Fui procurar cartazes colados desde há muito nas paredes: cartazes rasgados depois, diversos anos depois, fados sobre riquezas, os bancos a vender poupanças, letras brancas, indecifráveis, sobrepostas a paisagens de turismo, em muitos casos fundos negros a ressaltar corpos inflamados. Atirei tintas sobre os rasgões e uma nova imagem de fracturas e sobreposições surgiu na reprodução fotografica que fizera da fotografia original. Meu Deus, que fascínio, a pintura solarizara-se, tornara-se veemente, absurda e maravilhosamente desconexa. Agarrei então num pincel virtual (o próprio dedo) e juntei franjas, adoçei cortes, procurei que as dissonâncias funcionassem apenas como tal, mesmo que o valor artístico não passasse da primeira aprendizagem entre as anteriores. Guardo o resultado ainda pobre para sentir o trabalho dos dedos sujos numa experiência assim, com tintas verdadeiras. Esta verdade é a mentira que desbravou caminho para fingir uma nova verdade.
quarta-feira, agosto 15, 2007
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