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quinta-feira, agosto 14, 2008

SILVES: FEIRA MEDIEVAL OU A ILUSÃO CÉNICA

OS ESPELHOS MÁGICOS

A Feira Medieval de Silves é uma tradição recente. Uma cenografia mágica, com espelhos milagrosos e milhares de bugigangas que não servem para nada mas que, na sua anarquia de multidão, se espetam nos nossos olhos e tornam-se estranhos sucedâneos dos nossos desejos. A população, sobretudo jovem, veste os trajes da época, por vezes cortejando as almas do clima, circulando em marchas dançantes, acompanhado a célebre dança do ventre, olhando de longe as lutas dos cavaleiros,--combates de lança e a cavalo, combates rancorosos a pé, com grandes espadas cerimoniais. A rainha não sei donde vem ao largo das memórias poéticas e navega brevemente no rio engalanado. Este ano imaginou-se o tempo do domínio árabe e a conquista da cidade por D. Sancho I, apoiado numa armada de Cruzados. Mas tudo se reduz ao mesmo do ano passado, a Idade Média são fantasmas de várias épocas, enquanto nas barracas sem idade e luzes bruxeliantes, instalam-se marroquinos, ciganos, espanhóis e até lordes ingleses, louros, com mulheres e filhos, estilo baile de máscaras, a vender candeias de lata e colares de vidrinhos. É uma boa brincadeira, cercada de grandes espaços toscos, onde se comem leitões e as mais esquisitas iguarias Essas sim, lembram mais de perto a Idade Média. Sem querer ser desmancha prazeres, acho que era mais honesto chamar ao ecento apenas Feira de Outros Tempos. Ficava tudo mais integrado, sem medo dos erros históricos e sem as joalharias de lata e vidro em barracas de lona vanguardista. Em paralelo podia fazer-se história, lembrar acções dos séculos XI, ou XIII, ou mesmo XIV.





Um comentário:

M. disse...

"Em paralelo podia fazer-se história, lembrar acções dos séculos XI, ou XIII, ou mesmo XIV." Pois, mas isto daria mais trabalho... O título do post diz muito.