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sexta-feira, março 30, 2007

AS VELHAS FOTOGRAFIAS DO CAIS



Já passara o 25 de Abril de 1974, os sindicatos fumegavam, as chaimites passeavam pela planície alentejana, formavam-se partidos com grande alarido e lá para o Norte funcionava a Quinta Divisão, alfabetizando os camponeses em nome da revolução. O Caidinho era um pobre homem dedicado à pesca no rio e ali estava ele sentado. Foi apanhado por mim à falsa fé, contra a parede envelhecida, assim, com simbologias contraditórias por cima da cabeça. A mallta do cais (de Silves) não gramava o PPD, dedicando-se por isso a vandalizar cartazes e palavras de ordem. Foi então que a flha do Caidinho me apareceu de súbito na objectiva e de súbito me fez disparar, sobressaltado. Aqui está ela, entre a estranheza e a curiosidade, analfabeta, quase abandonada na margem lamacenta do Arade. Fica-nos este olhar estrábico, de incerto futuro, menina mal-amada e uma cabana na várzea onde vivia com o pai.

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