III Exposição da Fundação C. Gulbenkian
(Artes Plásticas)
Ao longo de várias fases da minha obra plástica, por cada fase, por cade técnica, por cada vontade de expressão, nunca me afastei completamente dos estímulos à sensação e à intensidade expressiva. A literatura e o cinema fizeram parte da minha formação, antes mesmo de começar a aprendizagem do desenho e da pintura num curso superior, dirigido por bases de cunho histórico, teórico e estético. Ou seja: desde muito cedo dedicado à leitura e ao desenho narrativo, incluindo a banda desenhada, até pela sua ligação ao cinema que frequantava com assiduidade, depressa me senti obrigado, numa espécie e dever de consciência, a misturar discursos, simulando mesmo a própria fotografia ou a representação objectiva em contextos adversos. Isso acontece um pouco nos detalhes aqui publicados, pertencentes a pinturas dos chamados «Desastres Principais»: fragmentos do mundo e dos seres, a ficção do visível (pela forma plástica) condimentada tanto pelos frames do real cinéfilo como pela sua explicação linguística. O desencarceramento é apenas um sentido geral, a aproximação de um quotidiano fulminante.
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