Coforme se afirma no título, estes ensaios correspondem ao espírito e à procura da orientação dos trabalhos publicados a seguir, embora nos casos seguintes foram usadas fotos no primeiro suporte
quinta-feira, janeiro 17, 2008
terça-feira, janeiro 15, 2008
MEMÓRIA DE ANTIGAS EXPERIÊNCIAS
Ver é compreender. Trata-se de uma viagem aparentemente maquinal, suportada pelo olhar, mas é uma viagem transcendente que começa de facto na percepção comum, a cada instante determinada por graus de interacção neuronal, projectando sinais daí resultantes e entrosados na densa cadeia das nossas memórias. É uma luz também, realidade incomparável que nos impele a aceder ao visível na imensa variedade das suas aparências, das suas proximidades e das suas distâncias, das suas expressões e da sua constante metamorfose. E assim se determina a nossa própria identidade, novelo de mil evoluções, da qual fazem parte importantes valores complementares de natureza artística, quer através de muitos apoios sensoriais, um pulsar no suporte cognitivo ao nível da mente e da consciência alargada, quer, por outro lado, no próprio mundo dos sonhos, enlace de forças que vêm ancorar na muralha do nosso retrato, entre comportamentos psicológicos, escolhas da inteligência, o fio do imaginário pujante pairando acima de todas as coisas. Afirmamo-nos, de longe ou de perto, através de um sistema capaz de constantes superações da aparência do real, apesar da sua frágil efabulação, entre os mais diversos apelos, da mentira à verdade.
Laboriosamente (ou de imediato) poderíamos aplicar estes dados, consoante o método, às duas pinturas digitais aqui propostas. Começando pelos elementos estruturais do campo, as medianas e as diagonais. Em ambos os casos tais traçados ordenadores se manifestam, conduzindo (em cima) uma espécie de dialéctica que ensaia a descodificação do espectáculo, revelando como ele se sustenta num suporte geométrico estático, de linhas verticais, agitando-se na parte superor da composição por linhas oblíquas relevadas do sentido das diagonais. Esta dicotomia «divide» a pintura em dois tipos de pulsação -- lento e estável em baixo, convulsivo em cima. Prosseguindo a ideia de um mero exercício antigo (a despeito das matérias e das formas), vemos na pintura de baixo a aplicação, tão geometrizada como explosiva, do princípio das diagonais. A primeira leitura aponta-nos para uma expansão em leque. Poderíamos apliacar-lhe o nome de Vórtice e desdobrar o nosso entendimeno deste espaço. Não é plausível que a mobilidade destes elementos rectilíneos se faça de trás do campo para a frente, numa intensa dinâmica apontada a um ponto indeterminado ao fundo?
expansão ou afunilamento, imagem do espaço atravessado
por reflexos cósmicos
quinta-feira, janeiro 03, 2008
O AMANHECER DE ANA WENCROFT
Esta rapariga, de origem holandesa, frequentou a Faculdade de Belas-Artes de Lisboa, ao abrigo do programa Erasmos, e acabou por ficar em Portugal. Estas imagens pertencem a um filme realizado pelo autor desTe blogue em torno de uma manhã de trabalho da artista numa grande sala de aulas cheia de cavaletes desocupados. Uma prova sensível da relação poética e expressiva entre linguagens. Esta pequena homenagem ao trabalho da pintora Ana Wencroft, se despojada de referências directas à pintura, a que faremos oportunamente referência, decorre da natureza da peça vídeo e do seu tipo de montagem. Apesar disso, a notícia envolve uma expressão pessoal e a fotogenia de Ana é a que cuidadosamente se captou do filme
do filme
O AMANHECER DE ANA WENCROFT
quarta-feira, janeiro 02, 2008
LÍRICA DO DESASSOSSEGO
fotogramas do filme
LÍRICA DO DESASSOSSEGO
Uma rapariga entra na cave de uma velha casa de província, lugar assoalhado e sobrecarregado de coisas antigas, montes de fotografias, memória e memórias de família, entre restos sem rosto, cheirando a pó. Ela manipula todo aquele património, revendo porventura retratos dos avôs, tios e primos, além de pormenores das maquinarias do mundo. Nesse enlevo delicado e lento, a rapariga é assombrada pela brusca emergência de uma grossa corda, suspense cinematográfico, algo que sobe e se desdobra, sinuosamente se multiplica, arrastando um pedaço de renda e contornando a personagem. Daí em diante, tudo acontece como um ataque visceral daquela «serpente» acastanhada à moça loura que se deixa arrastar pelo chão, procurando num paroxismo orgíaco, libertar-se dos sucessivos enrolamentos, as próprias mãos submersas num enleio de cordas mais estreitas, tudo absorvente, catártico e terminal.
fotogramas do filme rocha de sousa
Os problemas levantados por este género de cinematografia podem reflectir-se na fotografia, nas artes plásticas, embora decorram, muitas vezes, do cruzamento de memórias urbanas, de imagens características do surrealismo ou do fantástico, beneficiando, com o factor suspense, a entrega do espectador. O instante em que a corda emerge de um buraco negro, subitamente aberto entre as fotografias familiares e outras, aponta para os temores que nos acompanham desde a infância, o medo dos aparecimentos repentinos, o salto de um réptil das rachas no chão, a conexão desse «assalto» com a aproximação da violêmcia orgânica, terrores da sexualidade distorcida, sequelas de uma vida mal iniciada no prazer de coisas ainda estranhas, bichos, homens, animais das histórias, a fantasias.
terça-feira, janeiro 01, 2008
PERSONAGENS INOMINÁVEIS
ENQUANTO OS CONCEITOS SE APURAVAM
de uma obra actual comportando
sinais do léxico desta produção em geral
saída e entrada na composição: o centro como tema
concentrado e desconcentração
a explosão da nudez
Há momentos ou tempos de sequência em que o espírito se fragmenta e a capacidade de decidir sofre diversas oscilações no rumo criativo até aí seguido. Enquanto a organização acima do texto se define na concepção das estruturas, modelação por justaposição de formas ou cores, em baixo, nas peças cuja semelhança acontece apenas no interior de um certo fazer, os problemas, já enfrentados, estão ainda fora do conceito aglutinador, vivem dispersando-se para fora do espaço, ou quase, apontam por vezes o movimento de retorno, espreitando ou entrado para o interior do quadro.
cesta em queda
PASSOS INICIAIS: COISAS ESCOLARES
Se não houver uma aproximação analítica, técnica e crítica, por comparação com obras recentes do autor, será difícil perceber que o manejo dos instrumentos e das tintas (a despeito de uma considerável objectividade da representação) têm marcas bem semelhantes a algumas peças recentes já mostradas: um modelado que se fracciona, que se funcionaliza em ordem à cintilação das manchas, essa remota semelhança com a fractura, com a dobra, com a construção que subentende a própria desconstrução. Por mais estranho que pareça, deste trabalho, dedicado às favelas do Rio e à peça Gimba, de Maria Dela Costa, sairam muitas das semi-abstracções e tratamento de recorte ou quebra surgidas nos anos 80.
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