foto de rocha de sousa
«É um livro profundamente dramático e violento, que nos dá a ver, de um modo nu e cru, o que não quereríamos saber da condição humana. O sofrimento, o egoismo, a amargura, os afectos e desafectos das relações e por fim o desespero e o medo, tudo o que nos pode levar à desumanização dos comportamentos, pessoais e sociais.
A escrita é muito bem elaborada, extraordinariamente descritiva e incisiva na sua dimensão visual. A personagem principal surge muito bem construída, entre o real e a ficção, obrigando-nos a fazer o percurso dos "caminhos da dor e do medo", ao longo dos diversos episódios narrativos, ou melhor, reflexivos. Curiosamente, e tal como aconteceu noutros livros do Rocha de Sousa, a presença dele é, para mim, constante. Não consigo deixar de o identificar, como pessoa/personagens, durante quase toda a leitura. Talvez porque alguns momentos se colem a outros, reais, em conversas que tivemos desde há muito. Reconheço-o nas palavras e pensamentos daqueles personagens, na elaboração das suas emoções e sentimentos, nos actos que praticam e no modo como os praticam.
O final é muito bom, é como se estivéssemos sós numa paisagem a ver o sol desaperecer na linha do horizonte»
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de Luisa Gonçalves (professora e artista plástica) numa troca de correspondência. Este livro vem anunciado neste blog e no Desenhamento, tendo sido editado é distribuído pelo «Círculo dos Leitores»
Um comentário:
Os livros que conheço seus são assim: mostram nu e cru o que não queremos reconhecer/saber/ver da condição humana. Aparecem numa escrita sempre bem elaborada e são duros porque nos tocam pelo realismo.
Estes são os livros que vão permanecer, acredite.
Se esta sua amiga o identifica nas personagens, então a vida endureceu-o, posso imaginar.
Porque li Angola 61.
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