AO SENHOR MINISTRO DA EDUCAÇÃO DEVE DIZER-SE
QUE AS REFORMAS DA EDUCAÇÃO NÃO SE RESOLVEM
COM CIRURGIAS AMALGAMANTES NEM COM
ZEROS DE HEMOGLOBINA EM SERVIÇO
Quem é que compreende que um professor com 24 anos de serviço, um mestrado apropriado, efectivo desde 1990, trabalhador empenhado em tudo o que faz, seja notificado que vai ficar em "horário zero", tendo ainda sido obrigado a concorrer e plasmado a uma vinculação de degradação inominável?
Parece que se vive no mais radical teatro do absurdo, nada disto é justo, e o que fazem a seres humanos largamente entregues a este difícil campo profissional não tem o menor sentido. Alguém contou em lágrimas esta situação e outras, de colegas (pais e filhos) atirados para a mesma condição com trinta anos de serviço efectivo. Um casal de filosofia, cuja mulher é jurista e pediu transferência de serviço de Coimbra para as Caldas, visto o marido se ter efectivado aí, teve como resultado a negativa, um famoso zero entre assimetrias sem valor de qualquer espécie, normas no mínimo estranhas. Há escolas que foram compelidas a não contabilizar nem o serviço nocturno recorrente, nem o profissional. E, contudo, muitas escolas, algumas com duzentos alunos menores já inscritos, vêem-se na contingência (pelo menos ética) de receber e distribuir trabalho, visto que o seu mundo está pleno de apelos e correspondência docente e não se desertificaram nem à força.
Aqui se pede desculpa de qualquer impropriedade técnica, mas o que importa é que o país tenha um Ministério da Educação comunicante e esclarecedor: este trajecto não é o da austeridade, antes se assemelha a uma contabilidade cega ou a um jogo de xadrez onde alguém sofre de cegueira e move as peças sem rigor nem objectivo.
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Metáfora fotográfica de Rocha de Sousa
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