades. É claro que o Estado aforra muitos milhões populares com concursos como o euro-milhões certas taxas que mal se notam, das quais surgem poupanças que davam para o nosso primeiro-ministro não dizer aquelas coisas por causa do Tribunal Constitucional: então agora fez birra no discurso do Pontal e, porque lhe cortaram a CES, subiu a voz, garantindo que, se era assim, então não proporia mais reformas para a Segurança Social. É que ele pensa que a tal taxa era uma Reforma. Cortar nos salários é reconfigurar tudo, funções, projectos, interacção entre serviços, campos financeiros, económicos, justicialistas e de balanço.</span><br />
<span style="color: #ffd966; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Voltando aos reitores. Os homens têm razão: então o governo adianta 60 milhões de subsídio aos colégios privados e, este ano, ao Ensino Superior carregou com mais 14 milhões? Eu duvido destes números que li num jornal controlado por dinheiros de África. Mas é certo que aumentou, isso sei, e sei também que devia <b>parar </b>ou <b>descer.</b></span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0x_Z48K0gdKMkE5eQBiAkKtKnYAos3IFkC_XOC8C0jnPQVmM5uA8ku0LknWQEEgk1n5Xl9b_E1Q1cXBjs-lYslkDlLGoOPYNpFfVmhvsRHnBW8aR1FZcQhmP53Ug8L-_Q1Q/s1600/DSCF1903.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0x_Z48K0gdKMkE5eQBiAkKtKnYAos3IFkC_XOC8C0jnPQVmM5uA8ku0LknWQEEgk1n5Xl9b_E1Q1cXBjs-lYslkDlLGoOPYNpFfVmhvsRHnBW8aR1FZcQhmP53Ug8L-_Q1Q/s1600/DSCF1903.JPG" height="158" width="200" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="color: yellow;">o «belo gosto» dos gráficos</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="color: yellow;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #ffd966; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Aqui têm uma grelha sobre desporto que prima pelo contraste e elegância das manchas gráficas. Isto é o pão nosso de cada dia: insersores de caracteres que se imobilizam no tema e não repetem o nome do convidado, letras de macarrão, simbolos desalinhados, rótulos entre maneirismos de canal e de tema, por vezes a bonecama invadindo cenas inteiras, para que ninguém se esqueça que está vendo AMOR e VENTO (em cima, à direita do ecrã) e que está sintonizando o canal TUF1, e em breve terá acesso aos bonecos que invadiram por momentos o campo, com momices e dejectos, além do nome Rei Pirata. Isto é tudo ilegal, contra os direitos do espectador e os direitos dos autores, já pensaram. Aproveitam para olhar para baixo: é mais um troféu que tem esta cara e esta expressão, aspectos grotescos em nada ligados ao humor, nem à comédia, nem ao circo, nem à revista à portuguesa, mesmo aquela que conquistou Lisboa, pelo génio de La Féria, no Politeama.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVp_3IXRo0oWpgonmYx60FlENKCXc8JmCuXkhyphenhyphenhWLD0JmI_H7IN-kdlJn32OsCwhwzd346kmGP1X0I1Ds-5eDpNXnmdXMltYOdhz9-f-3w1uNnOqO8thYEAbWqeJZNV3aRSw/s1600/DSCF1905.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVp_3IXRo0oWpgonmYx60FlENKCXc8JmCuXkhyphenhyphenhWLD0JmI_H7IN-kdlJn32OsCwhwzd346kmGP1X0I1Ds-5eDpNXnmdXMltYOdhz9-f-3w1uNnOqO8thYEAbWqeJZNV3aRSw/s1600/DSCF1905.JPG" height="137" width="200" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b><br /></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="color: yellow;"><b>O cinema é coisa me</b><b>!!!!!!</b><b>nor: vamos às novelas</b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvg4-bCrx75kPHDtJVvQ0vDzScfVk3e6zx0PqxhXc770Af7Z8PuXdFzFrxt74cYJB32rRY4DILXGP5DlpRQUFY1UhTXRPQNouQxeA6xXiWmqRUkMbQwk0WGMXmB2FNKJF-fg/s1600/DSCF1891.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvg4-bCrx75kPHDtJVvQ0vDzScfVk3e6zx0PqxhXc770Af7Z8PuXdFzFrxt74cYJB32rRY4DILXGP5DlpRQUFY1UhTXRPQNouQxeA6xXiWmqRUkMbQwk0WGMXmB2FNKJF-fg/s1600/DSCF1891.JPG" height="140" width="200" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEib8b4gGf0URwCqU3NG9TvJlw7L91u9LF0Da9EAUK40HWNC67vhTJXqv_V-jVklS6gTkVPc8mjlpiIqQEwcFukpXkPi28-rauziplEIo_fzBDRDT0Ph-ApRIalul4TCGKlgjg/s1600/DSCF1892.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEib8b4gGf0URwCqU3NG9TvJlw7L91u9LF0Da9EAUK40HWNC67vhTJXqv_V-jVklS6gTkVPc8mjlpiIqQEwcFukpXkPi28-rauziplEIo_fzBDRDT0Ph-ApRIalul4TCGKlgjg/s1600/DSCF1892.JPG" height="107" width="200" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="color: yellow;">actores bons* argumentos rotineiros e de pacote</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="color: #ffd966;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #ffd966; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Tenho o maior respeito pelos nossos actores e acho que, se houvesse gente capaz do lado conceptual, argumento, inovação expressiva, fuga às convenções cariocas, poderíamos chegar a um ponto superior da arte de criar em televisão; no caso de configurações derivadas do cinema e mesmo do experimentalismo arrancado da era do vídeo.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #ffd966; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">É talvez altura para, lembrando a desmontagem crítica do saudoso Mário Castrim, apontar algumas coisas sobre as telenovelas. É verdade que os actores evoluiram de forma notável e chega a haver mesmo sequências com cenas muito bem pensadas, contextos cénicos bem favoráveis à relação das cenas e dos tempos, num grau de verosimilhança decisivo. Mas, curiosamente, um dos principais problemas começa nas angulares e na permanência irreal do estereótipo de cada lugar, do próprio guarda-roupa, de certas marcas psicológicas a que o «boneco» é forçado, em nome, porventura do reconhecimento existencial.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #ffd966; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">No caso da novela que está a terminar («Belmonte»), aliás mais ou menos bem urdida e com momentos apreciáveis de escrita (palavras e qualidade dos planos), há, como em todas, uma absurda geografia quanto a lugares e aspectos gerais, sobretudo os aéreos.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #ffd966; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">As instalações do grupo Belmonte são muito bem achadas e os interiores cénicos, em racord com o clima da Quinta, funcionam com muito interesse. O espaço sala do casarão Belmonte, onde a família comcentra refeições, troca de palavras e mesmo cenas de desconfiança de bom recorte, tem uma escala que permitiria encenações mais ricas e intencionais, quer ao nível do movimento dos actores quer do lado da câmara, circulando, subindo e descendo, por exemplo, na medida em que esse investimento no cenário implicaria a emergência das diferenças e das sombras.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #ffd966; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Depois pensamos assim: só à o café da Beatriz em Estremoz, assaz munida de uma estalagem</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #ffd966; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">que só perda por saídas e entradas parecerem demasiado teatro. É preciso que o espectador aprenda, mas isso não deixa de acontecer com recursos diferentes à tomada de vistas. Quase sempre, tudo está tão previamente fixado, que levanta a ideia das câmaras estarem coladas ao chão, desde o início e nos mesmos pontos. Tudo, aliás, acontece assim: a distância a que se entra no sala dos Belmonte, a falta de uma parede no café da Beatriz , a fixidez da sala dos Milheiros. E assim por diante, em todo o lado. Não me parece nada descabido combinar com certas lojas e cafés a captação de cenas curtas, uma compra, uma conversa com alguém dali. Os habitantes não podem ser só meia dúzia de figurantes. E a luz que se aplica aos cenários, se é de dia, tem de o parecer (neste tipo de registo), tal como à noite. Os espectadores seguem um fio em cortes da meada e não sabem a quantas horas. E não se fale nos calções e minisaias de todas as miúdas e raparigas. É bonito, dizia-me um velho, ver as pernas. Pois sim. Talvez seja por isso que está sempre sol, há sempre praia (nas novelas em geral) e ainda não aprenderam a iniciar uma relação amorosa despindo-se primeiro por baixo e só depois, ou entretanto, a roupa de cima. Os esterótipos das cenas de cama são risíveis: não é nada difícil melhorar essas encenações, marcando-as pelo que sucede psicologicamente com as personagens. Toda a gente salta sobre uma secretária, raramente sobre uma cama e desatam a despir-se um ao outro SEMPRE DA MESMA MANEIRA. E não estou a referir os actos de encosto à parede: o que se podia dizer a esse respeito (e à chuva, rara) poderia dar uma sequência jocosa.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #ffd966; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Os fazedores de telenovelas (diz-se que por causa do turismo) aprenderam a filmar paisagens cidades ou aldeias através de vista aérea. Muito bem Dá jeito e, em muitos casos, dá a ver o outro lado da beleza. Mas isso não tem que ser feito sempre da mesma maneira, com o mesmo movimento de aproximação, os mesmos cavalos correndo, os mesmos toiros na margem. Pode haver uma questão económica. Há um parágrafo, sai plano aéreo inserido e a musiquinha assaz demasiado alta e quase sempre desapropriada do lima geral do enredo. Este recurso, ensopadamente repetitivo não tem sentido. Como aquela de os personagens, após uma troca rude de palavras, apanharem com um que resolve sair: vão quase sempre a quase correr. Será expressão? Sempre?</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #ffd966; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Um dos horrores de quem vê novelas é ter que chupar, por todo o lado e em todas as cenas, a música por vezes espantando os diálogos ou, na mesma altura, perante uma cena dramática, de murmúrios, entre um qualquer casal solitário, porventura ao fim do dia. Tudo o que se aponta aqui deveria ser revista, sem ceder a brasileiros e a batidas de cão. E também «proibir» os inserts com planos da rua em que o trânsito e as pessoas se deslocam à velocidade da luz. É aberrante e não acrescentam retira nada a nada. É apenas um erro grosseiro.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #ffd966; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Era urgente escrever um livro sobre estas coisas. </span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #ffd966; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Mas termino. E termino dizendo que as novelas não precisam de rótulos aos cantos e de interupções para publicidade de outras e de produtos, com uma marca decrescente dos segundos que vão permitir retomar a acção. Uma cena é interrompida: vê-se no ecrã 30 s, e começa o relógio a andar para trás. Isto várias vezes e com tempos diferentes. Para não falar nos intervalos onde já cheguei a contar 28 minutos de salada de anúncios. Depois é entre programas. E sempre assim. Se não há, falta legislação sobre isto: há países que regulam tudo e não permitem interromper um filme (já falo nos de qualidade) para passar durante 40s uma pasta dentífrica. Um amigo meu, disse-me: não ligam aos direitos, especiais e gerais, querem o dinheiro e usam 24 horas de televisão para, durante o dia, a impressão de que vimos mais publicidade do que formas de outra cultura,,cinema, teatro, novela, debates, palestras ilustradas, desporto com conta peso e medida, música séria, etc.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #ffd966; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Ajuda aí na parte política, amigo Castrim.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #ffd966; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Do Além ouve-se: eles mataram um dos maiores engenhos do século XX. E até o cinema, com os monstros do imaginário americano vão tragar a terra. Volta ao Kazan e ao Tarkovsky, entre outros. Em suma, escolhe.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjawgBM6CV2nWml28uvWBmBWxF9DJNv50WO-98xOzJeH_5Pq0_mfhgkx7cXqKwQDs3iyh9hg0Y2moay89PqOXzCgJtve97zTrbXcEN0zPkQ7q9V1lTARm6p5BPTIlY1sbmUZg/s1600/DSCF1902.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjawgBM6CV2nWml28uvWBmBWxF9DJNv50WO-98xOzJeH_5Pq0_mfhgkx7cXqKwQDs3iyh9hg0Y2moay89PqOXzCgJtve97zTrbXcEN0zPkQ7q9V1lTARm6p5BPTIlY1sbmUZg/s1600/DSCF1902.JPG" height="115" width="200" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdAVVlwIeGYZ12Zt-54IjfWHJ5eYXhQDoIAcse9Sp3rz6QnlwgtMRKyIGsMUzKEQbC7hh8FqxkPzUtgbc7oV-MvE4oA5zsM0I4RREvSYxGZCwD4T8vQS9nKKmZ5eyaU4Z-4Q/s1600/DSCF1899.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdAVVlwIeGYZ12Zt-54IjfWHJ5eYXhQDoIAcse9Sp3rz6QnlwgtMRKyIGsMUzKEQbC7hh8FqxkPzUtgbc7oV-MvE4oA5zsM0I4RREvSYxGZCwD4T8vQS9nKKmZ5eyaU4Z-4Q/s1600/DSCF1899.JPG" height="126" width="200" /></a></div>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdAVVlwIeGYZ12Zt-54IjfWHJ5eYXhQDoIAcse9Sp3rz6QnlwgtMRKyIGsMUzKEQbC7hh8FqxkPzUtgbc7oV-MvE4oA5zsM0I4RREvSYxGZCwD4T8vQS9nKKmZ5eyaU4Z-4Q/s1600/DSCF1899.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"></a><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjVv4oNqkme37lW-o176RWXt2ndQ5IiAsk5dMryuSlQlE_EXSRffhLjEWmEeLAUFjXVqvVEgY4ycph32HmwTRtdbSKmNhlY4YMxyIrmiNPXm81XhOAinNtyoRvXl_ITqFlog/s1600/DSCF1883.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjVv4oNqkme37lW-o176RWXt2ndQ5IiAsk5dMryuSlQlE_EXSRffhLjEWmEeLAUFjXVqvVEgY4ycph32HmwTRtdbSKmNhlY4YMxyIrmiNPXm81XhOAinNtyoRvXl_ITqFlog/s1600/DSCF1883.JPG" height="175" width="200" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1h-dE5fWtmkFO3SBrYDoTKGTkEdDxWtqtBFA6Yg2-Nt8yb27CQTTgGosElj6q8GL6FjcSmL9e5O1QgMHYtKnHiB3dEkzAc_OgiK3iytTdCp0TfF1kqI9vh4K_tmZclMBEqg/s1600/DSCF1889.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1h-dE5fWtmkFO3SBrYDoTKGTkEdDxWtqtBFA6Yg2-Nt8yb27CQTTgGosElj6q8GL6FjcSmL9e5O1QgMHYtKnHiB3dEkzAc_OgiK3iytTdCp0TfF1kqI9vh4K_tmZclMBEqg/s1600/DSCF1889.JPG" height="117" width="200" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: yellow;">intervalos e cortes de publicidade proibitivos </span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjertzGFG0ieZ3EsC2aESKWndIw_54XajslBJW3utm6RVhBsQLeTB77NwNU-gaxnqhTdYgiz7Hfyg7rQjYrTvSF0OOCuE9HQPx23N7DYHhMWuMDNC8dlw3nadWk0DkyucCXdQ/s1600/DSCF1581.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjertzGFG0ieZ3EsC2aESKWndIw_54XajslBJW3utm6RVhBsQLeTB77NwNU-gaxnqhTdYgiz7Hfyg7rQjYrTvSF0OOCuE9HQPx23N7DYHhMWuMDNC8dlw3nadWk0DkyucCXdQ/s1600/DSCF1581.JPG" height="157" width="200" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="color: #ffd966; font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; text-align: justify;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="color: #ffd966; font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; text-align: justify;">Mário Soares, Presidente da República no início do processo de Abril 74, irrita-se com as coisas de agora e diz o que lhe apetece. Está velho mas intervém. O seu mal não é a televisão, mas ainda sabe quem dorme por cima da sua cabeça: pode ser um sono de amor ou um vulgar simples reclame ao perfume da agenda. Depois tudo corre na mesma: o ecrã mostra a uma hora, sinal de que vai acontecer um programa: mas claro que uns segundozinhos vêm mesmo a calhar para a publicidade ao carrinho. Sempre. A toda a hora. As estações cartelizam a publicidade. Quando um programa mal acaba, antes do seguinte lá vem a cascata da publicidade. E o espectador sem licenciatura de chantageado por outro: está a dar publicidade. Só quando um termina, terminam todos.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="color: #ffd966; font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; text-align: justify;">Que bela liberdade de comunicar, que bela ética: todos escondem todos.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="color: #ffd966; font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; text-align: justify;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #ffd966; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Olhem para cima, mais publicidade, mais sport, e ali não dizem que, na televisão portuguesa, desporto coorresponde a futebol. Uma das maiores invenções da moderna tecnologia é hoje prisioneira da forma como se transmite e se paga a si mesma: quase não serve para nada, prende os velhos às cadeiras, trabalha absurdamente 24 horas sobre 24 horas, esmaga o mundo sob o seu peso, esquemas de contrato, concorrências que implicam horrores de mau gosto e massificações em pós modernismo do humor, reles, reles até se morrer em solidão diante do «vidro» à cores e muito barulho. Os mais crentes no Além já se convenceram que preferem ouvir música celestial do que ter televisão com mil canais no quartinho de nuvens.</span><br />
<span style="color: #ffd966; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<div style="text-align: left;">
<div style="text-align: center;">
<b><b><span style="color: red;"><i><b><b><span style="color: red;"><i>CONTINUAREMOS: SOBRETUDO DEPOIS DAS PRÓXIMAS GREVES DO PÚBLICO </i></span></b></b></i></span></b></b><b><b><span style="color: red;"><i>À TELEVISÃO PORTUGUESA, BEM COMO A GREVE DE ANUNCIANTES</i></span> </b></b></div>
</div>
</div>
<b>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicthesQ2ZMujd5yTuIRKoY1G1mCnNcl5sL3HEF1WWljGUcR0bFJD4tLTwx1G1Kz3C9byG7MwtqdHjvf51j9-7nVDnc4oTgDY3g0SN47YtcnsPO8jlYg2MchHQVaKYxjdWfog/s1600/DSCF1878.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"></a></b></div>
<!-- Blogger automated replacement: "https://images-blogger-opensocial.googleusercontent.com/gadgets/proxy?url=http%3A%2F%2F1.bp.blogspot.com%2F-HAgujLs0VDk%2FU_Smm1QbDRI%2FAAAAAAAALrY%2FA2kY-7YkzQA%2Fs1600%2FDSCF1899.JPG&container=blogger&gadget=a&rewriteMime=image%2F*" with "https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdAVVlwIeGYZ12Zt-54IjfWHJ5eYXhQDoIAcse9Sp3rz6QnlwgtMRKyIGsMUzKEQbC7hh8FqxkPzUtgbc7oV-MvE4oA5zsM0I4RREvSYxGZCwD4T8vQS9nKKmZ5eyaU4Z-4Q/s1600/DSCF1899.JPG" --><!-- Blogger automated replacement: "https://images-blogger-opensocial.googleusercontent.com/gadgets/proxy?url=http%3A%2F%2F3.bp.blogspot.com%2F-fobvllOEVqo%2FU_SkTiqVcNI%2FAAAAAAAALq4%2F4s9vM_QPJsQ%2Fs1600%2FDSCF1894.JPG&container=blogger&gadget=a&rewriteMime=image%2F*" with "https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_948yiV-HZ4tF70QD8szyyB8S5Q5odslAU1wdANf_dBDg1AUVpq-Z8rULy-W-gAqi5zecAt_-lOj3T9Z8v27W5k0QbHZSMVfjlhy_NwF6ZduSbWA3viw0Ws6CBYbUlFdCxQ/s1600/DSCF1894.JPG" --><!-- Blogger automated replacement: "https://images-blogger-opensocial.googleusercontent.com/gadgets/proxy?url=http%3A%2F%2F4.bp.blogspot.com%2F-vhx3S4hG81Y%2FU_Sjg3jdMnI%2FAAAAAAAALqs%2FzzuFHBqy_TA%2Fs1600%2FDSCF1892.JPG&container=blogger&gadget=a&rewriteMime=image%2F*" with "https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEib8b4gGf0URwCqU3NG9TvJlw7L91u9LF0Da9EAUK40HWNC67vhTJXqv_V-jVklS6gTkVPc8mjlpiIqQEwcFukpXkPi28-rauziplEIo_fzBDRDT0Ph-ApRIalul4TCGKlgjg/s1600/DSCF1892.JPG" --><!-- Blogger automated replacement: "https://images-blogger-opensocial.googleusercontent.com/gadgets/proxy?url=http%3A%2F%2F3.bp.blogspot.com%2F-QelBaXITxw0%2FU_SezjnuPzI%2FAAAAAAAALpg%2FDKgGti-R9H0%2Fs1600%2FDSCF1713.JPG&container=blogger&gadget=a&rewriteMime=image%2F*" with "https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSIgZdo1-xUoHt43OTr_yt0a7kCIFyI38F7t3NH-SBRz-f6MkKvWW5lHaS9wyp4oJkLfPiToWVbROByNAm86K7j3PQEarlJ6HlndPHOZhz8SmQbNMMq6JNuT8tDwaY8VyA4g/s1600/DSCF1713.JPG" --><!-- Blogger automated replacement: "https://images-blogger-opensocial.googleusercontent.com/gadgets/proxy?url=http%3A%2F%2F2.bp.blogspot.com%2F-yN9Vt_JKYPY%2FU_SfRTolLsI%2FAAAAAAAALpo%2FKcuVifGcFZ0%2Fs1600%2FDSCF1878.JPG&container=blogger&gadget=a&rewriteMime=image%2F*" with "https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicthesQ2ZMujd5yTuIRKoY1G1mCnNcl5sL3HEF1WWljGUcR0bFJD4tLTwx1G1Kz3C9byG7MwtqdHjvf51j9-7nVDnc4oTgDY3g0SN47YtcnsPO8jlYg2MchHQVaKYxjdWfog/s1600/DSCF1878.JPG" --><!-- Blogger automated replacement: "https://images-blogger-opensocial.googleusercontent.com/gadgets/proxy?url=http%3A%2F%2F2.bp.blogspot.com%2F-wF1Zwhe5C1Q%2FU_SqOs995CI%2FAAAAAAAALsQ%2FJ6JdHWM411Q%2Fs1600%2FDSCF1889.JPG&container=blogger&gadget=a&rewriteMime=image%2F*" with "https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1h-dE5fWtmkFO3SBrYDoTKGTkEdDxWtqtBFA6Yg2-Nt8yb27CQTTgGosElj6q8GL6FjcSmL9e5O1QgMHYtKnHiB3dEkzAc_OgiK3iytTdCp0TfF1kqI9vh4K_tmZclMBEqg/s1600/DSCF1889.JPG" --><!-- Blogger automated replacement: "https://images-blogger-opensocial.googleusercontent.com/gadgets/proxy?url=http%3A%2F%2F1.bp.blogspot.com%2F-gsFQPveUoZE%2FU_SgOgw7z1I%2FAAAAAAAALp0%2FGMhqd4oW26w%2Fs1600%2FDSCF1883.JPG&container=blogger&gadget=a&rewriteMime=image%2F*" with "https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjVv4oNqkme37lW-o176RWXt2ndQ5IiAsk5dMryuSlQlE_EXSRffhLjEWmEeLAUFjXVqvVEgY4ycph32HmwTRtdbSKmNhlY4YMxyIrmiNPXm81XhOAinNtyoRvXl_ITqFlog/s1600/DSCF1883.JPG" -->Rocha de Sousahttp://www.blogger.com/profile/01147371530547244335noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36076576.post-33401283323799740802014-08-18T17:56:00.000+01:002014-08-19T15:52:35.430+01:00HAMAS*GAZA*ISRAEL*LÍBIA*SÍRIA*UCRÂNIA* E A PESTE <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj41BGu9uesbLTx5S0KSE5AErL-cMeM7n94Tmug3X4ooTnlt6_yT7pGpZZjGXbhf8WPD0PBu4VB0joJJUftbNvuZ1lDFk3q1yWq-nnXnvGDX6Ddb91otx4Y-fWXrSk_nU-GKQ/s1600/Guerra.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj41BGu9uesbLTx5S0KSE5AErL-cMeM7n94Tmug3X4ooTnlt6_yT7pGpZZjGXbhf8WPD0PBu4VB0joJJUftbNvuZ1lDFk3q1yWq-nnXnvGDX6Ddb91otx4Y-fWXrSk_nU-GKQ/s1600/Guerra.png" height="280" width="400" /></a> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; text-align: justify;">Talvez não haja título nem para as «ilustrações» nem para os indícios da sua turbulência, a fragmentação dos edifícios, os seres cortados ou desfeitos em imagens de espelho ao correr do olhar. São as guerras que merecemos ou o resultado de civilizações que erraram os planos </span><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">da sua história, entre os medos, os mitos e os deuses a fazer de pais omnipotentes, a exigir mortandades para serviço da sua discisplina e ordem e ocultos desejos de grandeza. Veio tudo a acantonar-se num só Deus com vários nomes. Alá está hoje zangado e o livro que o serve é decorado pelas meninas que os talibã sequestram em estranhas escolas. Deus, dos cristãos, já aparecera no livro Sagrado dividido em vários ou num disfarce de cólera única para reger um mundo convulsivo, apesar dos anteriores, Buda, o senhor oferecido ao Todo </span><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">ou ao Nirvana, para onde convergem os mortos vazios do que foram em vida. Agora as religiões repetem os horrores milenares e despedaçam as nações: outrora as Cruzadas, entretanto as guerras santas, sob o mesmo Alá, numa pavorosa explosão de grupos, seitas, sacerdotes feitos generais, presidentes gritando para as tempestades como os Papas medievais sussurravam a usura e os equívocos entre mortos e vivos, casando e descasando, até à luz daquele Lutero que ainda nos ilumina apesar das suaves iluminações de Francisco, arranchado perto do Vaticano e pronto a dizer as prontas palavras até há pouco ocultas nas catequeses.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Estas palavras, descosidamente, procuram chamar a atenção para as crises sistémicas actuais e para os fenómenos de desmembramento das culturas em nome das novas Cruzadas </span><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">de todos contra todos, povos, etnias, seitas, religiões, grupos económicos e políticos, em perda como a ONU, a UE, a própria UNESCO, sem falar nos federações e outros regimentos de interesses e de memória colonial.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br /></span></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Assim, aqui ficam, para memória futura, duas imagens riscadas, a morte de alguém, as cidades devastadas, em ruínas.</span><span style="text-align: center;"> </span></div>
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_eWeu6hDtgMHNM1fok8Op78UjtnD0gtSuXmwwHu7L3XgA4ssPngGMCIBillwTP7A0WlC8DEM8MNj03ghQYjg_lZK_onycbFE5LPG8npUlEHzGy080wRwE-kSTB63MUICXxw/s1600/Guerra.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><br /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGrGFyYhu_bt7VSq-jRS_TewslRX7oCjw_8u8tshMiIISV5N3-hN9ZsTft0g7mWBr0k91uPh2rprCktr02WomikEWrijm3AKSa5PMdUD4X1ezxEn35fScjnCx7MNWABBPjbw/s1600/algu%C3%A9m+-+C%C3%B3pia.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGrGFyYhu_bt7VSq-jRS_TewslRX7oCjw_8u8tshMiIISV5N3-hN9ZsTft0g7mWBr0k91uPh2rprCktr02WomikEWrijm3AKSa5PMdUD4X1ezxEn35fScjnCx7MNWABBPjbw/s1600/algu%C3%A9m+-+C%C3%B3pia.png" height="281" width="320" /></a></div>
<h4>
</h4>
Rocha de Sousahttp://www.blogger.com/profile/01147371530547244335noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36076576.post-59000165598985346642014-06-11T11:03:00.004+01:002014-06-11T14:04:43.215+01:00OBRA DE NINGUÉM pensar o ver<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCjlAhUQB9DyAlxgg1Ii79qRJ233enTh72eLjEOaeYpu4X8l9x5fkiLtxwWPbMxJKuIUt_lK18VrntKHDbc6oTTSDIQfPIqFQWqux1XNRiJeWR4kulkfCEzTJ5KvWs-_CqlQ/s1600/028.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCjlAhUQB9DyAlxgg1Ii79qRJ233enTh72eLjEOaeYpu4X8l9x5fkiLtxwWPbMxJKuIUt_lK18VrntKHDbc6oTTSDIQfPIqFQWqux1XNRiJeWR4kulkfCEzTJ5KvWs-_CqlQ/s1600/028.JPG" height="229" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right; text-indent: 26.0pt;">
<b><span style="color: #fce5cd; font-family: Georgia, serif; font-size: 14pt;">questões de conceito| 1<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 26.0pt; text-align: justify; text-indent: 26.0pt;">
<span style="color: #fce5cd;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 26.0pt; text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;"> Então ele
disse: «as artes não servem para ornamentar o mundo, mesmo quando alguém as
orienta nesse sentido. Não parecem ter esse fim, sem nada que desvende o seu
eventual enigma, entre suportes técnicos e culturais. Mas já ninguém duvida de
que elas sejam o rosto sensível da própria civilização.»<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 26.0pt; text-align: justify; text-indent: 26.0pt;">
<span style="color: #fce5cd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">Os alunos, compactos e impacientes, julgaram que estas
palavras seriam, provavelmente, o termo da lição: porque eles conheciam
razoavelmente as tonalidades retóricas do professor e a maneira como
teatralizava, em síntese, o fim das suas lições. Mas o docente mudou de agulha
e prosseguiu:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 26.0pt; text-align: justify; text-indent: 26.0pt;">
<span style="color: #fce5cd;"><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">— Se hoje nos encontramos aqui, na circunstância de trabalho
que dispensa a pompa e os paramentos, é porque o </span><span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt;">pensamento plástico</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;"> apontou de vez para a autonomia das nossas escolhas neste
âmbito. Podemos agora falar delas sem qualquer obrigação ritual que nos torne
reféns de todas as antigas cerimónias do aprender inicial, entre cabeças
gregas, de gesso, e humildes
placas de cartão
sobre <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 26.0pt; text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">as quais tudo tinha de ser resolvido com preto, branco e
ocre, porventura superando o disfarçado
valor da pele. Com efeito, o nosso labor já consistiu em obedecer a um longo
processo de manipular pequenas misturas de tintas, esbatendo-as no cinza do
suporte, testando assim uma habilidade artesanal, milagrosa, como a desses
actos monásticos dos iluministas cuja meticulosa vocação se tornaria afinal
insustentável, entretanto desaconselhada pelas ciências da arte. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 26pt; text-align: right;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 26.0pt; text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd;"><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;"> Os frades,
castrados e frios desde meninos, aprendiam a </span><span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt;">fazer fazendo</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">, pouco mais, ignorando a verdadeira noção de projecto e a
própria ideologia que informava e formava todas as nossas urgências. Contudo, e
ao contrário do que muitos ainda pensam, não foram os artesãos os culpados da
posterior teoria, nem são os </span><span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt;">elefantes brancos </span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">da vanguarda a empurrarem os artistas para a exclusão,
quebrando preciosidades em volta, indiscutíveis, como as antigas porcelanas da
longínqua dinastia Ming, na velha China,
ou as peças de Limoges, na França, bem mais recentes. O saber
teórico, aliado ao campo instrumental da praxis, tem o mérito de fundamentar
descobertas, sem negar instintos e intuições, em sucessivos espaços da criação
consistente. Espera-se desse encontro o achamento de uma forma de facto inovadora, capaz de ajudar, tanto
virtual como presencialmente, o avanço da grande arquitectura do ser. Poderemos
então falar, com mais justeza, da rede que multiplica o sentido universal de
todas as disciplinas cujo elenco de conteúdos abrirá novas conexões à própria
razão. Poderemos também referir o papel da razão e da emoção nos decisivos
alinhamentos da consciência. Todo o saber ontológico passa por aí. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 26.0pt; text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd;"><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;"> As Escolas de
Arte, desde as últimas décadas do século anterior, foram sobretudo aliciadas
pela invenção e desenvolvimento das chamadas tecnologias de ponta, máquinas que
pareciam anunciar um distante mundo do futuro, aparelhos e </span><span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt;">próteses
</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">cujas funções permitiam, com efeito, abrir múltiplos espaços
à criatividade. As teses que desbravaram tais domínios, estudando as virtudes
tradicionais da pintura, por exemplo, em jeito de simbiose com os modernos
instrumentos, transferiram para as velhas oficinas dos velhos mestres vários
patamares apropriados aos novos modos de formar. Em bom dizer, no entanto, esses
entrosamentos de tecnologias híbridas, e outras, não passaram, durante muito
tempo, de meras somas de </span><span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt;">crescimento. </span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">O desenvolvimento das
aptidões humanas, ou da sociedade na sua amplitude maior, realiza-se noutro
comprimento de onda (digamos) e apesar das </span><span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt;">interferências. </span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">Terá de ser sempre enquadrado numa perspectiva filosófica,
no âmbito de um espírito produtivo e vocacionado para a descoberta de
sucessivas verdades. No século XX, por
exemplo, o advento da fotografia alterou a problemática da relação entre
diferentes tipos de imagens e novas funcionalidades. Mas a máquina fotográfica,
sofisticando-se a breve prazo, estava sujeita, a despeito dos usos, ao mundo
das somas e das «regras» de mercado. Perante as apontadas tecnologias
tradicionais da representação, a fotografia conquistou rapidamente território
— por dispor, com menos esforço e </span><span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt;">outra </span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">agilidade de processos inconfundíveis ao registar, num
apreciável rigor, pessoas ou objectos. Para lá dos seus aspectos lúdicos (ou
seduções de consumo), a câmara fotográfica, entre muitos outros meios de maior
complexidade, veio contribuir, com efeito, para clarificar a mobilidade das
percepções, o próprio alargamento da
consciência numa certa concepção
do saber superior do homem. É esta, porventura, a perspectiva que
importa à criação artística. Seja como for, o encontro dos nossos talentos com
a diversidade dos meios instrumentais, embora já anuncie uma frutuosa viagem em
direcção ao futuro, dificilmente pode suportar
a demora das
esperas por cada
especialização.</span><span style="text-align: right;"><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;"><b> </b></span></span></span><br />
<span style="color: #fce5cd;"><span style="text-align: right;"><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;"><b> 2 _________________________________________________________ </b></span></span></span><br />
<span style="color: #fce5cd; text-align: right;"><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">E a<b> m</b></span></span><span style="color: #fce5cd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">assificação das ofertas, desbaratando o gosto, o apelo das
ideias sobre o mundo, a própria ficção do amanhã. Esta crise cada vez mais
descontrolada tornou redutor o projecto, misturou fugas em frente ocorridas
pelo medo encoberto dos limites e
da morte. Um sonho de utopia, na linha da </span><span style="color: #fce5cd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">cibernética </span><span style="color: #fce5cd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">em que o tempo dos </span><span style="color: #fce5cd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">replicantes </span><span style="color: #fce5cd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">já se encontra
programado, como acontece na trágica beleza do filme «Blade Runner».
Essa obra alerta-nos para um antigo
temor: cada </span><span style="color: #fce5cd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">replicante </span><span style="color: #fce5cd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">do modelo mais avançado,
quase clone do homem, seu inventor, carregando capacidades em certo sentido bem
mais concertantes do que as humanas, está </span><span style="color: #fce5cd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">destinado</span><span style="color: #fce5cd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">, talvez como segurança contra o florescer de afectos ou
dotes individuais, a uma vida de apenas quatro anos, lembrando as borboletas
que sobrevivem quatro horas. Metáfora aterradora, sem dúvida, pela qual nem se
vislumbram significativas melhorias bio-tecnológicas capazes de dilatar o </span><span style="color: #fce5cd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">destino
</span><span style="color: #fce5cd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">do homem contra a absurda proximidade da morte.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 26.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="color: #fce5cd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">O Professor olhou em volta, com as mãos metidas nos bolsos
do casaco. Folheou depois uns papéis que estavam sobre a secretária e retomou a
redundância do seu discurso – conceitos ou propostas meio desfocados pelo denso
véu das palavras.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 26.0pt; text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd;"><span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt;"> —</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">Quando
estivemos rendidos à gestualidade liberta — ponderou o docente — </span><span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt;"> </span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">e nos
sentimos cercados por um deserto minimalista, portanto </span><span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt;">sem
título</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">, houve quem começasse a sentir medo pela
dissolução do verdadeiro processo do ver. E enquanto o mundo se tornava
globalmente pantanoso para muita gente, cidades inteiras submersas no fumo,
outros protagonistas pareciam presos à nostalgia de certas imagens, murmurando
coisas breves acerca das que haviam conservado desde a infância. Pensavam num
mundo poético de figuras até há pouco impensáveis, talvez na deriva cinzenta do
sonho, singular estado de alma através do qual julgavam pressentir uma estranha
</span><span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt;">necessidade
do realismo</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">, talvez próximo daquele </span><span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt;">realismo
novo </span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;"> aprendido com o caos e os desertos sem </span><span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt;">marcas.</span><span style="font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 26.0pt; text-align: justify; text-indent: 26.0pt;">
<span style="color: #fce5cd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">Ouviram-se tosses. O Professor esperou. Voltou aos papéis,
pousados sobre a secretária, parecendo não saber o que fazer com eles:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 26.0pt; text-align: justify; text-indent: 26.0pt;">
<span style="color: #fce5cd;"><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">—No fundo, apesar das incandescências que nos irritam
ou apaixonam, a verdade é que não
sabemos como trabalhar essa necessidade, a do realismo, ou do realismo reinventado
numa dimensão nova, talvez o próprio hiperrealismo, eventualmente a
experimentação recuperadora do </span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">anacronismo</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">. Dorfles queria
que a arte tivesse acabado na mais decisiva das abstracções, para ele não havia
qualquer retorno a partir desse ponto de chegada. Enganou-se redondamente na
espuma das marés, afinal cercado pelo novo expressionismo, por exemplo, ou de
olhos olhando ao alto os retratos de Chuck Close, rostos comuns representados em
suportes de vários metros na perpendicular. Ainda mal se experimentara essa
espécie de desumanidade própria das máquinas, longe da pintura digital,
robótica, um caminho que viria promover a partilha entre o homem e a funcionalidade
da lógica informática. E o que aconteceu depois do veredicto de Dorfles nada teve a ver com a </span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">insustentável </span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">descoberta<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 26pt; text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd;"><br /></span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-left: 26.0pt; text-align: right;">
<span style="color: #f9cb9c;"><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">4</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; text-align: justify;"> </span></span></div>
<div style="border-top: solid windowtext 1.0pt; border: none; margin-left: 26.0pt; margin-right: 0cm; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; mso-element: para-border-div; padding: 1.0pt 0cm 0cm 0cm;">
<div class="MsoNormal" style="border: none; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; mso-padding-alt: 1.0pt 0cm 0cm 0cm; padding: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #f9cb9c;">_____________________________________________________________________________</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 26.0pt; text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd;"><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">do </span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">absoluto</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">, entre linguagens que, em última instância, não
aspiram à sagração mítica nem ao aprisionamento pelo dogma: trata-se apenas de
continuar, entre todos os horizontes, a marcha do homem. Sabemos que isso
comporta muitos paradoxos e belas invenções do sonho, resgatando do fundo desse
espaço velhos painéis e a secreta geometria da arte de compor. Embora ninguém
tivesse advogado verdadeiramente, no limite da nossa pequenez, a avaliação
entre o pincel e o computador, apesar de murmúrios que pareciam vaticinar
arranjos futuros muito mais consequentes do que a interacção da fotografia com
a pintura. Também somos tomados, no curto prazo, pela intuição sobre os processos que
transformam as coisas em volta,</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;"> assombro</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;"> </span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">do primeiro homem na Lua, fruto de</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;"> </span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">ciências e tecnologias</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;"> </span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">de ponta, alucinaç que parecia introduzir
alterações profundas no mundo. O artista de hoje é uma espécie de operador
generalista ou especializado no seu mister, ombro a ombro com parceiros de
áreas afins, e não um mero produtor de artefactos secundários. O que ele
realiza, com arquitectos, designers, engenheiros, além de mais e mais operadores,
são indubitavelmente </span><i style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">objectos de
civilização. </i><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">Sobra um problema bem complexo: como gerir essa civilização</span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="color: #fce5cd;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeq93btUc9eywn4teD-2SC_17sOWxY-IW61Nn-i9E5jHBK13SgK7Lt-r65Ee0bo6p9Ph7RbC_oiCbtqzqokupMkmTfHyrIjjN8-xWic73LIXhtDeCnSYH9gqxO_kLZF9UXCg/s1600/casa20da20flor%255B1%255D.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeq93btUc9eywn4teD-2SC_17sOWxY-IW61Nn-i9E5jHBK13SgK7Lt-r65Ee0bo6p9Ph7RbC_oiCbtqzqokupMkmTfHyrIjjN8-xWic73LIXhtDeCnSYH9gqxO_kLZF9UXCg/s1600/casa20da20flor%255B1%255D.jpg" height="240" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; text-align: justify;"><span style="color: #fff2cc;"> </span></span><span style="color: #fff2cc;"><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; text-align: justify;">O que o
Professor vê, junto da janela, com o rio por perto, lembra a anunciação da verdade, entre sonhos
ébrios e festins de gente ensandecida, ornamentada com esplendor, talvez a
grande tela das pulsações rítmicas e do desejo. É um cenário em ruínas, cercado
de casas de adobe, movimentos larvares de homens nus, alguns procurando trepar
os degraus do </span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; text-align: justify;">palco</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; text-align: justify;">, num </span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; text-align: justify;">ginga-ginga</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; text-align: justify;"> absurdo e viral, a sugerir histórias escabrosas, lendas ou
visões ao jeito de Georg Grosz. E por isso, na dor, é de presumir que se esteja
simultaneamente diante do espectáculo da linguagem, na sua belíssima
esquizofrenia, própria da transição do século, ou num adivinhado Apocalipse de chamas
que devoram tudo à sua passagem. É estranho poder desvendar-se, por cada monte
de cinzas, um espaço de </span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; text-align: justify;">ópera</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; text-align: justify;"> diferente das outras óperas de outro
tempo. Talvez o quadro queira ser o espectáculo de um realismo contraditório,
mostrando irreparáveis fomes à beira dos pântanos, lamas e répteis, actores
carregados de plumas luxuosas, a miséria afinal obesa e caricatural. É gente
indecifrável, alcandorada, lenta, como plantas tropicais em varandins suspensos
de um palácio imaginário, surreal naquele limite do mundo.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 39.0pt; text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 39.0pt; text-align: justify;">
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
</div>
<div style="border-top: solid windowtext 1.0pt; border: none; margin-left: 42.55pt; margin-right: 0cm; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; mso-element: para-border-div; padding: 1.0pt 0cm 0cm 0cm;">
<div class="MsoNormal" style="border: none; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; mso-padding-alt: 1.0pt 0cm 0cm 0cm; padding: 0cm; text-align: justify;">
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="border: none; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; mso-padding-alt: 1.0pt 0cm 0cm 0cm; padding: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: windowtext; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;"> </span><span style="color: #fce5cd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;"> Outros
varandins enchem-se também de velhos olhando acasos à sua volta, eles mesmos
improváveis mas sujos de uma espécie de argila ou leite derramado, anciãos
cujos olhos húmidos, ainda carregados de nostalgias, acabam por tornar algumas
mulheres por ali sentadas
em notáveis figurantes. Outras,
soltas, lavam de forma ostensiva as suas carnes cor de chocolate, grandes
seios, bolsas flutuantes na água apanhada da chuva tropical, entretanto
barrenta, lenta, cheirando a terra — ou a mortos e a flores ocasionais. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 39.0pt; text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;"> Há grupos
insinuados, por outro lado, elevando ao alto os cânticos espirituais de antigas
negritudes, em volta outra gente marcada pela magreza ou mutilações a lembrar
Brueghel. Tudo sonho ou realidade antiga. Tudo em espaços com parapeitos mal
aparelhados. Tudo como lugares entretanto vividos por mulheres afeitas ao
duríssimo trato de crianças rangendo, surpreendentes surpreendidas. Meninas sem
nome mas gentis na sua beleza lavada. Festa nobre da pintura. Mistura de
tempos, lugares e personagens. Roupas e cerimónias, a lembrar a libertação da terra ou as
recentes catástrofes naturais, não longe dos dias em que os mortos descem à
superfície do rio e por vezes acabam perdidos, às moscas, nas margens baixas. A
festa ou o paradoxo da vida. A presença estranha de uma ópera sem data, talvez
a lembrar Manaus, híbrida, com figurantes a exprimir outras gentes, outras
terras, lugares arrancados à selva. Paragens, enfim, capazes de receber
emigrantes de povos exóticos, rostos do mundo longe. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 39.0pt; text-align: justify; text-indent: 31.9pt;">
<span style="color: #fce5cd;"><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">O professor senta-se, ofuscado com tais </span><span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt;">exercícios</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">, entre meios, referências e belíssimas contradições. Ainda
não lhe ocorreu nada sobre o que procura. Os tempos e o espaço dos espaços não
parecem fazer sentido.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 39.0pt; text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;"> A miséria
surge aqui e ali no interior florestas colossais, num rumor de bichos e febres. Pode imaginar-se
que essa gente, a mais magra, a mais
desidratada, enchendo a boca de fuba uma vez por dia, esteja no limite da vida,
aguardando a morte, silenciosa e sem caprichos. Acaba a luz mas o povo não sabe
nada da luz, nem da morte, porque só lhe falam disso como direito ao mistério,
consolação na forma de flores atiradas sobre as urnas. É um confuso destino que começa, em todo o caso,
na viagem obscena da<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;"> maternidade e do início da vida.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 39.0pt; text-align: justify;">
<span style="color: #fce5cd;"><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;"> O professor
pensa no </span><span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.0pt;">limite</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">, a Oriente e a Ocidente, para sul, pensa
nos grandes continentes carregados endemicamente de pestes. Mas ninguém trata
de ninguém, os genocídios misturam-se com as festinhas de senzala, latas que
batem, rebatem, quase apagando a lassidão das vozes na maior das escuridões,
choros e murmúrios nas horas diversamente terminais.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 39.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;"><span style="color: #fce5cd;"> </span><span style="color: rgba(0, 0, 0, 0);"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiy2kKPt7fHbX4hdaN7qB4S1cfZEXmQKvbKO_4YAxFhgCauQE8SWiB5mzFhVafB0bG8gqyYgkXk7XqME04EzaFf8yaJsTVo8ho_b7vGsQVhQOftw8o8pVFGNHLhOR5QndGbcQ/s1600/463476%255B1%255D.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiy2kKPt7fHbX4hdaN7qB4S1cfZEXmQKvbKO_4YAxFhgCauQE8SWiB5mzFhVafB0bG8gqyYgkXk7XqME04EzaFf8yaJsTVo8ho_b7vGsQVhQOftw8o8pVFGNHLhOR5QndGbcQ/s1600/463476%255B1%255D.jpg" height="213" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 39.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 39.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEga8_2YFFB9ihj8mn_Lft2co4ZpMnsvi3bVOBTvrOW3h1Al5PB2eJ9GYcMSI8T5VNJontSgND0flrNsPnKTwxjrXHefRvhQiwhSOWca2kDHZu9y5T3dH4GApFuSynkuNd4nbA/s1600/imagesC1DEHYDP.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEga8_2YFFB9ihj8mn_Lft2co4ZpMnsvi3bVOBTvrOW3h1Al5PB2eJ9GYcMSI8T5VNJontSgND0flrNsPnKTwxjrXHefRvhQiwhSOWca2kDHZu9y5T3dH4GApFuSynkuNd4nbA/s1600/imagesC1DEHYDP.jpg" height="239" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div style="border-top: solid windowtext 1.0pt; border: none; margin-left: 26.0pt; margin-right: -19.15pt; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; mso-element: para-border-div; padding: 1.0pt 0cm 0cm 0cm;">
<div align="right" class="MsoNormal" style="border: none; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; mso-padding-alt: 1.0pt 0cm 0cm 0cm; padding: 0cm; text-align: right;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="border: none; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; mso-padding-alt: 1.0pt 0cm 0cm 0cm; padding: 0cm; text-align: right;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="border: none; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; mso-padding-alt: 1.0pt 0cm 0cm 0cm; padding: 0cm; text-align: right;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="border: none; padding: 0cm; text-align: left;">
<b><span style="color: windowtext; font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: x-large;">Breves excertos, de capítulos diferentes, do livro do autor do blogue,</span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="border: none; padding: 0cm; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: x-large;"><b>intitulado</b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="border: none; padding: 0cm; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, serif;"><b><span style="font-size: x-large;"> </span><span style="color: blue;"><span style="font-size: x-large;">OBRA DE NINGUÉM</span></span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="border: none; padding: 0cm; text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, serif;"><b><span style="color: blue;"><span style="font-size: x-large;"> </span><span style="font-size: large;">pensar o ver</span></span></b></span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="border: none; mso-border-top-alt: solid windowtext .5pt; mso-padding-alt: 1.0pt 0cm 0cm 0cm; padding: 0cm; text-align: right;">
<br /></div>
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiy2kKPt7fHbX4hdaN7qB4S1cfZEXmQKvbKO_4YAxFhgCauQE8SWiB5mzFhVafB0bG8gqyYgkXk7XqME04EzaFf8yaJsTVo8ho_b7vGsQVhQOftw8o8pVFGNHLhOR5QndGbcQ/s1600/463476%255B1%255D.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiy2kKPt7fHbX4hdaN7qB4S1cfZEXmQKvbKO_4YAxFhgCauQE8SWiB5mzFhVafB0bG8gqyYgkXk7XqME04EzaFf8yaJsTVo8ho_b7vGsQVhQOftw8o8pVFGNHLhOR5QndGbcQ/s1600/463476%255B1%255D.jpg" height="213" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEga8_2YFFB9ihj8mn_Lft2co4ZpMnsvi3bVOBTvrOW3h1Al5PB2eJ9GYcMSI8T5VNJontSgND0flrNsPnKTwxjrXHefRvhQiwhSOWca2kDHZu9y5T3dH4GApFuSynkuNd4nbA/s1600/imagesC1DEHYDP.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEga8_2YFFB9ihj8mn_Lft2co4ZpMnsvi3bVOBTvrOW3h1Al5PB2eJ9GYcMSI8T5VNJontSgND0flrNsPnKTwxjrXHefRvhQiwhSOWca2kDHZu9y5T3dH4GApFuSynkuNd4nbA/s1600/imagesC1DEHYDP.jpg" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYOGBptYmmEJUyVZLGkD3E4Sai37LzHzm1baXUqsLW93sKcGpsnJoxTQr10eemh34duivAk_g7pKfmX_FYdwYdOAUSUgR32YN8VZZuy9LeVIAe-juqMc6TXZ_uevjnSabrRA/s1600/floresta-equatorial%255B1%255D.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYOGBptYmmEJUyVZLGkD3E4Sai37LzHzm1baXUqsLW93sKcGpsnJoxTQr10eemh34duivAk_g7pKfmX_FYdwYdOAUSUgR32YN8VZZuy9LeVIAe-juqMc6TXZ_uevjnSabrRA/s1600/floresta-equatorial%255B1%255D.jpg" height="214" width="320" /></a></div>
<br />Rocha de Sousahttp://www.blogger.com/profile/01147371530547244335noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36076576.post-74556677573260521292014-04-18T11:50:00.002+01:002014-04-20T16:48:54.075+01:00NASCER NÃO É COMEÇAR, NEM AQUI, MÃE<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6oaIQPlZKtGXU4cnL-nRZhdMLlL91mJB2UfP26hkb6EoA5SUIay8zV8cztXnbXcMWvMmS9pyPvbnOSjunTODEyOfIveRhr8RT8nv7NAjF2HzBhcqS6iMx9XjQOQEqtM5m9A/s1600/IMG_3877.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6oaIQPlZKtGXU4cnL-nRZhdMLlL91mJB2UfP26hkb6EoA5SUIay8zV8cztXnbXcMWvMmS9pyPvbnOSjunTODEyOfIveRhr8RT8nv7NAjF2HzBhcqS6iMx9XjQOQEqtM5m9A/s1600/IMG_3877.JPG" height="400" width="263" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #f9cb9c;">A memória remota é um conjunto de reaparecimentos, por vezes muito bem encadeados, um pouco como se tudo tivesse acontecido há poucos dias. Nunca te conheci nesse tempo distante, nem aqui, mãe. Sabes? Esse menino que tu seguras com naturalidade e ternura não é quem vejo nesta descoberta, e suspeito assim que que seja eu. A tua bela imagem, nesse jeito, também nunca a conheci, porque os anos passaram depressa, a fotografia aqui reproduzida veio do fundo de caixas meio esquecidas, tu ressuscitaste nessa idade, e o menino acompanhou-te. Quando entrei na <i>idade da razão </i>comecei a arrumar na cabeça imagens tuas, talvez do meu irmão e do pai e da avó. Mas foram enchendo o fundo das gavetinhas do meu cérebro como aconteceu com as velhas gavetas do móvel principal, cor de nogueira. Eram volumes amarelados, uns maiores do que os outros, e em certos casos com provas enroladas umas nas outras, donde saíam tios e tias, primos magricelas, vindos até duma vaga praia não sei donde.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #f9cb9c;">Se este menino não for eu, está escrito atrás o teu nome: Maria com o filho. Qual deles se esta mulher, ou rapariga, ou senhora, não apareceu durante mais de sessenta anos nos arquivos familiares sem ordem nem verdadeira memória? Quando te encontrei e soube que eras tu, lembrei-me como as famílias se perdem antes de se perderem, assim guardadas, quase como aquele jeito com que te guardaram para viajares, morta, para junto do pai.</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #f9cb9c;">Já não sei o significado destas coisas. Mas há dias ouvi e vi o testemunho de uma rapariga que se salvou de um brutal tsunami, tinha treze anos, fugiu da enorme onda com todas as forças que tinha, a água desabou sobre ela, a menina nadou, ergueu os braços ao alto, suportou a dor no peito -- e pensou com persistência, <i>«não posso morrer agora, tenho só treze anos, darei a mim mesma todas as forças da resistência.</i></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="color: #f9cb9c;">A menina salvou-se, perdeu os pais como eu te perdi a ti. Mas o que ela nos disse é que esse tempo (e a própria tragédia) não devem ser esquecidos, devem ser conservados no lugar próprio da memória e revisitados ao longo dos anos. Essa é a melhor forma de conservarmos a vida no equilíbrio entre fases, alegrias e saudades. Ela lembra-se dos próprios pais correndo um pouco atrás mas não os chora. E tem razão. Depois de conseguir fazer-te renascer visualmente de um tempo perdido, a minha própria morte terá mais sentido. Quem se habita com o passado, além da vida normal que desaparece dia a dia, mais profundamente se conhece e alcança o que pode haver, no futuro, além do seu próprio <i>esquecimento.</i></span></b></div>
Rocha de Sousahttp://www.blogger.com/profile/01147371530547244335noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-36076576.post-9142679696404527132014-02-08T11:18:00.003+00:002014-02-08T11:18:49.360+00:0040 ANOS DE & ETC, EDITORA NO SUBTERRÂNEO<div style="text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrGa1MtDsSGRF639P3mxLvbkQsgMCrKJ4p-3sVfHv3wekV_qOGnetBvs2XREYddXpaGDSFXHK80QB6wF9XxgSzWJF3e7HhpDcBLKL4003yVj6P5QzVzr2mYvlvF6__qclMUQ/s1600/DSCF1751.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrGa1MtDsSGRF639P3mxLvbkQsgMCrKJ4p-3sVfHv3wekV_qOGnetBvs2XREYddXpaGDSFXHK80QB6wF9XxgSzWJF3e7HhpDcBLKL4003yVj6P5QzVzr2mYvlvF6__qclMUQ/s1600/DSCF1751.JPG" height="400" width="335" /></a> </div>
<div style="text-align: center;">
primeira capa da revista &etc | Rocha de Sousa</div>
<div style="text-align: center;">
<b>a editora underground apareceu depois</b></div>
<div style="text-align: center;">
<b>com um primeiro livro intitulado <i>coisas</i></b></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Um novo livro da & etc, desta vez para comemorar os seus 40 anos de presença e resistência, no qual se fazem balanços, testamentos</span> <span style="font-size: large;">e outras coisas mais, sem exclusões, sem esquecimentos, grande acontecimento de um vulgar já histórico trajecto que, embora colectivo e sem investimentos especiais, se deve muito sobretudo, a Vitor Silva Tavares, um <i>editor </i>não tanto <i>underground </i>como se "intitulou" para efeitos de encenação, mas também de verdade, porque nenhuma das editoras que pululam por aí estaria aberta aos temas e assuntos tratados na &etc</span> <span style="font-size: large;">e a fazer <i>esta </i>diferença, a viver esta aventura, a sonhar desta forma, a testemunhar e intervir neste sentido. Lembro-me (com a conhecida saudade <i>meridional</i>) da primeira montagem do primeiro número da revista, no meu próprio ateliê e naqueles dias de última hora em que eu me escapava pelo trânsito, enquanto o Vitor fazia caretas de «medo» a meu lado, numa viagem e pantomina até ao fecho da oficina que imprimia o &etc.</span> <span style="font-size: large;">Bom trabalho do EXPRESSO (revista A) ao publicar, sobretudo visualmente, a invulgar viagem desta editora e o seu rosto gráfico inconfundível</span>. <span style="font-size: large;">Registo esta acontecimento aqui, não no Desenhamento, porque me sinto indelevelmente ligado à criação deste projecto, onde trabalhei desde o suplemento &etc do Jornal do Fundão, com desenho e crítica de arte.</span> <span style="font-size: large;">Parabéns para todos os amigos.</span></div>
Rocha de Sousahttp://www.blogger.com/profile/01147371530547244335noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-36076576.post-58404648497088272192014-01-15T14:34:00.001+00:002014-01-18T14:46:22.379+00:00NEM AMOR NEM CRUELDADE, SÓ ASPIRAÇÃO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgV2V2Mcn8PAMWTWJV2A-JgALVpozSHnEanMM9PHNX9_oteSiea5eBT8OYMQdWDurqeHMP63YgefVvO1cT1WiNP30D60XpngnRU6lAyK0fE-W2V4f6s_meIRm2IRI-0_ZVHAg/s1600/IMG_3799.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgV2V2Mcn8PAMWTWJV2A-JgALVpozSHnEanMM9PHNX9_oteSiea5eBT8OYMQdWDurqeHMP63YgefVvO1cT1WiNP30D60XpngnRU6lAyK0fE-W2V4f6s_meIRm2IRI-0_ZVHAg/s400/IMG_3799.JPG" height="400" width="268" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: small;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><b>afirmação do ser</b></span></span></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><span style="color: #93c47d;"><b><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: small;">Nunca
desenhei desenhos destes e tenho pena por isso. No dia em que me
ofereceram uma caixa de lápis de cor, quando já era capaz de sonhar
outras coisas além das coisas, fui para uma arrecadação no quintal, abri
a caixa e puxei pelo lápis preto. Era mais negro do que os da Escola,
fiquei vagamente contente e abri o cadcrno de papel cavalinho</span><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: small;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"> e piquei o branco do papel com o bico
afiado do lápis. Piquei várias vezes a superfície branca a lembrar-me
do bico das galinhas picando a terra onde não havia nada ou apenas
restavam pequenas sombras por cada ataque da ave tonta. No papel, de
cada vez que eu batia o branco horizontal, depressa ou devagar, também
produzia <i>sombras </i>exíguas. Não me ocorria nada, nem das coisas
lembradas nem dos objectos próximos. E foi então que ergui a cabeça,
havia canas lá em cima, troncos suportando as canas, deixando ver</span> <span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">vagamente as telhas do telhado. Ao baixar a cabeça, olhando sempre para ver o que estaria preso às paredes, lembro-me de haver reparado numa máquina escangalhada, cheia de ferrugem, pedaços de esmalte dobrados em tortura, tubos ou canos retorcidos como troncos de qualquer planta morta. Fiquei deslumbrado. Nunca desenhara senão pequenas flores e gatos lustrosos nas revistas, tudo igual ao que julgava ver e que os adultos diziam estar muito bem feito, imensamente parecido com os originais. Não sei bem porquê. Mas, ao contemplar o esquentador destruído, velho, sujo, feito de cinzentos e brancos e castanhos</span>, <span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">achei tudo aquilo, em feio como todos falavam de coisas semelhantes, intensamente mais bonito do que outras imagens tantas vezes por mim imitadas e que os outros reconheciam sem hesitar.</span></span></b></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><span style="color: #93c47d;"><b><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: small;">Foi então que começei a desenhar com verdadeira convicção e perto daquele encanto que nos invade completamente quando vemos certas coisas inexplicáveis, sentindo temor e fascínio perante elas. Percebi logo que já não estava a imitar, nem um rosto nem os tubos tortos, e que a beleza do meu desenho a preto, cinza e branco, depois aparelhado com alguns pedaços a castanho, tendo escolhido para isso o lápis castanho, vinha de um ver ao contrário dos olhares focados sobre cada pormenor, vinha de dentro do peito e não da cabeça, podia adiantar-se entre as mãos e o papel sem que os olhos fossem obrigados a repetir instante a instante a fixar o já visto e sempre procurado entre inícios.</span></b></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><span style="color: #93c47d;"><b><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: small;">Foi então, também, que passei a perceber o que significava desfazer o já feito, como isso é preciso para trazer para o papel volumes e partes escondidas, o futuro e o passado de todas as coisas vistas, revistas, imaginadas entre outras, construídas numa espécie de acaso após várias destruições. E achei, mais tarde, o sentido dos destroços de aviões em fotografias da Life, durante a última guerra, além de perceber a importância da idade das coisas e das ruínas para me saber por dentro, olhando muito para além dos olhares maquinais</span><span style="font-size: small;"> <span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">de todas as rotinas.</span></span></b></span></span></div>
Rocha de Sousahttp://www.blogger.com/profile/01147371530547244335noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-36076576.post-77686853894894926752013-12-23T16:55:00.001+00:002013-12-27T09:26:19.186+00:00NOJO AOS VELHOS OU O LIMITE DA MENSAGEM<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBgcy9X_jy8PrtOm-Np6HYxz5uCHEeDkYafmAiInfhjQzb69BFSY7DXBUotckZGh98b2gTQVR0ZOLKWVzDmJxN2q7heoWxMweAEEcAiQLAFJT_KNpQnLbgOs94bz2HjBd3Jg/s1600/IMG_3686.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="227" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBgcy9X_jy8PrtOm-Np6HYxz5uCHEeDkYafmAiInfhjQzb69BFSY7DXBUotckZGh98b2gTQVR0ZOLKWVzDmJxN2q7heoWxMweAEEcAiQLAFJT_KNpQnLbgOs94bz2HjBd3Jg/s320/IMG_3686.JPG" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #ffd966;"><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><b><span style="font-size: small;">As folhas secas, amareladas e mortas, lembram, em tão grande quantidade, um chão juncado de velhos mortos após um imenso genocídio. Mas não é nada de tão feio, como se pode ver e cheirar: ver sob a luz matinal, algumas caídas sobre um carrinho de transporte manual e talvez sugerindo que todas as outras vieram em transportes deste género para serem espalhadas em redor e ornamentar um pátio qualquer, tornando-o fofo aos passos perto do jardim -- em particular o dos velhos internados no Centro de Saúde atrás da própria imagem. Daqui a dias, seja como for, o ancião que costuma, com outros colegas e amigos, varrer as folhas pisadas, virá transportá-las num dos velhos carrinhos de mão, semelhantes aos outros todos, procedendo devagar ao esvaziamento das folhas, seres indefesos e meio mortos, caídos das árvores e já cheirando à sua breve morte, coisas enfim derramadas derramando-se no lixo da Natureza. </span></b></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEim9usSYBAAaLlsWHNr7Ex2lV-53jzdlvJF4n_oQi2jOpPVTTqVVkDq6McAZVHOjW4uUOb2k-ODTINMWiFX1C37X8YLG3t37ZMiMoYe2CK8wgu3437_Z5sU9wUNlBvcAkNmug/s1600/IMG_3679.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="237" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEim9usSYBAAaLlsWHNr7Ex2lV-53jzdlvJF4n_oQi2jOpPVTTqVVkDq6McAZVHOjW4uUOb2k-ODTINMWiFX1C37X8YLG3t37ZMiMoYe2CK8wgu3437_Z5sU9wUNlBvcAkNmug/s320/IMG_3679.JPG" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #ffd966;"><b><span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><span style="font-size: small;">O nojo aos velhos é uma expressão abusiva, talvez ligada a certas analogias de outros domínios, mas corresponde de algum modo a diversas situações fracturantes das sociedades humanas sobretudo nas <i>geografias da fome</i>, das doenças avassaladoras, perante a marcha dos indiferentes não muito longe e das grandes congregações de países ricos e de territórios vastos.</span></span></b></span></div>
<div style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #ffd966;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><b>Estes pacientes mais idosos chegam ao hospital muito tarde, em especial quando transitam para a unidade de estudo e diagnóstico. Mas hoje, enquanto lá fora as folhas tombam e os pássaros cantam sem melancolia, os médicos trabalham gente como vemos aqui, na espera inexplicável de tudo: analisam os dados da sua investigação, tanto aqueles que abordam questões neurológicas como os que se dedicam, eventualmente em consequência de tais exames, aos regimes comportamentais aprisionados. Não há aqui, nem lá fora, um sentido apologético que indique estarmos num mundo de apologia técnica, ou, ao contrário, de sedução panteísta.</b></span></span></div>
<div style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #ffd966;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><b>O tratamento de patologias comportamentais não se compadece (penso) de recolhas ao ar livre, vendo pássaros, camponeses, árvores de diversas raças. Ou simplesmente a relva e o sol, os carros correndo ao longe. Também não se julga conveniente recorrer ao <i>sequestro</i> dos doentes, técnicas de reclusão durante horas intermináveis -- segundo alguns puristas excessivos coagindo o paciente ao desenho de uma ideia ou de um tecido, coisas gráficas, sem nenhuma outra relação de memória ou valor lúdico</b></span> <span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><b>como noutras conquistas prévias a outras propostas de enquadramento urbano ou em ligação ligeira com imagens presumíveis de bosques, montanhas e rios.</b></span></span></div>
<div style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgClkU3X0Iy-Xl6DgQnxvgkxalMeciRpF-vQFJ87EG82XvNvcYvxh39XFphOmvbR1RbQJul453U7K8moYH9eZrWWIAZ43T6rS366fENf_el3VaJe0w-0N8gD3QjGR9yqFOhlg/s1600/IMG_3680.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgClkU3X0Iy-Xl6DgQnxvgkxalMeciRpF-vQFJ87EG82XvNvcYvxh39XFphOmvbR1RbQJul453U7K8moYH9eZrWWIAZ43T6rS366fENf_el3VaJe0w-0N8gD3QjGR9yqFOhlg/s320/IMG_3680.JPG" width="241" /></a></div>
<div style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #ffd966;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: small;"><b><i>O lixo dos humanos</i> ou <i>o lixo da própria Natureza</i>, aqui e além</b></span><span style="font-size: small;"><b>, são por vezes <i>paisagens </i></b></span><b>diferentes e até fascinantes. Mas ou costumam ser remetidas para a reciclagem ou acabam por matar tudo em volta, não servindo para mais nada.</b></span><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><b> Qualquer <i>reformatação</i> do ser-humano, para perto da sua coerência orgânica, não deve basear-se, em todo o caso, na mais secreta e muito isolada das aprendizagens </b><b>nem nas <i>totalidades do método libertador </i>de Montessori,</b></span></span></div>
<div style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="color: #ffd966;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><b><br /></b></span></span></div>
<div style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><span style="color: #ffd966;"><i><span style="font-size: large;">O paciente disse: do outro lado, longe mas dentro de água, vi com toda a evidência o rosto de minha mãe. Não percebi se sorria, pois já começava a perder-se no lixo.</span></i></span></span></div>
<div style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_Nsx_7iTW9NWxNKuyGz301kFvCcSx3pd8jCtj5AC8nTjuoJ48eZVZK0YGQh9y8O59nRp3Yjcdq9VHtiJUjQ42yHp6FZlWgruGrX7iARHpXB2YRaY1XXOszW0qjVbaD1KYTA/s1600/IMG_3688.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="184" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_Nsx_7iTW9NWxNKuyGz301kFvCcSx3pd8jCtj5AC8nTjuoJ48eZVZK0YGQh9y8O59nRp3Yjcdq9VHtiJUjQ42yHp6FZlWgruGrX7iARHpXB2YRaY1XXOszW0qjVbaD1KYTA/s320/IMG_3688.JPG" width="320" /></a></div>
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<br />Rocha de Sousahttp://www.blogger.com/profile/01147371530547244335noreply@blogger.com0