O ruído das máquinas faz-se ouvir, até ao sono, ou até ao desespero, na aldeia mais próxima, explosões e máquinas fracturantes do cerro, arrastando os seus efeitos pelo resto do vale, entre sombras. Havia quase sempre, outrora, na tépida temperatura da tarde, vozes soltas de quem espera o jantar aquecido na berma da estrada, em volta uma casa a céu aberto, com paredes de eucaliptos. E, além das vozes, antes ou depois dos rebentamentos da pedreira, o ar era atravessado de súbito por gritos de faca, cortantes, um aviso para que todos corressem até à reserva de segurança constituída pelos blocos facetados. Estremecia tudo, a pedra era arrancada do corpo da terra em pedaços de carne, coisas informes que tombavam na rampa da pedreira. Rebelde, antropofágico, sem passado nem futuro, o homem é ainda, a par a sua tecnologia cada vez mais avançada, o batedor das terras convulsas, coup de point ao alto, pronto a rachar as madeiras para fazer o fogo ou para abrir a larga testa de uma espécie de búfalo depois da cópula, justiçado e justiceiro, num desvario próprio de uma nova vontade de saciar enfim o resto agreste do cio.
fotos de rocha de sousa
Um comentário:
ENA, ENA, ENA tiomeu...
Fiquei arrepiada com este pequeno apontamento mas de corpo tão CARREGADO de VIDAS...
Magnífico momento, onde se absorve toda a emoção que as iamgens nos dão.
BELO trabalho tiomeu. Gostei muito.
- Mas afinal o que se passa por ai? Trata-se de uma construção ou desconstrução desse lugar, já tão saturado de cimento?
Hum?!?
Até amanhã tios meus
vemo-nos em Lisboa...
Beijos Mamijohn
vossa Daniela
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