segunda-feira, setembro 12, 2011
AS SOMBRAS DEPOIS DE REVISITADA A CASA
Cidade do sul, queimada pelos anos incandescentes, entra por aqui o vento inteiro, bandeiras esquecidas no tempo.
Janelas abertas para a rua,
tantos silêncios acesos na lembrança,
o vento devagar pela manhã pálida,
tristemente calados há muito os sinos das fábricas.
Janelas abertas para a rua, idade das flores e das casas,
ruínas de velhos quintais, cortiça ardida há quanto tempo...
Trabalha as agulhas e a lã,
malhas sobre malhas
ou evocação das antigas tecelagens em tear
Cidade das flores e da casa velha,
janelas abertas para a rua,
somas e somas de silêncios tantos.
Tudo para relembrar, ao contrário das horas,
os passos pensados em direcção à luz, a casa.
Tudo para relembrar ao contrário das horas.
Textos sem história, silêncio, penumbra.
Vidas a meio, devaneios, alegrias e filhos.
Gavetas cheias de coisas breves,
papéis rasgados, velhos casacos de malha,
belos artesanatos da vida em casa, serões, luares.
Silêncio.
As horas ao contrário, as agulhas e as lãs,
malhas sobre malhas.
Famílias inteiras fugindo para a distância
e o tempo visitando a casa toda
como se fosse pela primeira vez,
visita a visita,
ao contrário das horas
Fragmento, com evocação
de planos de
«A Casa Revisitada»
e recolha do texto da banda
sonora, que sublinha,
em murmúrio, por evocações
e falas de sopro, os sonhos
vividos ou construídos
na orla da consciência.
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