sábado, abril 28, 2007
ENSAIO SOBRE UMA TORRE DESTROÇADA
terça-feira, abril 24, 2007
PINTURAS REVISITADAS | anos 90
O HOMEM INVISÍVEL
Este série, colada à
dos «personagens ilustrados»,
parece ainda relacionada
com a chamada
«pintura ilustrativa».
É uma tese pouco defensável,
pois a representação
de coisas reconhecíveis
não as faz conexas.
O maneqim de alfaiate
está despido
e as roupas deslizam
para o imponderável.
Magritte podia ser
chamado a depor
Do alfaiate
e das fardas que ele
também tenha cortado,
o espírito da
representação implica
a memória da guerra
e dos fatos de ligaduras.
Mas a roupa ganha
anatomia humana
e sai de cena
sem contar
toda a história.
Fica a pintura.
PINTURAS REVISITADAS | anos 70 a 90
domingo, abril 22, 2007
AS APRENDIZAGENS DA CÂMARA CLARA
O que poderia parecer uma pintura abstracta, readquire o nosso reconhecimento pela cor e pela configuração das flores, nomedamenteO realismo desta fotografia a preto-e-branco poderá resolver-se perceptualmente através do reconhecimento : as terras. as madeiras, algum pormenor de vida vegetal. Isso só não acontece tanto assim porque o enquadramento abstractizou as matérias e as formas, sugerindo uma pintura abstracta fotografada neste tipo de registo.
A fotografia a preto-e-branco conserva ainda toda a sua reserva de realismo e por vezes sugere melhor, psicologicamente, uma certa densidade cromática do que a cor local. No caso aqui presente, em dois breves apontamentos, essa qualidade desfaz-se em função do fim expressivo: a sobreexposição confere à luz uma espécie de condição temática e até, sobretudo nos recursos da solarização, a aparência do desenho (como se pode observar aqui).
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recolhas e tratamento de Rocha de Sousa
DUAS PAISAGENS NUM SÓ REGISTO
quinta-feira, abril 19, 2007
AS CEGONHAS VIERAM E FICARAM
quarta-feira, abril 18, 2007
RESTOS DO VELHO PANO DE BOCA
Foi há meses concluído o restauro do antigo Teatro Mascarenhas Gregório, em Silves, espaço preciso, memória de novo viva das companhias que vinham de Lisboa representar nesta sala, a qual acabou por ser utilizada para vários fins, nomeadamente para o cinema. O pano de boca era uma cortina pintada pelo mestre Samora Barros, homem que dedicou uma vida ao ensino, à pintura e (esporadicamente) ao teatro, onde se revelou um encenador de grande intuição plástica, de acordo com os tempos e a direcção dos personagens no palco. Esta fotografia é apenas memória de uma simulação intercalar, enquanto a sala esteve ocupada pela Filarmónica, e que se degradou até ao último préstimo, no tempo em que também aqui funcionou uma companhia local de teatro amador.A história dos lugares e das terras faz-se igualmente com estes dados, entre sonhos e transformações irrecusáveis
terça-feira, abril 17, 2007
A LENTA MORTE DO RIO DA MINHA TERRA
fotos de Rocha de Sousa
O rio que contorna a cidade onde nasci, no sul, começa a dar sinais de extinção, numa lenta morte, cada vez mais seco, e parece anunciar desse jeito certos desastres ambientais para daqui a algumas dezenas ou centenas de séculos. Por essa altura, ou depois, já terá acontecido o limiar do desaparecimento da maior parte das formas de vida que nos têm sido contemporâneas. É talvez o sinal da passagem de muitas das forças mortais que o homem tem ajudado a desencadear e que poderão iniciar desertificações impensáveis, contra o sonho de um mundo pgrogressivamente mais harmonioso, suspenso do equilíbrio dos haveres e de um projecto de civilização com objectivos menos expansionistas, mais territorial do que urbana, mais conunitária do que massificada.Os pequenos barcos de modestos pescadores, num rio sempre cheio e fecundo, outrora, são hoje embarcações rasuradas, de recreio, âncoras cravadas na lama ou nas velhas argolas do cais. A perda de salubridade acompanha este processo, é cada vez maior e já não há meninos tomando banho sob os arcos da ponte medieval que serviu, durante séculos, o trato da passagem dos vendedores de diversos produtos arrancados à Natureza, vegetais, frutos, alimentos produzidos em fornos, além de animais, sementes, mezinhas, povo camponês sempre atrás de carroças pesadas e no ritmo de canções feitas pelo aviso lento dos passos.Acabaram os barcos à vela, velas quadradas, ou as barcaças que recolhiam toneladas de fardos de cortiça em aparas, o peixe chegando ao cais de pedra e colunas de ferro. Tudo o que muda, pela vontade dos deuses e dos homens, vem com o rótulo de crescimento e desenvolvimento. Mas o homem tem feito crescer o mundo em redor, mascarado de progresso, enquanto o desenvolvimento não passa de uma miragem. Qualquer lâmina que fira o verniz do progresso, solta um pús que é a matéria perene da barbárie. Vejo entretanto as pedras roladas do rio em vias de secar a montante, ilusoriamente ressuscitado nas invernias, e as pedras roladas rolando a cada maré, rolando em maior quantidade e devagar, para sul e para ocidente. Apercebendo-se do aquecimento dos ares, e de outras condições de vida que lhes são específicas, as cegonhas não migraram este ano: têm agora o seu habitat permanente nas altas chaminés das fábricas corticeiras abandonadas há décadas. As gaivotas voam suavemente sobre as nossas cabeças, na labuta equilibrada da procriação e da quantidade certa dos haveres. Os homens deixaram de perceber esta forma de estar no mundo, entre terras onduladas, territórios justamente enriquecidos, ligando as gentes através dos rios e dos oceanos.
domingo, abril 15, 2007
DO SOL E DA CIDADE ANTIGAMENTE
fotografias de Rocha de Sousa |
Digamos que acabo de chegar à cidade vindo de ocidente:uma das primeiras construções com que me deparo tem talvez cem anos apenas e servia de passagem para um «lagar» onde se fazia a transformação definitiva do azeite. Chego ao fim da tarde, com esta luz dourada, dificilmente traduzível por meios básicos de registo. Do outro lado, a luz comporta uma temperatura idêntica, atravessando a arquitectura da passagem. Depois divago pelas ruas da baixa, não estou no burgo histórico propriamente dito, e vou, rua após rua, procurando, em arco- para-a-esquerda, o caminho que me levará a casa. Este contraste pouco tempo depois, mostra-nos indirectamente a luz quente na cor mas suave enquanto entardecer.
sexta-feira, abril 13, 2007
ALGARVE: UNS DIAS AQUI SOPRANDO NUVENS
Vim até ao Algarve, onde posso acolher-me à velha casa onde viveram os meus pais, e aspirar a atmosfera limpa desta pequena cidade do interior (Silves), lugar da história, do rio Arade e dos pomares, antiga capital da indústria transformadora da cortiça. Como cidadão do mundo, refém das rotinas que nos determinam, trouxe a internet e posso, como habitualmente, receber contactos e as vozes que por vezes amavelmente me visitam. O céu ainda estava assim quando cheguei, mas hoje parece ter começado o verão. Bons dias para todos.
domingo, abril 01, 2007
UMA SEDE DE OLHAR E VER, PARA CRIAR
fotografias de Rocha de Sousa