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sábado, abril 28, 2007

ENSAIO SOBRE UMA TORRE DESTROÇADA




fotografias e pesquisa de Rocha de Sousa
Talvez este pequeno ensaio fotográfico sobre um conjunto de destroços de uma torre de para cabos de alta tensão pareça a alguns visitantes um jogo meio de engenharia, pouco estimulante, mesmo se vos falarmos de uma arte próxima desta desconstrução baseada no que já foram construções lógicas, proporcionais à função: e essa outra arte de que poderemos efectivamente falar é a arquitectura. Muitos de nós daríamos prioridade à escultura, dada a semelhança entre as longarinas de metal, o ar de instalação aleatória, a sua inserção ocasional na paisagem. A verdade é que também isso se aproxima de conceitos arquitectónicos, aqui expressos nos elementos diferentes e semelhantes disponíveis para um trabalho criador, reconstrutivo, capaz de se harmonizar com a forma humana e os seus estados de sobrevivência. Por outro lado, não nos podemos esquecer que a fotografia se relaciona desde há muito com a pintura e é de pintura que podemos também falar segundo diversas perspectivas de aproximação aos ferros, hastes musicalmente dispostas no espaço, à partida, em baixo, com uso muito denso da cor, quer para distinguir o organismo da terra dos elementos imaginados por uma certa tecnologia e forma de pensamento, quer para indiciar o mundo moderno, os seus desastres e as suas ludicidades. Tanto a pintura como a escultura dispõem aqui de um vasto leque de elementos de construção bi e tridimensional, quer numa linha tradicional, até naturalista, quer na acentuação dos contrastes e da inovação cromática relativamente à neutralidade inicial das estruturas.

Um comentário:

naturalissima disse...

Concordando naquilo que diz a respeito deste "Ensaio", muito do que se vê, se sente, e conseguimos extrair das imagens, é sem dúvida o seu olhar, o seu registo fotografico,... a composição opcional que captou das estruturas metálicas e, da forma como fez em espaço aparentemente limitado, ou por outra de dificil acesso.

Gostei muito destes registos destroçados em terra de homens.

Um beijinho
Daniela