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terça-feira, janeiro 16, 2007

DOIS FRAGMENTOS SOBRE A DOR ANUNCIADA













Estes dois pomenores da pintura que se pode observar aqui em baixo são um modo de ver a verdade da matéria e a sua autonomia, grito a grito. Este espectáculo tanto se pode relacionar com um desastre benigno da Apolo sobre as planícies americanas como, certamente bem melhor, a premonição de uma batalha explodindo nas areias do Iraque. A arte mente para dizer a verdade e é por isso que está sempre em vários tempos simultaneamente. Tempos, lugares,
a desarrumação arrumada do caos que é a oficina de muitos pintores: aqui em baixo, bancada com latas de tinta e pincéis secando. A dor anunciada é um fingimento -- como o fingidor da própria dor -- e dá-nos espaço para algumas escolhas com fundamento. A pintura, assim e quando parece terminada, regista o ritual sumptuoso de uma missa sem língua. Infelizmente, para muitos dos nossos contemporâneos, optar é esquecer.

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