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domingo, julho 01, 2007

ENSAIO GRÁFICO MANUAL E DIGITAL


Estes ensaios, cujo efeito plástico é primordial, deixam contudo intuir, na vertigem gráfica do desenho, figuras porventura sentadas à beira de um qualquer caminho. Mas não é o assunto, nem sequer o tema, que determinam a qualidade plástica de um desenho. Antes de ele ser uma história ou uma forma inteligível, fiel à percepção, o objecto plástico determina-se como coisa em si, uma aparência autónoma, um valor estético e poético, uma realidade independente que está para além do visível e áquem do visível. Isso acontece justamente nestes três apontamentos que nasceram de um grafismo a lápis, tendo sido depois tratados com pequenos apotamentos de tinta, e em eguida transformados (conservando a estrutura) em material expressivo diferenciado na cor, no efeito de negativo, tudo isso sem a ponte para a objectividade mas para uma dimensão desligada da opacidade do real, flutuando pelos meios, mais ou menos livres, coláveis, pelo peso, a qualquer aparência que lhes esteja próxima -- o muro, por exemplo, a parede, o fundo de um equipamento doméstico multiusos, do livro à revista, dos arquivos aos aparelhos de comunicação audio-visual. Para que isso aconteça, os ensaios que abriram aqui três linhas expressivas têm que transferir-se para um suporte mais adequado, acedendo a uma escala contextualizável no lugar/habitat.




4 comentários:

Miguel Baganha disse...

Concordo em absoluto, João:
Não é de todo, o tema, ou a textura duma côr saturada e pastosa, que determinam a qualidade plástica de um desenho.Pois é certo, que ele já possui uma plástica e um carácter muito próprios na sua origem, absolutamente "autónomo", (como menciona na sua auto-análise) idependentemente da côr e textura que o artista lhe acrescente ou dos simbolismos que a percepção humana confere á posteriori.E este seu desenho, desenvolvido sequencialmente(respeitando a estrutura), bem o prova...e explica ainda melhor.

A sabedoria oriental, advoga que : « Uma imagem vale mais que mil palavras»...eu penso, tratar-se duma evidência incontornável.
Contudo, como em tudo na vida, é dever do ser-humano imprimir um carácter dinâmico para não cairmos no estaticismo doentio, próprio de quem se convence que é impossível melhorar.

João, atrevo-me a dizer que a sua obra: reflecte a teimosia saudável que há em si, que persiste em melhorar, criando grafismos digitais a partir dum esboço manual.é sem dúvida, um caminho admirável, que eu tanto desejo ter, na tentativa de destruir comportamentos estanques, que morrem na razoabilidade e limitam a inteligência.

É um prazer e orgulho em usufruir pessoalmente da sua eloquência plástica e literária, meu bom amigo...espero que um dia o consagrem como O artista de "valores estético/poéticos,O
artista que vislumbra uma realidade independente, que está para além do visível e áquem do visível".

Um abraço de admiração,

Miguelimpregnado-deneblina-nortenha

naturalissima disse...

Tionosso

O Miguel já disse tudo com muita propriedade e sentido.

Resta-me continuar a admirar a sua obra literária e como artista plástico.

Tem aqui 3 belas peças.
Admiro as suas formas, os seus movimentos e a força transmitida também pelos tons color, em ritmos muito próprios do artista que compõe estas musicalidades.

fiquei com vonatde de fazer muitos iguais... ;-) hehhehehe

beijinhos
sobrinhasua

jawaa disse...

Parecem-me figuras, mas nem sequer sentadas. Olho e vejo dois quadros belíssimos que não me importaria que figurassem no meu habitat...
Parabéns.

fernanda disse...

Pois...
Confesso que o que me interessa sobretudo, não tem nada a ver com a história, o tema. Qualquer que seja o princípio, para mim o mais importante é a conjugação dos elementos que formam o desenho e a pintura, o seu diálogo, por vezes em gritos.
Mas é muito interessante ver a reacção dos observadores, quase sempre construindo uma história no que vêem.
Belo trabalho o seu.
http://www.cometasyestrelas.blogspot.com