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domingo, fevereiro 25, 2007

OLHAR E FECUNDAR


pinturas digitais de rocha de sousa
Esta breve incursão nos meus ensaios de desenho e pintura com meios digitais e fixação por impressora pretende apenas dar a ver, entre outros espaços de criação, uma forma plástica que, apesar de não perder a identidade da forma que pratico, releva contudo da compreensão mais despojada quer dos meios quer do discurso. Evocando a construção do desenho animado, a primeira imagem, em cima, sugere um personagem vagamente naif, habitante corrente da rua, a contemplar um objecto absurdo, suspenso sobre a sua cabeça, ou vogando, observador, sobre quem o fixa em jeito de surpresa.
A imagem situada em baixo, fazendo concordância formal e cromática com a anterior, parece a metamorfose irrecusável da outra que descia e se requalifica absorvendo o pequeno personagem espantado. Agora ´poderemos imaginar uma entidade híbrida, um corpo de dois blocos inchados em ariculação no espaço, ser indizível e que, em princípio, suscitará algum respeito pela sua estranheza.
Esta abordagem às duas pinturas não é um entendimento científico, que parta das estruturas básicas, cromáticas, além de seres vagamente humanóides em apelo transformista, a par de um trabalho mais gráfico do que pictórico, a lembrar o desenho animado ou a banda desenhada. Se essas coordenadas se podem convocar, desta ou de outra maneira, a verdade é que todo o espaço da nossa experiência pessoal, criativa, diante de propostas tão abertas quanto estas, fica de facto livre, no limite de um imaginário sempre rico.Na mais extrema das metáforas, resta-nos a liberdade para dizer que ollhar também fecunda. A metamofose final é, porventura, o resultado de uma simbiose fecundante, biologicamente pomposa.

2 comentários:

AnaGarrett disse...

Obrigada pela visita.
Gosto imenso dos trabalhos que aqui nos mostra.

E tem toda a razão.
O olhar também fecunda.
Aprendemos muito com o trabalho dos outros.

Beijinho.

miruii disse...

Lá que pode ser, pode, mas é tudo invenção.
Do primeiro gosto, tem pinta de gente a olhar para o que cai do céu, agora o outro... bem, pode ser tudo. Coitado do pequeno se foi assim trasvertido...!

Uma picada