obra de Anselm Kiefer
que futuro?
Anselm Kiefer, escultor aalemão instalou no HangarBicoca, espécie de imâ cultural que atrai muita gente de várias culturas e vocaçõverdadeiramentees, do design, cinema e outras artes. As imagens aqui reunidas fazem parte de um notável filme rodado durante a construção da obra e depois, com a simulação da sua absorção pelo bosque envolvente. Lembram também o bom resultado de uma estrutura que nasce condenada ao abandono, ou mesmo ao próprio desmantelamento depois de décadas de presença fantasmática, tal como acontece ao longo de séculos em relação a grandes e médias cidades de facto, lugares cuja eternidade é mera ilusão mítica.
No interior do espaço actualmente muito visitado, entre memórias e ruínas simuladas, foram assim construídos «os sete palácios celestiais, as famosas torres de cimento e ferro, em blocos, em fingidas derrocadas, num longo passeio de enganos perceptivos ou vividos, futurismo, conceptualização dos grandes dilúvios e grandes ruínas após terramotos e fugas humanas indistintas. Esta montagem é, por assim dizer, o cartão de visitas, da área referida, multicultural, onde se respira um ambiente de criatividade e de vanguarda.
Anselm Kiefer foi entrevistado para o filme sobre a obra e sobre o seu pensamento acerca da Arte e do Homem. Kiefer falou sobre uma espécie de teoria da incerteza, sublinhando que a expectativa do envelhecimento da imitação das ruínas e da própria rusticidade do seu precário equilíbrio envolve o destino do Homem. Perguntado que esperança ou dúvida isso poderia traduzir, o escultor disse que a Arte não abre certezas mas caminhos de incerteza e descoberta do real na constante estranheza dele. Anotou que o Universo está longe de ser abarcado pela Ciência. A própria ideia do Big Bang obriga à pergunta sobre o que havia antes dele e o avanço de teorias sobre vários acontecimentos semelhantes, sobre a próxima contracção das galáxias -- nada evidente, nada seguro. Nós, humanos pocuramos uma certa espiritualidade que ninguém sabe verdadeiramente o que é. Humanos que há milénios constroem tecnologias para o bem e logo as apontam para o mal: o humano criando assim a desumanidade, guerras longas, a incerteza perante a vida e a morte. A Arte experimenta o trabalho do espaço e do tempo. A morte está em tudo, para sempre.