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quarta-feira, novembro 26, 2008

RESGATE DE UMA PINTURA DOS ANOS 70


Como já se percebeu desde o início, a minha obra, nas várias disciplinas aqui citadas, nunca foi ordenada por arquivos, códigos identificadores, acervo de artista. Há séries tratadas e estudadas, mas há também centenas de obras plásticas dispersas pelo país e pelo estrangeiro, sobretudo vendidas através de galerias, cujas propriedades não se encontram catalogadas, nem a indicação de qual foi o comprador, além de minúcias técnicas por vezes muito importantes. Certas pessoas que têm estudado a minha produção como printor desde os anos 60, conversando comigo, ofereceram-me reproduções de peças cujo rasto eu perdera (embora me lembrasse da sua forma), facto este que, além de insólito, se ficou com frequência a dever a teses de mestrado e de doutoramento. Dirão os que lerem estas notas que esta indisciplina é inaceitável, seja qual for o verdadeiro valor das obras. Mas ao certo, o meu projecto não era do de tornar pública uma carreira, ter confiança em tudo o que fizesse: se figuro nos dicionários da pintura portuguesa é porque alguém cumpriu o seu dever. Por mim, seria difícil andar esgaravatando o meio, as influências, entre galerias e editoras, a fim de edificar um edifício pluridisciplinar que acabou por estar suspenso por aí.
Esta peça fazia parte de um conjunto trenário, em acrílica, e decorria de uma outra série inspirada nos desastres rodoviários e outros. Toda a minha obra plástica, ou grande parte dela, releva (ou ainda releva) da conturbação do mundo, espaços estilhaçados, desastres principais, como sempre achei por bem nomeá-los. A par de outros, com a mesma orientação, mas conotados com outras catástrofes, as interiores, as da condição humana. Talvez este blog, até ao seu termo, possa delinear um percurso multidisciplinar e assinalar notícias (sem cronologia) de muitas obras, de uma diversidade de projectos consertados em torno destes polos de coerência.

Um comentário:

jawaa disse...

Os blogs cumprindo a sua missão valorosa. Os edifícios, se bem cosnstruídos, do material ao design, não se esboroam, antes permanecem, fazem escola.