Se a imagem visual pode sugerir uma simples transferência analógica da realidade para um suporte compatível, as imagens de um texto, são, por inerência dos sinais e do meio, compostos codificados, realidades dinâmicas e moventes, impulsos de conotação, espaços de decifração. A verdade é que estas últimas imagens, pela escrita que as forma, pelo enquadramento que as conclui, podem tornar-se mais difíceis de descodificar do que a sua correspondência na fotografia. As palavras e as imagens referidas a um mesmo modelo por dois observadores são sempre diferentes da mesma experiência assumida por cada um deles. A realidade de um modelo fotografada não se ajusta, de forma irrefutável, à narrativa escrita do mesmo modelo, ainda que o operador seja também o mesmo.
Mas há, por consequência, um conjunto de regras fixas, de modelos de ideias, para as explorações representativas nestas áreas de expressão e comunicação -- nem a imagem precede o texto, nem o texto precede. O sulco inovador da realidade poética -- abertura sensível aos significantes accionados, relação nova entre sinais, símbolos e metáforas -- é que marca, de forma indelével, os níveis da qualidade da construção proposta. Texto e imagem, em particular no âmbito pedagógico, surgem de uma conjugação profunda no próprio projecto dessa construção: escreve-se no jogo simultâneo da banda de imagens e de palavras possíveis.
Um comentário:
Ocorre-me dizer aqui que a imagem de folhas verdes não sugere grande coisa porque estamos habituados a vê-las assim; já a de baixo parece dar a entender outros significados, apetece fantasiar.
Quanto às imagens de escrita nada se compara a um garatujar ainda que tremente sobre um qualquer guardanapo ou mesa de restaurante...
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