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segunda-feira, janeiro 08, 2007

OS MUROS DO NOSSO CONSTRANGIMENTO

fotos de Rocha de Sousa

Nas traseiras do bairro onde eu vivo, há recantos de velhas casas e velhos quintais de muros rasurados, a cal perdida, musgos crescendo, recantos e lugares mortos assim, com lixo, onde a alegria das crianças pobres se expressa em paradoxo, sem entraves.


Os velhos bairros das velhas e grandes cidades, chamados núcleos históricos, refazem-se como podem e deixam-se envolver por quintais sujos, muros e musgo. Depois, muito mais tarde, outros bairros surgem, dirigidos segundo os pontos cardeais: como as «avenidas novas», talvez, habitadas por diferentes estratos sociais, incluindo certa burguesia derivada de aristocracias decadentes. Mais tarde ainda, no devir das migrações, os bairros históricos e os outros, carregadinhos de carros e acácias, deixam-se envolver por alojamentos desordenados, cinturas urbanas imensas, mal construídas, argamassa falsificada e cheia de humidade, janelinhas suspensas para fingir a área que o interior não apresenta Os muros do nosso constrangimento, assim, ainda mais se repetem pelos acasos das «vilas», estereótipos de outros tempos, onde tudo sobra entre lixos, tascas sem nome, bicicletas ferrugentas, risos de crianças.

4 comentários:

Anônimo disse...
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Anônimo disse...
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Anônimo disse...
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Anônimo disse...

Será que tem mesmo de evoluir assim, embrulhado no lixo e na incúria, o riso das crianças?