Acabara de passar a multidão dos últimos trasladados, o planeta aquecia e tinha zonas inteiras amortalhadas por uma neve artificial, última tentativa, em suportes de plástico, para conservar viva uma parte da agricultura biológica que as comunidades errantes praticavam. Muitos corpos haviam ficado pelo caminho, em cinza, juntos, despojados das roupas contaminadas, como se procurassem, depois da morte, recuperar a pele e o odor, a percepção e o desejo. Nunca ninguém acredita que tem uma esperança de vida curta e que as mortes em redor nos vão anunciando a nossa, entre preces na paisagem. Quando estas coisas acontecem assim, um pouco por todas as galáxias, ao fim de milhões de anos, todos aqueles que ainda dispõem de lugares propícios à vida acabam entregues a uma imensa e comovente nostalgia, o sentido da perda, como podemos ver nestes documentos, ou gritam um pânico rouco para o espaço afinal em convulsão.
sábado, junho 30, 2007
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário