Esta pintura de Rocha de Sousa, dos anos 70, corresponde a uma mistura latente de elementos orgânicos, numa fragmentação despojada de cor e exprimindo contorcionismo da sua emergência vertiginosa, algo que se desprende de cima e se deixa prender por estruturas geométricas, porventura ligadas ao espaço urbano, entre arrumações desajeitadas e cromaticamente envelhecidas, zebras publicitárias apodrecidas e reciclagem de tintas de fundo que o tempo ou as intempéries não pouparam. Tudo se arruma e desarruma, os pedaços de corpos transformados em roupa e panos brancos, que fingem anatomias algo fantasmáticas.
Aqui, a geometria tem afirmações mais gráficas e dinâmicas. Não há colorismo mas, na diferença, surgem, a preto e branco, lógicas orgânicas e planos descritivos, como se a pintura anterior se tivesse nivelado, sintetizado, enfim despojada de alguma permanência representativa agora mais rectilínea, a despeito de organismos menos ligados à matéria de qualquer chacina, tendo em conta o que possa persistir dessa realidade nos recortes aleatórios.
Um comentário:
Estou encantada, conhecia pouco das suas pinturas, lamento.
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