Faleceu hoje, a 7 de JAN de 2012, o pintor e designer José Cãndido, figura de importante perfil nas artes plásticas e no design de comunicação, área em que desenvolveu um trabalho notável, em simbiose com o desenho e a fotografia, não apenas na prática profissional como no âmbito pedagógico, ao assumir a cadeira nuclear da licenciatura em design na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. José Cândido era sobretudo um operador de grande domínio gráfico e de clara inclinação, além da pintura, para o domínio que ajudou a implantar no nosso país (colaborando na reforma artística de 76/79) e onde desenvolveu soluções inovadoras. Combateu, com Rogério Ribeiro, Luis Filipe de Abreu e o autor deste blogue, entre outros, pelo desenvolvimento e actualização do Ensino Superior Artístico, em particular na área do design de comunicação e na sua implementação em Portugal partindo da base «nula» em que nos encontrávamos, mesmo depois do 25 de Abril e contra sucessivos governos em que, nos próprios departamentos do Ministério da Educação, se desconhecia tudo sobre esta disciplina do conhecimento e se combatia mesmo a formação a nível superior de designers, como já acontecera há muito por toda a Europa.
José Cândido abriu, com Rogério Ribeiro, o caminho a um Instituto do Design no país e procurou estudar as questões ligadas ao design e a diversos níveis de formação ou de relação técnica, científica e artística com problemáticas afins. Foi das primeiras pessoas a denunciar os preconceitos que as próprias Escolas de Arte cultivavam, na esteira de uma caduca concepção sobre a natureza da arte, alimentada até longe no século XX (entre nós) e só desfeita com alguns institutos privados e a criação de Faculdades de Belas Artes em Universidades de Lisboa e do Porto, nas quais se articularam licenciaturas do domínio das artes plásticas com as ligadas às disciplinas de índole artístico e científico do design.
Interrogado por Victor de Almeida acerca destas questões considerou fecunda a relação do design com a pintura e a escultura, sobretudo pela metodologia. «O design - disse - tem uma filosofia muito própria. Aliás a minha definição de design passa por ser ele como que a filosofia no projecto. Vem da tomada de consciência até ao utilizador». A consciência do espaço e dos seus objectos. A sabedoria de os projectar adequadamente e de os utilizar de forma idêntica, com propriedade.
José Cândido desenvolveu mais as suas capacidades gráficas, pela escrita do desenho e pelo projecto de design do que o trabalho da sua formação inicial, na pintura. Mas a a sua pintura, ultimamente, tinha vindo a crescer, a renascer, associando em si diversos modos de formar, à luz da cultura contemporânea.
Interrogado por Victor de Almeida acerca destas questões considerou fecunda a relação do design com a pintura e a escultura, sobretudo pela metodologia. «O design - disse - tem uma filosofia muito própria. Aliás a minha definição de design passa por ser ele como que a filosofia no projecto. Vem da tomada de consciência até ao utilizador». A consciência do espaço e dos seus objectos. A sabedoria de os projectar adequadamente e de os utilizar de forma idêntica, com propriedade.
José Cândido desenvolveu mais as suas capacidades gráficas, pela escrita do desenho e pelo projecto de design do que o trabalho da sua formação inicial, na pintura. Mas a a sua pintura, ultimamente, tinha vindo a crescer, a renascer, associando em si diversos modos de formar, à luz da cultura contemporânea.
Além do mais, José Cândido era um espírito aberto e tolerante, colega leal e pessoa serena, de bom humor. Nunca me senti iludido pela sua amizade.
5 comentários:
Depois do dia de ontem onde prestei mais uma, não a ultima homenagem ( pois todos os dias tenho a possibilidade de lha prestar sempre que olho para as paredes lá de casa...) a um artista infelizmente pouco conhececido do grande publico, fico mais animado com esta singela homenagem que vejo de mais um dos seus muitos amigos... ATE SEMPRE ZÉ!!!!
Obrigada por este apontamento. Conheci 'vagamente' o José Cândido há muitos anos e é bom saber que ele foi retratado aqui desta forma.
Deixo aqui a minha homenagem tardia mas sincera a José Cândido. Chamo-me Rui de Carvalho e sou o jovem médico que o acompanhou de muito perto na fase final da sua doença, enquanto esteve internado no Hospital de Egas Moniz. Devo dizer que nenhum outro doente me marcou tanto. Era com redobrado apreço que diariamente ia junto do seu leito para mais uma agradável conversa. Relembro-o como uma pessoa afável, bondosa, de discurso cuidado e muito interessante. Tinha sempre uma história nova de vida para contar. E no final do dia lá ia eu mais uma vez ver se ele precisava de mais alguma coisa. E ali ficava mais uns largos minutos, sem pressa de ir embora. Acabo de chegar a casa de mais uma noite de Jazz. Paixão recente que devo a este Homem. Ofereceu-me inclusive um livro sobre a história do Jazz (entre outras coisas, que guardo com muita estima) quando me visitou dias depois. E foi por me ter recordado dele (e até ter comentado esse facto com outra pessoa)que decidi vir procurá-lo na internet. E encontrei esta triste notícia...De facto, dei o meu melhor (juntamente com a restante equipa)para atrasar a progressão da doença. Mas há coisas que realmente não se podem combater...
E comigo segue agora para sempre uma parte deste Homem.
Recordo sobretudo o seu magnífico trabalho como designer de capas de livros da Bertrand e como isso influenciou a minha vida profissional. Aqui deixo a minha homenagem ao Mestre José Candido.
7..45 dia 3 de julho de 2023. Relembro o artista mas sobretudo o professor. Os alunos, infelizmente, não tem a consciência das competências dos mestres. Seja porque estes usualmente não manifestam o seu poder artístico na sala de aula , seja porque os alunos não tem ainda a capacidade de 'ver'. E lá esta: José Cândido convidou me a trabalhar no atelier dele e recusei. A justificação estúpida da minha parte deve ter sido QQ coisa como ...prefiro levar a vida de estudante 'indigente'. Acabado o curso parti para a aventura nua de professor no interior de um país ainda profundamente atrasado . Arrependi me muitos anos mais tarde, mas era tarde demais.
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