fotos de rocha de sousa
Por vezes, ao cabo de horas e horas de trabalho, o cansaço toma conta do nosso corpo e os olhos ardem no limite de todas as suas aplicações. Há casos de erros e recomeços, desesperadamente quando o objecto em formação estava quase concluído. Lembro-me de visitar em Portalegre, no auge da sua actividade, a Manufactura de Tapeçarias. O ponto português é uma invenção deste lugar e permite, nó a nó, a realização de grandes tapeçarias, como as que ali foram tecidas para uma catedral na Austrália e as quatro peças, de doze metros de comprimento cada uma, para a sala de honra da Fundação Calouste Gulbenkian. Esta tecelagem, em camadas de nós sobre camadas, vista de perto e em plena laboração, mostra a velocidade das mãos das tecedeiras, umas ao lado das outras, e a desfocagem quase completa da ponta dos dedos enrolando e esticando o cordão de vários fios coloridos. O cansaço vem depois, horas e horas depois, sob o efeito do grande pano a subir aos milhares de pontos por dis e por operária. Resta dizer que, todo o património técnico e humano de grande qualidade, brilha ainda em edifícios públicos e transmite ao espaço uma cintilação semelhante à destas plantas, vivendo de contrastes fortes e belos contornos. Indelizmente, apesar dissso, a Manufactura já quase não existe, desfazendo-se através de gestões insanas.
4 comentários:
A tapeçaria de Portalegre é pouco divulgada em relação à importância que lhe deveria der atribuída se tivermos em conta que se fazem, também através dela , réplicas autênticas de grandes pinturas.
As imagens de pormenor são lindas, mas as fotografias abaixo são soberbas.
Espero que o bom senso impeça que desapareça essa obra-prima da nossa cultura, não imaginava que estivesse na situação que refere.
Ah, e as tecedeiras, o «soldado desconhecido» da arte.
Tiomeu
Por cá passo a voar... respirando estes belos tons de verde.
Aprende-se sempre que se lê algo vindo de si.
Lamento as minhas prolongadas ausências... gostava de poder ter mais tempo e por aqui comentar mais vezes. Mas não deixo com isso de o ler.
Ainda cheia de trabalho, deixo-o no seu descanso à sombra destas folhas.
com admiração e respeito
Daniela
A contingência do ver está aqui, nesta floresta de verdes: a esperança de quem tem medo, mas quer sobreviver.
Piquei, fui
Postar um comentário