foto-colagens de Rocha de Sousa
Nada está concluído no Universo e nada, muito menos, está terminado no mundo das linguagens de todos os tipos, da literatura, ao cinema ou às artes plásticas. Cada problema que se levanta no risco da nossa consciência e do nosso imaginário confronta-nos com equações muito complexas, a várias incógnitas. Este «Quarteto» tanto pode pertencer ao domíno do desenho, como ao da pintura e colagem, como ainda ao da fotografia. Um posto de apresentação como o que nos é dado em termos de «blog» não tem margem senão para sinalizarmos as questões e falar um pouco em torno delas. De pequenas dimensões, esta obra de quatro unidades é constituída por um espaço de negros, sobre os quais, ou dentro deles, no limite superior, pequenas coisas nos indicam existências pretéritas ou bases de uma passagem no falso horizonte: uma pegada na areia de cor quente, um perfil cortado de janela antiga, texturas de paredes degradadas, bocados de ferros e parafusos, paredes de navios, à escala, molduras de carros, fragmentos de fotografias em torno de tais percursos, arrumadas de uma forma assim, como quem espreita restos do mundo numa geminação meramente quantitativa. Trata-se de um engano: por muito que nos pareça possível, não há quantidade sem qualidade. Aqui, pelo jogo dos encontros e dos falsos contrastes, a qualidade toca a comoção do intangível, ainda que a parte de algo que nos ultrapassa escorra pela nossa pele com as últimas lágrimas.
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