tudo na Síria continua a arder
NARRATIVAS DA SUPREMA AUSÊNCIA
nem representação nem narrativa
Este livro não tem género, nem mesmo o que se declara na primeira palavra do título. Esse objectivo, aparentemente esboçado nas palavras seguintes, de Albert Camus, em O Estrangeiro, também não é alcançado na sua propriedade inteira para explicar a natureza dos 28 capítulos desta obra de Rocha de Sousa, entre o limite do apocalipse ou um mundo sem razão. O que talvez tenha acontecido, em plena incandescência, através do real dia a dia, através de memórias semelhantes mas desfocadas e por vezes tristes, poderá estar ligado a uma fase perturbadora do mundo, a inquietantes anunciações de diferentes tragédias em geminação, à impossibilidade de ver o que o olhar colecciona percorrendo as correntes informativas dos jornais quase todos. Ou mesmo da edição fracturada e rápida dos noticiários, ao que parece durante dois meses, com pausas de um fim de vida a dois, Leo e Vicência, sobreviventes dos seus restos de consciência, a cultura esfumada em solidão. Seja como for, para mim, ler este livro foi uma viagem aterradora e fascinante, vendo também, quase em directo, os horrores das guerras que parecem situar-se em meados de 2012 e talvez nos alertem para outros anos que estão a chegar ainda neste século XXI. Correndo o risco de não cumprir um trabalho de apresentação a que me havia prestado, chamo a atenção para a quantidade de jornais, recortes, notícias, artigos, que o autor deste livro terá consultado ou citado, dia a dia, durante os tais vertiginosos dois meses, entre trocas e erros, nomes com várias grafias e fontes demográficas ou étnicas confrontadas por fora das cronologias dentro de 2012 ou muito fora dele, na antiguidade, porventura no presente e no futuro, sobre os conflitos classificados como desastres principais. Rocha de Sousa disse-me, em fim de catarse: lê como se viajasses numa coluna militar em plena Síria a arder, ou na Líbia, ou respirando a cantada imposta pelos talibãs sobre o Corão, as meninas cegas, tu protegido na retoma da marcha, com algum chefe de Estado, em voo retrospectivo, sobre os massacres do ano anterior e as imagens soltas de gente que sobrevive amando pela memória ou de facto e relendo ainda Camus. Depois, entregando-me um papel, o meu amigo preveniu-me: «talvez estas breves palavras, a publicar na contracapa do livro, contenham algumas, poucas, informações que agilizem o esboço dessa minha atormentada viagem, tudo numa edição errática e comprometida no sentido sobre o mundo destas horas.»
Este livro não tem género, nem mesmo o que se declara na primeira palavra do título. Esse objectivo, aparentemente esboçado nas palavras seguintes, de Albert Camus, em O Estrangeiro, também não é alcançado na sua propriedade inteira para explicar a natureza dos 28 capítulos desta obra de Rocha de Sousa, entre o limite do apocalipse ou um mundo sem razão. O que talvez tenha acontecido, em plena incandescência, através do real dia a dia, através de memórias semelhantes mas desfocadas e por vezes tristes, poderá estar ligado a uma fase perturbadora do mundo, a inquietantes anunciações de diferentes tragédias em geminação, à impossibilidade de ver o que o olhar colecciona percorrendo as correntes informativas dos jornais quase todos. Ou mesmo da edição fracturada e rápida dos noticiários, ao que parece durante dois meses, com pausas de um fim de vida a dois, Leo e Vicência, sobreviventes dos seus restos de consciência, a cultura esfumada em solidão. Seja como for, para mim, ler este livro foi uma viagem aterradora e fascinante, vendo também, quase em directo, os horrores das guerras que parecem situar-se em meados de 2012 e talvez nos alertem para outros anos que estão a chegar ainda neste século XXI. Correndo o risco de não cumprir um trabalho de apresentação a que me havia prestado, chamo a atenção para a quantidade de jornais, recortes, notícias, artigos, que o autor deste livro terá consultado ou citado, dia a dia, durante os tais vertiginosos dois meses, entre trocas e erros, nomes com várias grafias e fontes demográficas ou étnicas confrontadas por fora das cronologias dentro de 2012 ou muito fora dele, na antiguidade, porventura no presente e no futuro, sobre os conflitos classificados como desastres principais. Rocha de Sousa disse-me, em fim de catarse: lê como se viajasses numa coluna militar em plena Síria a arder, ou na Líbia, ou respirando a cantada imposta pelos talibãs sobre o Corão, as meninas cegas, tu protegido na retoma da marcha, com algum chefe de Estado, em voo retrospectivo, sobre os massacres do ano anterior e as imagens soltas de gente que sobrevive amando pela memória ou de facto e relendo ainda Camus. Depois, entregando-me um papel, o meu amigo preveniu-me: «talvez estas breves palavras, a publicar na contracapa do livro, contenham algumas, poucas, informações que agilizem o esboço dessa minha atormentada viagem, tudo numa edição errática e comprometida no sentido sobre o mundo destas horas.»
O papel
dizia:
O mundo visto dia a dia e durante dois meses,
em imagens e recortes de jornais ou episódios do real, entre sonhos de
estranhos medos, véu de tudo sem nexo, como todos nós.
Anónimo