A natureza morta que entretanto se cultiva é a que lembra muitas das grandes mutações verificadas no século XX ao nível dos meios de exprimir e dos géneros revisitados a partir das épocas passadas. A imagem aqui reproduzida, referente a uma pintura digital de pequenas dimensões, inscreve-se na linha estética da modernidade e no sentido global da arte entretanto produzida, tendo como referente objectos e composição das naturezas mortas que evoluíram pelo século XX. Não se trata de imitar frutos e objectos, entre jogos compositivos sobre uma mesa ornamentada por outros elementos, toalhas, vidros, artefactos de certo quotidiano. Na linha da mobilidade visual em parte instaurada com o cubismo, os artistas daquele tempo revolucionaram as formas tradicionais da pintura sem as negar por completo e criaram novos pontos de vista para a dinâmica das composições. Os tampos das mesas, na natureza morta comum, sofreram diversos tipos de rebatimento, tudo se reconfigurava em função de um olhar movente e até à mistura, no mesmo quadro, de aspectos do visível captados de diferentes olhares.
Aqui há mais do que um rebatimento, tendo em vista projecções no plano horizontal e viragens parciais ou completas de objectos que tanto se podem decifrar em autonomia como assentes no suporte, vistos em plongé, tomados e lado ou colocados sobre a paisagem dos suportes verticais. Penas ou perdiz suspensos à esquerda, ao alto, ou logo caroço de corpo de ave, lembrança da música, bem como as carnes porcinas, à direita. Uma vasilha exposta, panejamentos, as sombras verdes de vários tipos de folhagem, dentro ou fora do domínio da culinária. Não é muito mais do que isto, apesar da surdez tonal e da vida lumínica das coisas em volta de um negro que sobra das várias operações no trato pictórico: pode tratar-se de uma ideia de expansão ou de compressão, o tempo faz suspeitar o movimento.
Aqui há mais do que um rebatimento, tendo em vista projecções no plano horizontal e viragens parciais ou completas de objectos que tanto se podem decifrar em autonomia como assentes no suporte, vistos em plongé, tomados e lado ou colocados sobre a paisagem dos suportes verticais. Penas ou perdiz suspensos à esquerda, ao alto, ou logo caroço de corpo de ave, lembrança da música, bem como as carnes porcinas, à direita. Uma vasilha exposta, panejamentos, as sombras verdes de vários tipos de folhagem, dentro ou fora do domínio da culinária. Não é muito mais do que isto, apesar da surdez tonal e da vida lumínica das coisas em volta de um negro que sobra das várias operações no trato pictórico: pode tratar-se de uma ideia de expansão ou de compressão, o tempo faz suspeitar o movimento.
Um comentário:
Gosto desta sua composição, o conjunto final é muito feliz nos tons escolhidos e não foge ao seu estilo peculiar.
Grata pela explicação.
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